sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

academia de vampiros - beijo das sombras (capitulo 10)


DEZ
“COM LICENÇA, SR NAGY? EU NÃO POSSO realmente me concentrar com Lissa e Rose
passando bilhetinhos logo ali.”
Mia estava tentando distrair a atenção de si mesma – como também a sua incapacidade de
responder a pergunta do Sr. Nagy – e estava arruinando o que estava prometendo ser um bom
dia. Alguns dos rumores da raposa ainda circulavam, mas a maioria das pessoas queriam
conversar sobre Christian atacando Ralf. Eu ainda não havia absolvido Christian do incidente
com a raposa – eu tinha absoluta certeza que ele era psicopata o suficiente para ter feito
aquilo como um sinal doentio de afeição por Lissa – mas quaisquer que fossem seus motivos,
ele havia deslocado a atenção dela, assim como ele havia dito.
Sr. Nagy era lendário por sua habilidade de humilhar estudantes ao ler os bilhetes em voz alta,
se dirigindo a nós como um míssil. Ele agarrou o bilhete, e a classe excitada se ajeitou par uma
leitura completa. Eu engoli um gemido, tentando aparentar o mais impassível e indiferente
possível. Ao meu lado, Lissa parecia que queria morrer.
“Ora, ora,” ele disse, olhando o bilhete. “Se ao menos os estudantes escrevessem esse tanto
nos seus ensaios. Uma de vocês tem, consideravelmente, a escrita pior que a outra, portanto
me perdoem se eu ler alguma coisa errada aqui.” Ele limpou a garganta. “’Então, eu vi J ontem
à noite’ começa a pessoa com a escrita ruim, no qual a resposta é, ‘O quê aconteceu,’ seguidos
pelo mínimo de cinco sinais de interrogação. Compreensível, sendo que às vezes uma – quem
dirá quatro – não passa a mensagem necessária, eh?” A classe riu, e eu notei Mia me lançando
um sorriso especialmente malvado. “O primeiro locutor responde: ‘O quê você acha que
aconteceu? Nós ficamos em uma das salas vazias.’”
Sr. Nagy deu uma olhada de relance depois de escutar uns risinhos na sala. Seu sotaque
britânico só aumentava a hilaridade.
“Posso presumir por essa reação que o uso da palavra ‘ficar’ pertence à mais recente, digamos,
aplicação carnal do que o termo discreto que usávamos quando eu crescia?”
Mais risinhos abafados se seguiram. Endireitando-me, eu disse corajosamente, “Sim, senhor,
Sr. Nagy. Isso estaria correto, senhor.” Um grande número de pessoas riram de forma
abertamente.
“Obrigado pela confirmação, Srtª Hathaway. Agora, onde eu estava? Ah sim, a outra locutora
então pergunta, ‘Como é que foi?’ A resposta foi, ‘Bom,’ pontuado com uma carinha feliz para
confirmar o dito adjetivo. Bem. Eu suponho que o crédito é para o misterioso J, hmmm?
‘Então, tipo assim, até onde vocês foram?’ Uh, senhoritas,” Sr. Nagy disse, “Eu espero que isso
não ultrapasse a censura livre. ‘Não muito. Nós fomos pegos.’ E novamente, nos foi mostrado a
severidade da situação, dessa vez pelo uso de uma carinha infeliz. ‘O quê aconteceu?’ ‘Dimitri
apareceu. Ele expulsou Jesse e me deu um puta sermão.’"
A classe emudeceu, tanto por escutar o Sr. Nagy falar “puta sermão” e por finalmente saber os
nomes dos participantes.
“Por quê, Sr. Zeklos, você é o supracitado J? Aquele que conseguiu uma carinha feliz da
medíocre escritora?” O rosto de Jesse ficou vermelho-beterraba, mas ele não aparentou
inteiramente descontente por ter tido sua façanha conhecida por todos os seus amigos. Ele
havia mantido o que aconteceu em segredo até agora – incluindo a conversa sobre sangue –
porque eu suspeitava que Dimitri o tinha matado de susto. “Bem, por mais que eu aprecie uma
boa desgraça tanto quanto o próximo professor cujo tempo está sendo desperdiçado
completamente, lembre aos seus ‘amigos’ no futuro que aqui não é uma sala de bate-papo.”
Ele atirou o bilhete de volta à mesa de Lissa. “ Srtª Hathaway, parece que não há uma maneira
possível de puni-la sendo que você já está no limite máximo de penalidades por aqui. Por
conseguinte, você, Srtª Dragomir, vai cumprir duas detenções em vez de uma em nome de sua
amiga. Fique aqui quando o sinal tocar, por favor.”
Depois da aula, Jesse me encontrou, com uma aparência desconfortável em seu rosto. “Hey,
um, sobre o bilhete... você sabe eu não tive nada a ver com isto. Se Belikov descobrir sobre
isso... você diria a ele? Quero dizer, você diria a ele que eu não – “
“Yeah, yeah,” eu o interrompi. “Não se preocupe, você está a salvo.”
Ao meu lado, Lissa observou ele sair da sala. Pensando em como havia sido fácil para Dimitri
enxotá-lo – e a sua aparente covardia – eu não pude deixar de notar, “Sabe, de repente Jesse
não parece ser tão gostoso como pensei que fosse.”
Ela somente riu. “É melhor você ir. Eu tenho carteiras para lavar.”
Eu a deixei, me dirigindo para o meu dormitório. Enquanto o fazia, passei por um número de
estudantes reunidos em pequenos grupos do lado de fora do prédio. Eu os observei
saudosamente, desejando que eu tivesse tempo livre para socializar.
“Não, é verdade,” eu ouvi uma voz confiante dizer. Camille Conta. Bonita e popular, de uma
das mais prestigiosas famílias no clã Conta. Ela e Lissa haviam sido meio que amigas antes de
irmos embora, numa maneira desconfortável onde dois grandes poderosos ficam de olho um
no outro. “Eles, tipo, limpam banheiros ou algo do tipo.”
“Oh meu Deus,” a amiga dela disse. “Eu morreria se fosse Mia.”
Eu sorri. Aparentemente Jesse espalhou algumas das histórias que eu havia contado ontem à
noite. Infelizmente, o próximo pedaço de conversa que ouvi arruinou a minha vitória.
“– escutei que ainda estava viva. Tipo, se retorcendo na cama dela.”
“Eu não sei. Por quê matar em primeiro lugar?”
“Você acha que Ralf estava certo? Que ela e Rose fizeram isso para serem expulsas –“
Eles me viram e calaram a boca.
Olhando de cara feia, eu escapei pelo pátio. Ainda viva. Ainda viva.
Eu havia recusado a Lissa falar sobre as similaridades entre a raposa e o que havia acontecido
há dois anos atrás. Eu não queria acreditar que eles estavam conectados, e eu certamente não
queria que ela achasse isso também.
Mas eu não fui capaz de parar de pensar nesse incidente, não só porque era assustador, mas
porque isso realmente tinha me lembrado do que tinha acontecido no quarto dela.
Nós estávamos na floresta perto do campus numa noite, tendo matado a nossa última aula. Eu
havia trocado um par de lindas sandálias incrustada de pedrinhas da Abby Badica por uma
garrafa de schnapps* de pêssego – desesperado, sim, mas você fazia o que tinha de fazer em
Montana – no qual, de alguma forma, ela ficou segurando. Lissa havia balançando a cabeça em
desaprovação quando eu sugeri matar aula para pegarmos uma garrafa e pôr um fim na nossa
desgraça, mas ela veio de qualquer jeito. Como sempre.
Nós encontramos um velho pedaço de lenha para sentar perto imundo pântano verde. Uma
meia-lua lançava tênue luz prateada sobre nós, mas era mais que suficiente para vampiros e
meio-vampiros poderem enxergar. Passando a garrafa de lá para cá, eu a questionei sobre
Aaron. Ela confessou que os dois haviam feito sexo no fim-de-semana passado, e eu senti uma
explosão de ciúmes por ela ter sido a primeira a fazer sexo.
“Então, como é que é?”
Ela se encolheu e tomou outro gole. “Eu não sei. Não foi nada.”
“O quê você quer dizer com não foi nada? A terra não tremeu ou os planetas se alinharam ou
qualquer coisa?”
“Não,” ela disse abafando uma risada. “Lógico que não.”
Eu realmente não havia entendido porque aquilo deveria ser engraçado, mas eu podia notar
que ela não queria falar sobre isso. Isso foi pela época que nossa ligação havia começado a se
formar, e suas emoções estavam começando a deslizar em mim de vez em quando. Eu segurei
a garrafa e olhei-a curiosamente.
“Eu acho que essa coisa não está funcionando.”
“Isso é porque quase não há álcool no –“
O som de alguma coisa se mexendo nos arbustos veio de perto. Eu imediatamente me
levantei, colocando meu corpo entre ela e o barulho.
“É algum animal,” ela disse quando se passou um minuto em silêncio.
Isso não queria dizer que não era perigoso. Os vigias do colégio mantinham os Strigoi longe,
mas animais selvagens sempre perambularam pelas margens do campus, levantando suas
próprias ameaças. Ursos. Pumas.
“Venha,” eu disse a ela. “Vamos voltar.”
Nós não tínhamos ido muito longe quando eu ouvi alguma coisa se mexendo novamente, e
alguém se colocou no nosso caminho. “Senhoritas”
Sra. Karp.
Nós congelamos, e qualquer rápida reação que eu havia demonstrado lá no pântano
desapareceu quando eu atrasei alguns instantes para esconder a garrafa atrás das minhas
costas.
Um meio-sorriso apareceu no seu rosto, e ela estendeu sua mão.
Envergonhadamente, eu entrei a garrafa a ela, e ela enfiou-a debaixo do braço. Ela virou-se
sem dar uma palavra, e nós seguimos, sabendo que haveriam conseqüências para com que
lidarmos.
“Vocês acham que ninguém nota quando metade da classe some?” ela perguntou depois de
algum tempo.
“Metade da classe?”
“Alguns de vocês, aparentemente, escolheram hoje para matar aula. Deve ser o tempo bom.
Primavera, calor.”
Lissa e eu andamos com dificuldade. Eu nunca ficava confortável perto da Sra. Karp desde
àquela época que ela curou minhas mãos. Seu comportamento esquisito e paranóico tinha
uma estranha propriedade sobre mim – muito mais estranho que antes. Assustador, até. E
ultimamente eu não podia olhar para ela sem ver aquelas marcas em sua testa. Seu cabelo
vermelho-escuro geralmente os cobria, as nem sempre. Algumas vezes haviam novas marcas;
algumas vezes as velhas desapareciam do nada.
Uma estranha agitação ressoou à minha direita. Nós todas paramos.
“Um de seus colegas de classe, eu imagino,” murmurou Sra. Karp, se virando para a direção do
som.
Mas quando nós chegamos ao local, encontramos uma grande ave preta deitada no chão. Aves
– e a maioria dos animais – não significavam nada para mim, mas até eu tive de admirar suas
penas lustrosas e o bico feroz. Ele poderia, provavelmente, bicar os olhos de uma pessoa em
trinta segundos – se ele não estivesse obviamente morrendo. Com uma última, desanimada
sacudida, a ave finalmente ficou imóvel.
“O quê é isso? É uma gralha?” Eu perguntei.
“Muito grande,” disse Sra. Karp. “É um corvo.”
“Está morto?” Lissa perguntou.
Eu dei uma olhada nele. “Yeah. Definitivamente morto. Não toque.”
“Provavelmente foi atacado por outra ave,” observou Sra. Karp. “Eles lutam acerca de
território e suprimentos às vezes.”
Lissa se ajoelhou, compaixão em sua face. Eu não fiquei surpresa, sendo que ela sempre teve
uma queda por animais. Ela me deu um sermão por dias depois de eu ter instigado a infame
luta hamster-carangueijo-ermitão. Eu tinha visto a luta como um teste de oponentes dignos.
Ela havia visto como crueldade com os animais.
Petrificada, ela se esticou até o corvo.
“Liss!” Eu exclamei, horrorizada. “Provavelmente tem alguma doença.”
Mas a sua mão se moveu como se ela não tivesse me escutado. Sra. Karp ficou parada lá como
uma estátua, seu rosto pálido parecendo com a de um fantasma. Os dedos de Lissa
acariciaram as asas do corvo.
“Liss,” eu repeti, começando a me mexer em sua direção, para puxá-la de volta. De repente,
uma estranha sensação inundou a minha cabeça, a doçura do que era bonito e cheio de vida.
O sentimento era tão intenso que eu parei no meu caminho.
Então o corvo se moveu.
O corvo bateu as asas, lentamente tentando se endireitar e ficar de pé. Quando ele conseguiu
fazer isso, ele se virou para nós, se fixando em Lissa com um olhar que parecia ser muito
inteligente para uma ave, seus olhos se prenderam nos dela, e eu não pude ler sua reação
através da ligação. Finalmente, o corvo quebrou o contato e se elevou ao ar, suas asas fortes o
levando para longe.
O vento balançando as folhas era o único som que restava.
“Oh meu Deus,” Lissa sussurrou. “O quê acabou de acontecer?”
“Como se eu soubesse,” eu disse, escondendo meu completo pavor.
Sra. Karp caminhou para frente e agarrou o braço de Lissa, fazendo ela se virar forçosamente
para que pudessem se encarar. Eu estava lá num instante, pronta para reagir se a Maluca Karp
tentasse alguma coisa, apesar de até eu ter certos escrúpulos sobre nocautear uma
professora.
“Não aconteceu nada,” disse Sra. Karp numa voz urgente, com olhos selvagens. “Você me
escutou? Nada. E você não pode contar a ninguém – ninguém – sobre o que você viu. As duas.
Prometam-me. Prometam-me que vocês nunca mais vão falar sobre isso novamente.”
Lissa e eu trocamos olhares desconfortáveis. “Okay,” ela grasnou.
O aperto da Sra. Karp relaxou um pouco. “E nunca mais faça isso novamente. Nunca mais.”
No pátio, do lado de fora do meu dormitório, alguém estava chamando o meu nome.
“Hey, Rose? Eu te chamei, tipo, umas cem vezes.”
Eu esqueci acerca da Sra Karp e do corvo e espiei Mason, que aparentemente havia começado
a andar comigo para o dormitório enquanto eu estava viajando na terra la-la.
“Desculpe,” eu murmurei. “Eu estava viajando. Só... um, cansada.”
“Muita excitação ontem à noite?”
Eu o olhei estreitando os olhos. “Nada com o que eu não pudesse agüentar.”
“Acho que sim,” ele riu, apesar dele não soar exatamente entretido. “Parece que Jesse foi
quem não pôde agüentar.”
“Ele foi okay.”
“Se você diz. Mas pessoalmente, eu acho que você tem mau gosto.”
Eu parei de andar. “E eu acho que isso não é da sua conta.”
Ele olhou para longe furiosamente. “Você fez com que fosse da conta de toda a classe.”
“Hey, eu não fiz isso de propósito.”
“Aconteceria de qualquer forma. Jesse tem uma boca grande.”
“Ele não diria.”
“Yeah,” Mason disse. “Porque ele é tão fofo e tem uma família tão importante.”
“Deixe de ser idiota,” eu o interrompi. “E por que você se importa? Com ciúmes porque eu não
estou fazendo isso com você?”
Seu rubor cresceu, percorrendo todo o rosto até as raízes de seu cabelo vermelho. “Eu só não
gosto de escutar as pessoas falando merdas sobre você, só isso. Há várias piadinhas indecentes
por aí. Eles a estão chamando de vagabunda.”
“Eu não ligo do quê eles me chamem.”
“Oh, yeah. Você é realmente durona. Você não precisa de ninguém.”
Eu parei. “Não preciso. Eu sou uma das melhores aprendizes desse maldito lugar. Eu não
preciso de você agindo todo galante e vindo em minha defesa. Não me trate como uma garota
indefesa.”
Eu me virei e continuei andando, mas ele me alcançou facilmente. A desgraça de ter 1,67 cm.
“Olhe... eu não queria te aborrecer. Eu só estava preocupado com você.”
Eu dei um riso áspero.
“Estou falando sério. Espere...” ele começou. “Eu, uh, fiz algo por você. Mais ou menos. Eu fui
ontem a noite à biblioteca e tentei pesquisar sobre St. Vlademir.”
Eu parei novamente. “Você fez isso?”
“Yeah, mas não havia muito coisa sobre Anna. Todos os livros eram meio genéricos. Só falavam
sobre ele curando as pessoas, trazendo eles de volta do leito de morte.”
A última parte me sensibilizou.
“Havia... havia mais alguma coisa?” eu gaguejei.
Ele balançou a cabeça. “Não. Você provavelmente vai precisar de um documento primário,
mas nós não temos nenhum aqui.”
“Documento o quê?”
Ele zombou, um sorriso surgindo em seu rosto. “Você faz alguma coisa além de passar
bilhetinhos? Nós acabamos de falar sobre isso noutro dia na aula de Andrew. Existem livros em
tempo real do período que você quer estudar. Os secundários são os que são escritos por
pessoas nos dias atuais. Você vai achar uma informação melhor se você achar alguma coisa
escrita pelo próprio cara. Ou por alguém que realmente não o conhecia.”
“Huh. Okay. O quê é você, algum tipo de garoto gênio agora?”
Mason me deu um leve murro no braço. “Eu presto atenção, só isso. Você é tão distraída. Você
perde todos os tipos de coisas.” Ele sorriu nervosamente. “E olhe... eu realmente sinto muito
sobre o que disse. Eu só queria – “
Ciúmes, eu percebi. Eu podia ver em seus olhos. Como foi que eu nunca havia notado isso
antes? Ele era louco por mim. Eu acho que eu realmente era distraída.
“Está tudo bem, Mase. Esquece isso.” Eu sorri. “E obrigada por pesquisar aquelas coisas.”
Ele sorriu de volta, e eu entrei, triste por não sentir a mesma coisa por ele.

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