sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

academia de vampiros - beijo das sombras (capitulo 12)


Doze
O sono veio relutantemente aquela noite e eu me agitei e me mexi durante um longo tempo
antes de finalmente adormecer.
Mais ou menos uma hora depois, eu me sentei na cama, tentando relaxar e absorver as
emoções vindo para mim. Lissa. Com medo e chateada. Desestabilizada. Os eventos da noite
de repente vieram correndo de volta pra mim enquanto eu pansava sobre o que poderia estar
incomodado ela. A rainha havia humilhado ela. Mia. Talvez até o Christian – ele poderia ter
encontrado ela até onde eu sabia.
No entanto... nenhum desses era um problema no momento. Enterrado nela, havia algo mais.
Algo terrivelmente errado.
Eu sai da cama, me vesti apressadamente, e considerei minhas opções. Eu tinha um quarto no
terceiro andar agora – muito alto para descer, particularmente agora que eu não tinha a Sr.
Karp para me concertar desta vez. Eu nunca seria capaz de escapulir para fora do hall principal.
Então só restava os canais “apropriados”.
“Onde você acha que está indo?”
Uma das matronas que supervisionavam o hall olhou para cima da sua cadeira. Ela estava
sentada estacionada no fim do hall, perto das escadas que iam para baixo. Durante o dia, as
escadas não tinham supervisão. A noite, nós podíamos muito bem estar na prisão.
Eu cruzei meus braços. “Eu preciso ver Dim – O guardão Belikov.”
“É tarde.”
“É uma emergência.”
Ela me olhou de cima abaixo. “Você me parece estar bem.”
“Você vai estar com tantos problemas amanhã quando todo mundo descobrir que você me
impediu de reportar o que eu sei.”
“Me diga.”
“É uma coisa privada dos Guardiões.”
Eu encarei ela o máximo que eu consegui. Deve ter funcionado, porque ela finalmente
levantou e pegou um telefone celular. Ela chamou alguém – Dimitri, eu esperava – mas
murmurou muito baixo para que eu pudesse ouvir. Nós esperamos vários minutos, e então a
porta que levava as escadas abriu. Dimitri apareceu, totalmente vestido e alerta, embora eu
tivesse certeza que nós o tínhamos tirado da cama.
Ele me olhou uma vez. “Lissa.”
Eu acenei.
Sem qualquer outra palavra, nós demos a volta e começamos a descer as escadas. Eu o segui.
Nós andamos através da quadra em silencia, até o imponente dormitório dos Moroi. Era
‘noite’ para os vampiros, o que significa que era dia para o resto do mundo. O sol do meio-dia
brilhava com luzes douradas e frias em nós.
Os genes humanos em mim deram boas vindas aquilo e sempre meio que lamentavam como
os Moroi eram sensíveis a luz, forçando a gente a viver na escuridão na maior parte do tempo.
A matrona do Hall de Lissa pasmou quando nós aparecemos, mas Dimitri era muito
intimidante para se opor. “Ela está no banheiro,” eu disse a eles. Quando a enfermeira
começou a me seguir para dentro, eu não a impedi. “Ela está muito chateada. Me deixe falar
com ela sozinha, primeiro.”
Dimitri considerou. “Sim. Dê a elas um minuto.”
Eu abri a porta.
“Liss?”
Um som suave, como um soluço, veio de dentro. Eu andei 5 e encontrei o que estava fechado.
Eu bati delicadamente.
“Me deixe entrar,” eu disse, esperando que eu soasse calma e forte.
Eu ouvi uma fungada, e alguns momentos depois, a porta se abriu. Eu não estava preparada
para o que eu vi. Lissa estava na minha frente...
... coberta de sangue.
Horrorizada, eu deu um guincho e quase gritei por ajuda. Olhando mais de perto, eu vi que
muito daquele sangue não estava realmente vindo dela. Estava untado nela, como se tivesse
estado em sua mão e ela tivesse esfregado seu rosto. Ela se afundou no chão, e eu me ajoelhei
diante dela.
“Você está bem?” eu sussurrei. “O que aconteceu?”
Ela apenas balançou sua cabeça, mas eu vi seu rosto se enrugar quando ela derramou mais
lagrimas. Eu peguei as mãos dela.
“Vem. Vamos limpar você – “
Eu parei. Ela estava sangrando afinal de contas. Linhas perfeitas atravessavam seus pulsos,
nem perto de nenhuma veia crucial, mas o suficiente pra deixar traços molhados e vermelhos
pela sua pele. Ela não tinha atingido nenhuma veia quando ela fez isso; a morte não era seu
objetivo. Ela encontrou meus olhos.
“Eu sinto muito... eu não queria... por favor não deixe eles saberem...” disse soluçando.
“Quando eu vi aquilo, eu me apavorei.”
Ela acenou com a cabeça para os seus pulsos. “Isso aconteceu antes que eu pudesse impedir.
Eu estava chateada...”
“Está tudo bem,” eu disse automaticamente, imaginando o que “aquilo” era. “Vamos.”
Eu ouvi uma batida na porta. “Rose?”
“Só um segundo,” eu respondi.
Eu a levei até a pia,e limpei o sangue dos seus pulsos. Pegando o primeiro kit de primeiros
socorros, eu pus alguns Band-Aids nos cortes. O sangramento já tinha diminuído.
“Nós estamos entrando,” falou a matrona.
Eu tirei meu casaco e rapidamente entreguei pra Lissa. Ela tinha acabado de colocar quando
Dimitri e a matrona entraram. Ele correu para o nosso lado em um instante, e eu percebi que
ao esconder o sangue dos pulsos de Lissa, eu esqueci do sangue no seu rosto.
“Não é meu,” ela disse rapidamente, vendo a expressão dele. “É... é do coelho...”
Dimitri avaliou ela, e eu esperei que ele não olhasse para os pulsos dela. Quando ele estar
satisfeito em ver que ela não tinha ferimentos, ele perguntou, “Que coelhos?” Eu estava
imaginando a mesma coisa.
Com as mãos tremendo, ela apontou para a lata de lixo. “Eu limpei. Para que a Natalie não
visse.”
Dimitri e eu ambos andamos e espiamos dentro da lata. Eu me puxei para longe
imediatamente, engolindo a necessidade do meu estomago de vomitar. Eu não sei como Lissa
sabia que era um coelho. Tudo o que eu podia ver era sangue. Sangue e toalhas de papel
encharcadas de sangue. O cheiro era horrível.
Dimitri foi para mais perto de Lissa, se abaixando até que eles estivessem no mesmo nível de
contato visual. “Me diga o que aconteceu.” Ele entregou a ela vários lenços.
“Eu voltei a mais ou menos uma hora. E estava aqui. Bem ali no meio do chão. Destruido. Foi
como se ele tivesse...explodido,” Ela fungou. “Eu não queria que a Natalie o encontrasse, não
queria assustá-la... então eu – eu limpei tudo. Então eu simplesmente não podia... não podia
voltar...”Ela começou a chorar, e os ombros dela tremeram.
Eu podia adivinhar o resto, a parte que ela não contou a Dimitri. Ela encontrou o coelho,
limpou tudo, e enlouqueceu. Então ela se cortou, esse era o jeito esquisito que ela lidava com
as coisas que a deixavam chateada.
“Ninguém deveria ser capaz de entrar nesses dormitórios!” – exclamou a matrona. “Como isso
está acontecendo?”
“Você sabe quem fez isso?” A voz de Dimitri era gentil.
Lissa pos a mão dentro dos bolsos do seu pijama e puxou um pedaço de papel amassado.
Tinha tanto sangue encharcado naquilo, eu mal podia ler quando ele o segurou desamassou.
Eu sei o que você é. Você não vai sobreviver estando aqui. Eu vou me certificar disso. Vá
embora agora. É o único jeito que você talvez possa sobreviver a isso.
O choque da matrona se transformou em algo mais determinado, e ela caminhou para a porta.
“Eu vou buscar Ellen.” Levou um segundo para mim lembrar que esse era o primeiro nome da
Kirova.
“Diga a ela que estaremos na clinica,” disse DImitri. Quando ela saiu, ele se virou pra Lissa.
“Você deveria se deitar.”
Quando ela não se moveu, eu liguei os meus braços nos dela. “Vem, Liss. Vamos sair daqui.”
Devagar, ela colocou um pé na frente do outro, e nós deixou guia-la até a clinica medica da
Academia. Ela estava normalmente dirigida por alguns doutores, mas a essa hora da noite,
apenas uma enfermeira estava atendendo. Ela se ofereceu para acordar um dos doutores, mas
Dimitri recusou. “Ela só precisa descansar.”
Lissa tinha acabado de se esticar na estreita cama, quando Kirova e alguns outros apareceram
e começaram a fazer perguntas.
Eu me meti na frente deles, bloqueando ela. “Deixei ela em paz! Vocês não podem ver que ela
não quer falar sobre isso? Deixem ela dormir um pouco primeiro!”
“Srta Hathaway,” recusou Kirova, “você está fora da linha como sempre. Eu nem sei o que você
está fazendo aqui.”
Dimitri perguntou se ele podia falar com ela em particular e a levou para o Hall. Eu ouvi
sussurros irritados dela, calmos e firmes vindo dele. Quando eles voltaram, ela disse
duramente, “Você pode ficar com ela por algum tempo. Nós vamos fazer com que os zeladores
limpem e uma investigação no banheiro e na sala, Srta. Dragomir, e então discutiremos a
situação com detalhes pela manhã.”
“Não acordem a Natalie,” sussurrou Lissa. “Eu não quero assustá-la. Eu limpei tudo no quarto
de qualquer forma.”
Kirova parecia duvidar. O grupo recuou mas não antes da enfermeira perguntar se Lissa queria
algo pra comer ou beber. Ela recusou. Quando nós finalmente estávamos sozinhas, eu deitei
junto dela e coloquei meu braço ao redor dela.
“Eu não vou deixar eles descobrirem,’ eu disse a ela, sentindo a preocupação dela por causa
dos pulsos.”Mas eu esperava que você tivesse me dito antes deu sair da recepção. Você disse
que sempre viria a mim primeiro.”
“Eu não ia fazer naquela hora,” ela disse, os olhos dela encarando o nada.” Eu juro, eu não ia.
Quer dizer, eu estava chateada...mas eu pensei... eu pensei que eu podia lidar com aquilo. Eu
estava tentando tanto... de verdade, Rose. Eu estava. Mas então eu voltei pro meu quarto, e
eu vi aquilo, e eu... simplesmente perdi a cabeça. Foi como a última gota, sabe? E eu sabia que
eu tinha que limpar. Tinha que limpar antes que eles vissem, antes que eles descobrissem, mas
tinha tanto sangue... e depois, depois que tudo estava feito, foi demais, e eu senti como se eu
fosse... eu não sei...explodir, e era simplesmente demais, eu tinha que deixar sair, entende? Eu
tinha –“
Eu interrompi a histeria dela. “Está tudo bem, eu entendo.”
Aquilo era uma mentira. Eu não entendia porque ela se cortava. Ela fazia aquilo
esporadicamente, desde o acidente, e me assustava toda vez. Ela tentou explicar pra mim,
como ela não queria morrer – ela só precisava tirar aquilo fora de algum jeito. Ela se sentia tão
emocional, que ela dizia que era uma saída – dor física - era a única coisa que a fazia a dor
interna ir embora. Era o único jeito que ela podia controlar aquilo.
“Porque isso está acontecendo?” ela chorou no seu travesseiro. “Porque eu sou uma
aberração?”
‘Você não é uma aberração.”
“Mas ninguém tem isso acontecendo com eles. Mais ninguém faz mágica do jeito que eu faço.”
‘Você tentou fazer mágica?” Sem resposta. “Liss? Você tentou curar o coelho?”
]
“Eu o segurei, só para ver se talvez eu poderia curá-lo, mas tinha muito sangue ... eu não
consegui.”
Quanto mais ela usava, pior ela ficava. Pare ela, Rose.
“Lissa estava certa. A mágica Moroi podia conjurar água e fogo, mover pedras e outros
pedaços de terra. Mas ninguém podia curar ou trazer de volta a vida animais mortos. Ninguem
exceto a Sra. Karp.
Pare ela antes que eles notem, antes que eles notem e a levem embora também. Leve ela
embora daqui.
Eu odiava carregar esse segredo, principalmente porque eu não sabia o que fazer sobre isso.
Eu não gostava de me sentir impotente. Eu precisava proteger ela disso – e dela mesma. E
ainda sim, ao mesmo tempo, eu precisa proteger ela deles, também.
“Nós deveríamos ir,” eu disse de repente. “Nós vamos embora.”
“Rose-“
“Está acontecendo de novo. E está pior. Pior que da última vez.“
“Você está com medo do bilhete.”
“Eu não estou com medo de bilhete nenhum. Mas esse lugar não é seguro.”
Eu de repente desejei por Portland novamente. Pode ser mais sujo e mais lotado que a
acidentada paisagem de Montana, mas pelo menos você sabe o que esperar – diferentemente
do que acontece aqui. Aqui na Academia, passado e presente se juntavam. Pode ter esses
lindos jardins e paredes antigas, mas por dentro, coisas modernas estão entrando sem ser
notadas. As pessoas não sabiam como lidar com isso. Era igual aos próprios Moroi. As famílias
reais ainda mantinham o poder na superfície, mas as pessoas estavam ficando descontentes.
Dharmpirs que queriam mais das suas vidas. Moroi como Christian que queriam lutar contra os
Strigoi. A realeza ainda se apoiava em suas tradições, ainda angariando poder sobre todos,
assim como os portões de ferro da Academia eram uma demonstração de tradição e
invencibilidade.
E, oh, as mentiras e os segredos. Eles correm por esses halls e se escondem nos cantos.
Alguém aqui, odiava Lissa, alguém que provavelmente sorria pra ela e fingia ser sua amiga. Eu
não podia deixar eles a destruírem.
“Você precisa dormir um pouco,” eu disse a ela.
“Eu não posso dormir.”
“Sim, você pode. Eu estou bem aqui.Você não estará sozinha.”
Ansiedade e medo e outras emoções problemáticas percorreram através dela. Mas no final, as
necessidades do corpo dela ganharam. Depois de um tempo, eu vi os olhos dela se fecharem.
A respiração dela ficou igual, e a ligação cresceu silenciosa.
Eu a vi dormir, muito cheia de adrenalina pra me permitir algum descanso. Eu acho que talvez
uma hora tinha passado quando a enfermeira voltou e me disse que eu tinha que sair.
“Eu não posso ir,” eu disse. “Eu prometi a ela que ela não ficaria sozinha.”
A enfermeira era alta, mesmo para uma Moroi, com olhos gentis e marrons. “Ela não ficará. Eu
vou ficar com ela.”
Eu considerei o discurso dela.
‘Eu prometo.”
De volta ao meu quarto, eu tive meu próprio surto. O medo e a excitação tinham me exaurido,
e por um instante, eu desejei poder ter uma vida normal e uma melhor amiga normal.
Imediatamente, eu lancei esse pensamento pra fora. Ninguém era normal, não de verdade. E
eu nunca teria uma amiga melhor que a Lissa... mas cara, era tão difícil as vezes.
Eu dormi pesado até a manhã. Eu fui para minha primeira aula timidamente, nervosa que o
que tinha acontecido noite passada pudesse ter se espalhado. E como não podia deixar de ser,
as pessoas estavam falando sobre ontem a noite, mas as atenções dela ainda estavam sobre a
rainha e a recepção. Eles não sabiam nada sobre o coelho. Ainda que fosse difícil de acreditar,
eu quase tinha esquecido sobre aquelas outras coisas. Mesmo assim, de repente parecia como
uma coisa pequena comparada a alguém causando uma explosão sangrenta no quarto de
Lissa.
Ainda sim, conforme o dia passava, eu notei algo estranho. As pessoas pararam de olhar pra
Lissa tanto. Eles começaram a olhar pra mim. Tanto faz. Ignorando eles, eu procurei e
encontrei Lissa acabando com alimentador. Aquele sentimento engraçado que eu sempre
tinha tomou conta de mim quando eu vi a boca dela trabalhar contra o pescoço do
alimentador, bebendo o sangue dele. Um pingo derramava por sua garganta, se destacando
contra sua pele pálida. O alimentador, embora fosse humano, estava quase tão pálido quanto
um Moroi, devido a perda de sangue. Ele não parecia notar; ele estava alto por causa da
mordida.Afogada em inveja, em decidi que eu precisava de terapia.
“Você está bem?” Eu perguntei pra ela depois, quando estávamos indo pra aula. Ela estava
usando longas mangas, propositalmente escondendo seus pulsos.
“Sim... eu ainda não consigo parar de pensar naquele coelho... foi tão horrível. Eu fico vendo
ele na minha cabeça. E então o que eu fiz.” Ela espremeu seus olhos até fechar, apenar por um
momento, e então o abriu de novo. “As pessoas estão falando sobre nós.”
“Eu sei. Ignore-os.”
“Eu odeio isso,” ela disse irritada. Súbitas trevas apareceram nela e por entre nossa ligação.
Fez com que eu encolhesse. Minha melhor amiga era alegre e gentil. Ela não tinha esse tipo de
sentimentos. “Eu odeio toda essa fofoca. É tão estúpida. Como eles podem ser tão
superficiais?”
“Ignore eles,” repeti calmamente. “Você foi esperta de não andar mais com eles.”
No entanto, ignorar eles foi mais e mais difícil. Os sussurros e olhares aumentaram. Em
‘Comportamento Animal”, eu não conseguia nem mesmo me concentrar no meu tópico
favorito.
A Sra. Meissner tinha começado a falar sobre evolução e sobrevivência do mais adequado e
como os animais buscam companheiros de bons genes. Me fascinou, mas até mesmo ela tinha
dificuldades em ficar com uma tarefa, já que ela tinha que ficar gritando com as pessoas para
que elas ficasse quietas e prestassem atenção.
“Alguma coisa está acontecendo,” eu disse a Lissa entre as classes. “Eu não sei o que, mas
todos eles ouviram algo novo.’
“Alguma outra coisa? Fora o fato de que a rainha me odeia? O que mais poderia ser?”
“Eu gostaria de saber.”
As coisas finalmente chegaram num ponto crucial na nossa ultima aula do dia, Arte Eslava.
Começou quando um cara que eu mal conhecia fez uma explicito e quase obscena sugestão
para mim enquanto estávamos trabalhando em projetos individuais. Eu respondi gentilmente,
informando-o exatamente o que ele podia fazer com o seu pedido.
Ele apenas riu. “Ora vamos, Rose. Eu sangro por você.”
Risadinhas barulhentas seguiram, e Mia nos cortou com um olhar de insulto.”Espera, é a Rose
que sangra, certo?”
Mais risadas. O entendimento me atingiu no rosto. Eu empurrei Lissa pra longe. “Eles sabem.”
“Sabem o que?”
“Sobre nós. Sobre como... você sabe, como eu alimentei você enquanto estamos longe.”
Ela ficou boquiaberta. “Como?”
“Como você acha? Seu “amigo” Christian.”
“Não,” ela disse inflexível. “Ele não poderia.”
“Quem mais sabia?”
A confiança que ela tinha em Christian passou pelos olhos dela e pela nossa ligação. Mas ela
não sabia o que eu sabia. Ela não sabia como eu tinha sido uma vaca com ele noite passada,
como eu tinha o feito pensar que ela o odiava. Aquele cara era instável. Espalhar nosso maior
segredo – bom, um deles - seria uma vingança adequada. Talvez ele tenha matado o coelho
também. Afinal de contas, ele tinha morrido apenas algumas horas depois que eu contei pra
ele.
Sem esperar pra ouvir os últimos protestos dela, eu fui até o outro lado da sala onde Christian
estava trabalhando sozinho, como sempre. Lissa me seguiu de perto. Sem me importar se as
pessoas nos vissem, eu me inclinei na mesa para perto dele, colocando meu rosto a
centímetros da dele.
“Eu vou matar você.”
Os olhos dele se encontrando com o de Lissa, com um vislumbre fraco de desejo neles, e em
seguida surgiu uma expressão carrancuda em seu rosto.
“Porque? É tipo, um crédito extra pra guardiões?”
“Pare com a atitude,” eu avise, falando baixo. “Você contou. Você contou como Lissa tinha que
se alimentar de mim.”
“Conte a ela,” disse Lissa desesperada. “Diga a ela que ela está enganada.”
Christian arrastou seus olhos de mim para ela, e enquanto eles consideravam um ao outro, eu
senti uma onda tão poderosa de atração, foi uma sorte que não me derrubou. O coração dela
estava nos olhos. Era obvio pra mim que ele sentia a mesmo sobre ela, mas ela não conseguia
ver, particularmente já que ele esta flagrando ela.
“Você pode parar, sabe,“ ele disse. “Você não tem que fingir mais.“
A atração vertiginosa de Lissa sumiu, substituída por dor e choque devido ao tom de voz dele.
“Eu... o que? Fingir o que? ...”
“Você sabe o que. Só pare. Pare com a atuação.”
Lissa o encarou, os olhos dela largos e feridos. Ela não tinha idéia sobre o que tinha acontecido
ontem a noite. Ela não tinha idéia que ele acreditava, que ela o odiava.
“Supere o fato de você sentir pena de si mesmo, e nos diga o que está acontecendo,” eu surtei
com ele. “Você contou ou não pra eles?”
Ele me olhou desafiante. “Não. Eu não contei.”
“Eu não acredito em você.”
“Eu acredito,” disse Lissa.
“Eu sei que é impossível acreditar que uma aberração como eu poderia manter sua boca
fechada – especialmente já que nenhum de vocês pode – mas eu tenho coisas melhores a
fazer do que espalhar rumores estúpidos. Você quer alguém pra culpar? Culpe seu garoto de
ouro ali.”
Eu segui o seu olhar para onde Jesse estava rindo sobre algo com aquele idiota do Ralf.
“Jesse não sabe,” disse Lissa desafiante.
“Os olhos de Christian colaram em mim. “Ele sabe, no entanto, Não sabe, Rose? Ele sabe.”
Meu estomago afundou. Sim. Jesse sabia. Ele tinha descoberto aquela noite no lounge. “Eu
não pensei... eu não pensei que ele fosse contar. Ele estava com muito medo do Dimitri.”
“Você contou pra ele?” Exclamou Lissa.
“Não, ele adivinhou.”Eu estava começando a me sentir doente.
“Ele aparentemente fez mais do que adivinhar,” murmurou Christian.
Eu me virei pra ele. “O que isso quer dizer?”
“Oh. Você não sabe.”
“Eu juro por Deus Christian, eu vou quebrar teu pescoço depois da aula.”
“Cara, você realmente é instável.” Ele disse quase feliz, mas suas próximas palavras eram mais
sérias. Ele ainda usou aquela zombaria, ainda cheio de raiva, mas quando ele falou, eu pude
ouvir uma fraca preocupação em sua voz. “Ele meio que elaborou sobre o que tinha em sua
nota. Entrou em alguns detalhes.”
“Oh, entendi. Ele disse que nós transamos.” Eu não precisava cuidar com as palavras. Christian
concordou. Então. Jesse estava tentando aumentar sua reputação. Ok. Eu podia lidar com isso.
Não era como se a minha reputação fosse incrível pra começo de conversa. Todo mundo já
acreditava que eu fazia sexo o tempo todo.
“E uh, Ralf também. Que você e ele –“
Ralf? Nenhuma quantidade de álcool ou substancias ilegais iam fazer com que eu tocasse nele.
“Eu – o que?Que eu transei com o Ralf também?”
Christian concordou.
‘Aquele filho da puta! Eu vou –“
“Tem mais.”
“Como? Eu dormi com todo o time de basquete?”
“Ele disse – ambos disseram – que você deixou... bem, você deixou eles beberem teu sangue.”
Isso parou até mesmo eu. Beber sangue durante sexo. A coisa mais suja das sujas. Era além de
ser fácil ou vadia. Um milhão de vezes pior do que Lissa bebendo de mim para sobreviver. Era
o território de uma meretriz de sangue.
“Isso é loucura!” Lissa choramingou. “Rose nunca – Rose?”
Mas eu não estava mais ouvindo. Eu estava no meu próprio mundo, um mundo que me levou
através da sala de aula onde Jesse e Ralf sentavam. Os dois olharam pra cima, faces meio
presunçosas e meio... nervosas, se eu tivesse que adivinhar. Não era inesperado, já que os dois
estavam mentindo.
A classe inteira ficou paralisada. Aparentemente eles estavam esperando por algum tipo de
show. Minha instável reputação em ação.
“O que diabos vocês acham que está fazendo?” Eu perguntei numa baixa, e perigosa voz.
O olhar nervoso de Jesse se transformou em terror. Ele podia ser mais alto que eu, mas nós
dois sabíamos quem iria ganhar se nos recorrêssemos a violência. Ralf, no entanto, me deu um
sorriso arrogante.
“Nós não fizemos nada que você não queria que nós fizéssemos.” O sorriso dele se tornou
cruel. “E nem pense em por uma mão na gente. Se você começar a brigar, Kirova vai expulsar
você e vai viver com as meretrizes de sangue.”
O resto dos estudantes estava segurando suas respirações, esperando pra ver o que nós
iríamos fazer. Eu não sei como o Sr. Nagy não viu o drama que estava ocorrendo na aula.
Eu queria socar os dois, acertá-los com tanta força que faria com que a briga de Dimitri com
Jesse parecesse um tapinha nas costas. Eu queria arrancar aquele sorriso do rosto de Ralf.
Mas filho da puta, ou não, ele estava certo. Se eu tocasse neles, Kirova iria me expulsar num
piscar de olhos. E se eu fosse expulsa, Lissa estaria sozinha. Respirando fundo, eu tomei uma
das decisões mais difíceis da minha vida.
Eu caminhei pra longe.
O resto do dia foi miserável. Ter desistido da luta, me abriu pra zombaria de todos os outros.
Os rumores e sussurros aumentaram. As pessoas me encaravam abertamente. Pessoas riam.
Lissa ficava tentando falar comigo, me consolar, mas ignorei até mesmo ela. Eu passei pelo
resto das minhas aulas como um zumbi, e então eu me dirigi pra praticar com Dimitri o mais
rápido que eu pude. Ele me deu um olhar perplexo mas não fez perguntas.
Sozinha no meu quarto mais tarde, eu chorei pela primeira vez em anos.
Depois que eu tirei aquilo do meu sistema, eu estava pronta pra colocar meu pijama quando
ouvi uma batida na porta. Dimitri. Ele estudou meu rosto e depois olhou pra longe,
obviamente consciente de que eu tinha estado chorando. Eu podia saber, também, que os
rumores finalmente tinham chegado até ele. Ele sabia.
“Você está bem?”
“Não importa se eu estou, lembra?” Eu olhei pra ele. “Lissa está bem?Isso vai ser difícil pra
ela.”
Um olhar engraçado passou pelo rosto dele. Eu acho que ele se assombrou pelo fato de que eu
ainda estava preocupada com ela ao invés de mim. Ele me chamou com um sinal pedindo para
que eu o seguisse e me levou até uma volta na escada, onde normalmente ficava trancada
para os estudantes. Mas estava aberta hoje, e ele fez um gesto de fora. “5 minutos,” ele me
avisou.
Mais curiosa do que tudo, eu entrei. Lissa estava lá. Eu deveria ter sentido que ela estava
perto, mas meus próprios sentimentos descontrolados tinham obstruído os dela. Sem uma
palavra, ela pos seus braços ao meu redor e me segurou por vários segundos. Eu tive que
segurar mais lágrimas. Quando nos separamos, ela me olhou com olhos calmos.
“Eu sinto muito,” ela disse.
“Não é sua culpa. Vai passar.”
Ela claramente duvidava disso. Eu também.
“É minha culpa,” ela disse. “Ela fez isso pra se vingar de mim.”
“Ela?”
“Mia. Jesse e Ralf não são espertos o suficiente pra pensar em algo assim sozinhos. Você
mesmo disse: Jesse estava com muito medo de Dimitri pra falar muito sobre o que tinha
acontecido. E porque esperar até agora? Aconteceu faz um tempo já. Se ele quisesse espalhar
por aí, ele teria feito quando aconteceu.Mia está fazendo isso como uma retaliação por você
ter falado sobre os parentes dela. Eu não sei como ela conseguiu, mas foi ela que arranjou pra
que eles falassem aquelas coisas.”
No meu interior, eu percebi que Lissa estava certa. Jesse e Ralf eram as ferramentas; Mia tinha
sido a mandante.
“Nada pra ser feito agora,” eu suspirei.
“Rose – “
“Esqueça, Lissa. Está feito, ok?”
Ela me estudou quieta por alguns segundos. “Eu não vejo você chorar já faz um longo tempo.”
“Eu não estava chorando.”
Um sentimento de angustia e simpatia atingiu nossa ligação.
“Ela não pode fazer isso com você,” ela argumentou.
Eu ri amargamente, meio surpresa com minha própria desesperança. “Ela já fez. Ela disse que
ia se vingar de mim, que eu não seria capaz de proteger você. Ela o fez. Quando eu voltar pras
aulas...” Um sensação de angustia se ajustou no meu estomago. Eu pensei nos amigos e no
respeito que eu tinha conseguido, apesar de manter uma descrição. Isso iria sumir. Você não
podia se recuperar de algo assim. Não entre os Moroi. Uma vez uma meretriz de sangue,
sempre uma meretriz de sangue. O que era pior era que alguma secreta parte negra de mim,
gostava de ser mordida.
“Você não deveria ter que ficar me protegendo,” ela disse.
Eu ri. “Esse é o meu trabalho. Eu vou ser sua guardiã.”
“Eu sei, mas eu quis dizer desse jeito. Você não deveria sofrer por minha causa. Você não
deveria ter que sempre cuidar de mim. E ainda sim você sempre cuida. Você me tirou daqui.
Você cuidou de tudo quando estamos por conta própria. Mesmo depois que nós voltamos...
você sempre foi aquela que faz todo o serviço. Toda vez que eu perco controle – como ontem
a noite – você está sempre lá. Eu, eu sou fraca. Eu não sou como você.”
Eu balancei minha cabeça. “Isso não importa. É o que eu faço. Eu não ligo.”
“É mas veja o que aconteceu. Sou eu quem ela tem algo contra – em pensar que eu ainda não
sei porque. Tanto faz. Eu vou parar isso. Eu vou proteger você de agora em diante.”
Havia uma determinação na expressão dela, uma maravilhosa confiança saindo dela que me
lembrou de como Lissa era antes do acidente. Ao mesmo tempo, eu podia sentir algo mais
nela – algo negro, um senso de uma profunda raiva. Eu tinha visto isso antes, e eu não gostei.
Eu não queria ela participando disso. Eu só a queria segura.
“Lissa, você não pode me proteger.”
“Eu posso,” ela disse ferozmente. “ Tem uma coisa que a Mia quer mais que você e eu. Ela
quer ser aceita. Ela quer sair com todos da realeza e sentir que ela é uma delas. Eu posso tirar
isso dela.” Ela sorriu. “Eu posso fazer com que eles se virem contra ela.”
“Como?”
“Contando pra eles.” Seus olhos acessos.
Minha mente estava se movendo muito devagar essa noite. Eu demorei um tempo pra
entender. “Liss – não. Você não pode usar compulsão. Não por aqui.”
“Eu posso muito bem arranjar um uso pra esses poderes estúpidos.”
Quanto mais ela usa, pior vai ficar. Pare ela, Rose. Pare ela antes que eles notem, antes que
eles notem e levem ela embora também. Tire ela daqui.
“Liss, se você for pega – “
Dimitri pos sua cabeça pra fora. “Você tem que entrar, Rose, antes que alguém encontre
você.”
Eu dei um olhar em apavorado pra Lissa, mas ela já estava se afastando. “Eu vou cuidar de
tudo dessa vez, Rose. Tudo.”

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