terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

house of night - marcada (capitulo 21)


VINTE E UM
“Oi vovó, sou eu.”
“Oh! Minha Zoeybird! Você está bem, querida?”
Eu sorri para o telefone e limpei meus olhos. “Estou bem, vovó. Só sinto sua falta.”
“Pequena ave, eu também sinto sua falta.” Ela parou e então disse, “Sua mãe ligou
para você?”
“Não.”
Vovó suspirou. “Bem, querida, talvez ela não queira te incomodar enquanto você
ainda está se ajustando a nova vida. Eu disse a ela que Neferet me explicou que seus dias
e noites estariam virados.”
“Obrigado, vovó, mas eu não acho que seja por isso que ela não me ligou.”
“Talvez ela tenha tentado e você perdeu a ligação. Eu liguei para seu celular ontem,
mas caiu na caixa postal.”
Eu senti uma onda de culpa. Eu não cheguei minha caixa postal. “Eu esqueci de
carregar o telefone. Está no meu quarto. Desculpe por ter perdido a ligação, vovó.” Então,
para fazer ela se sentir melhor (e fazer ela parar de falar sobre isso), eu disse, “Vou
checar as mensagens quando voltar para meu quarto. Talvez mamãe tenha ligado.”
“Talvez ela tenha, querida. Então, me conte, como é aí?”
“É legal. Eu quero dizer, tem várias coisas que eu gosto. Minhas aulas são legais.
Hey, vovó, estou tendo aula até de esgrima e equitação.”
“Isso é maravilhoso! Eu lembro o quanto você gostava do Bunny.”
“Eu tenho um gato!”
“Oh, Zoeybird, estou tão feliz. Você sempre amou gatos. Você fez amizades?”
“Sim, minha colega de quarto, Stevie Rae, é ótima. E eu já gosto dos amigos dela
também.”
“Então, se você está se saindo também, porque as lagrimas?”
Eu deveria saber que não posso esconder nada da vovó. “É só que... algumas coisas
sobre a Mudança são difíceis de se lidar.”
“Você está bem, não está?” Preocupação passou pela voz dela. “Sua cabeça está
bem?”
“Sim, não é nada disso. É-” Eu parei. Eu queria contar a ela; eu queria contar a ela
tanto que eu poderia explodir, mas não sabia como. E eu estava com medo – medo dela
não me amar mais. Eu quero dizer, mamãe deixou de me amar, não deixou? Ou, no
mínimo, mamãe me trocou seu novo marido. Que, de certa forma, era pior do que ela ter
deixado de me amar. O que eu faria se vovó se afastasse de mim também?
“Zoeyburd você sabe que pode me contar qualquer coisa,” ela disse gentilmente.
“É difícil, vovó.” Eu mordi o lábio para me impedir de chorar.
“Então vamos facilitar. Não tem nada que você possa dizer que faria eu deixar de
amar você. Eu sou sua vovó hoje, amanha, e no ano que vem. Serei sua avó até mesmo
depois que me juntar a nossos ancestrais no mundo espiritual, e de lá ainda vou amar
você, Pequena Ave.”
“Eu bebi sangue e eu gostei!” Eu falei.
Sem hesitar, vovó disse, “Bem, querida, não é isso que vampiros fazem?”
“Sim, mas eu não sou uma vampira. Eu sou uma caloura a apenas alguns dias.”
“Você é especial, Zoey. Sempre foi. Porque isso deveria mudar agora?”
“Eu não me sinto especial. Eu me sinto uma aberração.”
“Então lembre de algo. Você ainda é você. Não importa que você tenha sido
Marcada. Não importa que você está passando pela Mudança. Por dentro, seu espírito
ainda é seu espírito. Por fora você pode parecer um estranho familiar, mas você precisa só
olhar dentro de si para descobrir o que você sabe a 16 anos.”
“O estranho familiar...,” eu sussurrei. “Como você sabia?”
“Você é minha garota, querida. Você é a filha do meu espírito. Não é difícil entender
o que você deve estar sentido – é muito parecido com o que eu imagino que eu estaria
sentido.”
“Obrigado, vovó.”
“De nada, U-we-tsi a-ge-hu-tsa.”
Eu sorri, amando como soa a palavra Cherokee para filha – tão mágica e especial,
como se fosse um titulo dado a uma deusa. Dado a uma deusa...
“Vovó, tem outra coisa.”
“Me conte, Pequena Ave.”
“Eu acho que eu sinto os 5 elementos quando o circulo é lançado.”
“Se isso é verdade, você tem um grande poder, Zoey. E você sabe que com grande
poder vem uma grande responsabilidade. Nossa família tem uma rica história de Anciões
Tribais, Homens da Medicina, e Mulheres Sábias. Tenha o cuidado, Pequena Ave, de
pensar antes de agir. A deusa não teria te dado poderes especiais para nada. Os use
cuidadosamente, e faz Nyx, assim como os seus ancestrais, olharem para você e
sorrirem.”
“Vou fazer meu melhor, vovó.”
“É tudo que peço de você, Zoeybird.”
“Tem uma garota aqui que também tem poderes especiais, mas ela é horrível. Ela é
implicante e ela mente. Vovó, eu acho... eu acho...” Eu respirei fundo e disse o que estava
batendo na minha mente a manhã toda. “Eu acho que sou mais forte que ela e eu acho
que talvez Nyx me Marcou para tirar ela da posição em que ela esta. Mas – mas isso iria
significar que eu tenho que tomar o lugar dela, e não sei se estou pronta para isso, agora
não. Talvez nunca.”
“Siga o que teu espírito te diz, Zoeybird.” Ela hesitou, e então disse. “Querida, você
lembra da reza purificadora da nossa gente?”
Eu pensei. Eu não conseguia contar o numero de vezes que eu fui com ela ao
pequeno rio atrás da casa da vovó e a observei se banhar ritualisticamente na água
corrente enquanto falava a reza de purificação. Às vezes eu entrava no rio com ela, e dizia
a reza também. A reza foi apresentada para mim em minha infância, falava da mudança
das estações, e agradecia pela colheita, eu pela preparação do inverno que estava por vir,
assim como o que quer que fosse quando vovó tinha que enfrentar uma decisão difícil. Às
vezes eu não sabia por que ela se purificava e falava a reza. Simplesmente sempre foi
assim.
“Sim,” eu disse. “Eu lembro.”
“Tem água corrente dentro do campus?”
“Eu não sei, vovó.”
“Bem, se não tiver use um galho de reza. Salva e lavanda misturados juntos é
melhor, mas você pode usar pinho fresco se você não tiver outra opção. Você sabe o que
fazer, Zoeybird?”
“Me esfregar, começando pelos pés e indo para cima, frente e costas,” eu recitei,
como se eu fosse uma criança de novo e vovó estava me ensinando o caminho da nossa
gente. “E então me virar para o leste e falar a reza da purificação.”
“Ótimo, você lembra. Peça para a deusa por ajuda, Zoey. Eu acredito que ela vai
ouvir você. Você pode fazer isso antes do nascer do sol amanha?”
“Acho que sim.”
“Eu vou fazer a reza também, e acrescentar a voz da sua avó para pedir a deusa que
guie você.”
E de repente eu me senti melhor. Vovó nunca estava errada sobre esse tipo de coisa.
Se ela acreditava que eu ficaria bem, então eu realmente ficaria bem.
“Eu vou fazer a reza de purificação antes do amanhecer. Eu prometo.”
“Ótimo, Pequena Ave. Agora é melhor essa velha mulher deixar você ir. Você está no
meio da aula, não está?”
“Sim, estou a caminho da aula de Teatro. E, vovó, você nunca será velha.”
“Não enquanto puder ouvir sua jovem voz, Pequena Ave. Eu amo você, U-we-tsi age-
hu-tsa.”
“Eu amo você também, vovó.”
Falar com vovó tirou um enorme peso do meu coração. Eu ainda estava assustada e
surtando sobre o futuro, e não estava certa sobre a idéia de derrubar Afrodite. Sem
mencionar que eu não tinha idéia do que fazer. Mas eu tinha um plano. Ok, talvez não
fosse um “plano”, mas pelo menos era algo para fazer. Eu completaria a reza de
purificação, e então... bem... eu descobriria o que fazer depois.
É, isso vai funcionar. Ou pelo menos foi o que fiquei dizendo a mim mesma na aula.
No almoço eu decidi o lugar para fazer o ritual – debaixo da árvore onde encontrei Nala.
Eu pensei sobre isso enquanto pegava a salada atrás das Gêmeas. Árvores, especialmente
carvalhos, eram sagradas para o povo Cherokee, então essa pareceu ser uma boa
escolha. Além do mais, era isolado e um lugar fácil de chegar. Claro, Heath e Kayla tinham
me encontrado lá, mas eu não estava planejando sentar no topo da parede de novo, e eu
não conseguia imaginar Heath aparecendo no amanhecer dois dias seguidos, tendo ele
imprinted ou não. Eu quero dizer, esse era o cara que dormia até duas da tarde no verão,
todo dia. Era necessário dois despertadores e a mãe dele gritar com ele para o fazer
levantar para ir a aula. O cara não iria levantar até antes do amanhecer de novo.
Provavelmente levaria meses para ele se recuperar de ontem. Não, na verdade, ele
provavelmente saiu de casa e encontrou K (sai de fininho sempre foi fácil para ela, os pais
dela são completamente sem noção), e estiveram acordados a noite toda. O que significa
que ele perdeu aula e provavelmente estaria se fingindo de doente e dormindo nos
próximos dois dias. De qualquer forma, eu não estava preocupada com ele aparecer.
“Você acha que milhos bebês são assustadores? Tem só algo errado sobre o corpo
pequeno deles.”
Eu dei um pulo e quase derrubei a concha de molho na vasilha com o liquido branco,
e olhei para os olhos azuis de Erik enquanto ele ria.
“Oh, olá,” eu disse. “Você me assustou.”
“Z, eu acho que estou fazendo um habito aparecer de fininho pra você.”
Eu ri nervosa, muito ciente de que as Gêmeas estavam observando cada movimento
nós fazíamos.
“Você parece que se recuperou de ontem.”
“Sim, sem problemas. Estou bem. E dessa vez não estou mentindo.”
“E eu fiquei sabendo que você se juntou as Filhas Negras.”
Shaunee e Erin sugaram o ar juntas. Eu fui cuidadosa para não olhar para elas.
“Sim.”
“Isso é legal. Aquele grupo precisa de sangue novo.”
“Você diz “aquele grupo” como se você não pertencesse. Você não é um Filho
Negro?”
“Sim, mas não é o mesmo que ser uma Filha Negra. Nós somos apenas ornamentais.
Meio que o oposto do que é no mundo humano. Todos os caras sabem que só estamos lá
para parecer bem e manter Afrodite divertida.”
Eu olhei para ele, lendo algo mais nos olhos dele. “E é isso que você ainda está
fazendo, divertido Afrodite?”
“Como eu disse ontem a noite, não mais, o que é uma das razões do porque eu
realmente não me considero parte do grupo. Eu tenho certeza que elas me expulsariam se
não fosse por aquela coisinha de atuação que eu faço.”
“Você quer dizer “pequena” como na Brodway e LA* (*Los Angeles) que já estão
interessados em você.”
“É o que eu quis dizer.” Ele riu para mim. “Não é real, você sabe. Atuar é fingir. Não
é o que eu realmente sou.” Ele se curvou e sussurrou no meu ouvido. “Na verdade, eu
sou um nerd.”
“Oh, por favor. Essa cantada funciona para você?”
Ele exagerou um olhar de estar ofendido. “Cantada? Não, Z. Essa não é uma
cantada, e eu posso provar.”
“Claro que você pode.”
“Eu posso. Venha ver o filme hoje a noite. Vamos assistir meu DVD favorito de todos
os tempos.”
“Como isso prova algo?”
“É Star Wars, os originais. Eu sei as falas de todas as partes.” Ele se inclinou para
perto e sussurrou de novo. “Eu consigo fazer até as partes do Chewbacaa.”
Eu ri. “Você está certo. Você é um nerd.”
“Eu disse a você.”
Chegamos no fim do Buffet de salada e ele andou comigo até a mesa onde Damien,
Stevie Rae, e as Gêmeas já estavam sentados. E, não, eles não estavam tentado esconder
que eles estavam totalmente nos olhando feito bobos.
“Então, você vai... comigo... hoje a noite?”
Eu consegui ouvir os 4 segurando a respiração. Literalmente.
“Eu gostaria, mas hoje a noite não posso. Eu-uh – já tenho planos.”
“Oh. Ok. Bem... da próxima vez. Vejo você por aí.” Ele acenou para mesa e se
afastou.
Eu sentei. Eles estavam me encarando. “O que?” eu disse.
“Você perdeu a cabeça,” Shaunee disse.
“Meus pensamentos exatos, Gêmea,” Erin disse.
“Eu espero que você tenha uma boa razão para dispensar ele,” Stevie Rae disse. “É
obvio que você o magoou.”
“Você acha que ele me deixaria confortá-lo?” Damien perguntou, ainda olhando
sonhador para Erik.
“Desista,” Erin disse.
“Ele não joga no seu time,” Shaunee disse.
“Quieta!” Stevie Rae disse. Ela virou para mim e olhou diretamente nos olhos.
“Porque você disse a ele não? O que poderia ser mais importante que um encontro com
ele?”
“Se livrar de Afrodite,” eu disse simplesmente.

house of night - marcada (capitulo 20)


VINTE
Eu teria que falar com Neferet. Eu pensei enquanto Stevie Rae e eu nos
apressávamos para tomar café. Eu não queria falar nada para ela sobre a minha suposta
estranha reação aos elementos – eu quero dizer, eu não estava mentindo para Stevie Rae.
Eu poderia ter imaginado a coisa toda. E se eu contasse para Neferet e ela me fizesse
fazer algum tipo de teste de afinidade estranho (nessa escola, vai saber?) e ela descobrir
que eu não tenho nada a não ser uma bela imaginação? De jeito nenhum eu queria passar
por algo assim. Eu iria manter a boca fechada até saber mais. Eu também não queria dizer
nada para ela sobre eu ter achado que vi o fantasma de Elizabeth. Como se eu quisesse
que Neferet achasse que eu era louca? Neferet era legal, mas ela era uma adulta, e eu
quase podia ouvir o sermão “é só sua imaginação porque você passou por tantas
mudanças” que iria receber se eu admitisse que vi um fantasma. Mas eu precisava falar
com ela sobre o negocio de ânsia por sangue. (Droga – se eu gostava tanto porque a idéia
ainda me deixava enjoada?)
“Você acha que ela vai te seguir até a aula?” Stevie Rae disse, apontado para Nala.
Eu olhei para os meus pés onde a gata estava ronronando contente. “Ela pode?”
“Você quer dizer, se ela tem permissão?”
Eu acenei.
“Sim, gatos podem ir onde quiserem.”
“Huh,” eu disse, abaixando para coçar o topo da cabeça dela. “Eu acho que ela pode
me seguir o dia todo então.”
“Bem, estou feliz por ela ser sua não minha. Eu vi que quando o alarme disparou, ela
é totalmente uma abraçadeira de travesseiros.”
Eu ri. “Você está certa. Como uma garotinha dessas pode ter tirado meu próprio
travesseiro eu não sei.” Eu dei a ela mais uma coçada. “Vamos. Vamos nos atrasar.”
Eu levantei com uma tigela na mão, e quase dei um encontrão em Afrodite. Ela
estava, como sempre, sendo seguida por Terrível e Pronta pra Guerra. Vespa não estava a
vista (talvez ela tenha tomado um banho e derreteu quando a água a tocou – hee hee). O
nojento sorriso de Afrodite me lembrou da piranha que vi no aquário de Jenks quando
minha turma de biologia foi lá ano passado numa saída de campo.
“Olá, Zoey. Deus, você saiu com tanta pressa ontem a noite que não tive chance de
dar tchau. Pena que você não se divertiu. É uma pena, mas as Filhas Negras não são para
todos.” Ela olhou para Stevie Rae e deu um sorriso feio.
“Na verdade, eu me diverti ontem a noite, e absolutamente adorei o vestido que você
me deu!” eu disse. “Obrigado pelo convite para me juntar as Filhas Negras. Eu aceito.
Totalmente.”
O sorriso felino de Afrodite se achatou. “Verdade?”
Eu ri como se fosse uma idiota sem noção. “Verdade! Quando é a próxima reunião,
ou ritual ou tanto faz – ou eu deveria perguntar a Neferet? Eu vou ver ela essa manhã. Eu
sei que ela vai ficar feliz por saber o quão bem vinda você me fez sentir ontem a noite e
que agora eu sou uma Filha Negra.”
Afrodite hesitou por um segundo. Então ela sorriu de novo e imitou meu tom de voz
sem noção perfeitamente. “Sim, eu aposto que Neferet vai ficar feliz de saber que você se
juntou a nós, mas eu sou a líder das Filhas Negras e sei nosso horário de cor, então não
há necessidade para incomodar ela com perguntar bobas. Amanha é a celebração de
Samhain. Use o seu vestido,” ela enfatizou a palavra, e meu sorriso aumentou. Eu queria
acertar ela e acertei. “E me encontre no corredor da recreação depois do jantar, 4 da
manhã em ponto.”
“Ótimo. Estarei lá.”
“Ótimo, que surpresa agradável,” ela disse travessamente. Então, seguida por
Terrível e Pronta para guerra (que pareciam vagamente chocadas), as 3 saíram da
cozinha.
“Bruxas do inferno,” eu murmurei. Eu olhei para Stevie Rae, que estava me olhando
com uma expressão chocada.
“Você vai se juntar a elas?” ela sussurrou.
“Não é o que você acha. Anda, eu te conto no caminho para a aula.” Eu coloquei os
pratos do café da manha na lava louça e levei a muito quieta Stevie Rae, para fora. Nala
nos seguiu, ocasionalmente assobiando para qualquer gato que se atrevesse a andar
perto de mim na calçada. “Estou fazendo reconhecimento do inimigo, como você disse
ontem a noite,” eu expliquei.
“Não. Eu não gosto,” ela disse, balançando a cabeça com tanta força que fez seu
cabelo curto balançar feito louco.
“Você nunca ouviu falar do ditado ‘mantenha seus amigos perto, e seu inimigos mais
perto ainda?’ ”
“Sim, mas-“
“É tudo que estou fazendo. Afrodite se safa de muita coisa. Ela é maldosa. Ela é
egoísta. Ela não pode ser a próxima Alta Sacerdotisa de Nyx.”
Os olhos de Stevie Rae ficaram enormes. “Você vai impedir ela?”
“Bem, eu vou tentar.” E enquanto conversávamos eu senti a lua crescente na minha
cabeça formigar.
***
“Obrigado pelas coisas de gato que você conseguiu para Nala,” eu disse.
Neferet olhou para longe dos trabalhos que estava corrigindo e sorriu. “Nala – esse é
um bom nome para ela, mas você deveria agradecer Skylar não eu. Foi ele que me disse
que ela estava vindo.” Então ela olhou para a bola de pelos laranja que estava
impacientemente passando pelas minhas pernas. “Ela ficou bem próxima a você.” Os
olhos dela se ergueram de novo em direção aos meus. “Me diga, Zoey, você já ouviu a
voz dela dentro da sua cabeça, ou sabe exatamente onde ela está, mesmo quando ela
não está no mesmo lugar que você?”
Eu pisquei. Neferet achava que eu pudesse ter uma afinidade com gatos! “Não, eu –
eu não a ouço na minha cabeça. Mas ela reclama para mim bastante. E eu não saberia
dizer se sei onde ela está quando não esta comigo. Ela está sempre comigo.”
“Ela é incrível.” Neferet curvou o dedo em direção a Nala e disse, “Venha para mim,
criança.”
Instantaneamente, Nala pulou na mesa de Neferet, espalhando os papeis por todo
lado.
“Oh, deus, desculpe, Neferet.” Eu fui pegar Nala, mas Neferet me impediu. Ela
estava acariciando a cabeça de Nala, e a gata fechou os olhos e ronronou.
“Gatos são sempre bem vindos, e papeis são fáceis de organizar. Agora, o que você
queria realmente falar comigo, Zoeybird?”
Ela usou o apelido que vovó usava para me chamar e fez meu coração doer, e de
repente eu senti falta dela com uma intensidade que me fez piscar para impedir as
lagrimas.
“Você está sentindo falta do seu antiga casa?” Neferet perguntou suavemente.
“Não, na verdade não. Bem, com exceção de vovó, mas eu estive tão ocupada que
acho que só percebi agora,” eu disse culpadamente.
“Você não sente falta da sua mãe e pai.”
Ela não disse como se fosse uma pergunta, mas eu senti a necessidade de
responder. “Não. Bem, eu não tenho um pai de verdade. Ele nos deixou quando éramos
pequenas. Minha mãe casou novamente 3 anos atrás e, bem...”
“Você pode me dizer. Te dou minha palavra que vou entender,” Neferet disse.
“Eu odeio ele!” Eu disse com mais raiva do que esperei sentir. “Desde que ele se
juntou a nossa família,” – eu disse a palavra de forma sarcástica – “nada está certo. Minha
mãe mudou totalmente. É como se ela não pudesse mais ser a mulher dele e minha mãe.
Não tem sido meu lar a muito tempo.”
“Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos. Meu pai não casou de novo. Ao invés
disso, ele começou a me usar como sua esposa. Desde que eu tinha 10 até Nyx me salvar
me Marcando quando eu tinha 15 anos, ele abusou de mim.” Neferet pausou e então o
choque do que ela estava dizendo passou por mim antes dela continuar. “Então você vê,
quando digo que entendo o que é ver sua casa se transformar num lugar insuportável eu
não estou apenas falando superficialmente.”
“Isso é horrível.” Eu não sabia o que mais dizer.
“Era naquela época. Agora é simplesmente outra memória. Zoey, humanos do nosso
passado, e mesmo do presente e futuro, vão se tornar cada vez menos importantes para
você até que, eventualmente, você não vai sentir quase nada por eles. Você vai entender
isso mais enquanto sua Mudança continua.”
Tinha uma frieza na voz dela que me fez sentir estranha, e eu me ouvi dizendo, “eu
não quero parar de me importar com minha avó.”
“É claro que você não quer.” Ela disse voltando a ser quente e se importando. “É
apenas 9 horas, porque você não liga para ela? Você pode se atrasar para a aula de
teatro; eu vou avisar a professora Nola que você foi liberada.”
“Obrigada, eu gostaria disso. Mas não era isso que eu queria falar com você.” Eu
respirei fundo. “Eu bebi sangue ontem a noite.”
Neferet acenou. “Sim, as Filhas Negras freqüentemente misturam o sangue de um
calouro com o vinho. É algo que os jovens gostam de fazer. Isso te chateou, Zoey?”
“Bem, eu não soube até depois. Então, sim, me chateou.”
Neferet franziu a testa. “Não foi ético de Afrodite não te contar antes. Você deveria
ter tido a chance de rejeitar. Eu vou falar com ela.”
“Não!” eu disse um pouco rápido demais, e então me forcei a ficar calma. “Não, não
tem necessidade. Eu cuidei disso. Eu também decidi me juntar as Filhas Negras, então
não quero começar parecendo que eu quis colocar Afrodite em problemas.”
“Você provavelmente tem razão. Afrodite pode ser bem temperamental, e eu confio
que você possa cuidar de si mesma, Zoey. Nós gostamos de encorajar os calouros a
resolver os problemas que tem entre si sempre que possível.” Ela me estudou,
preocupação era obvia no rosto dela. “É normal para a primeira vez que você prova
sangue ser menos que apetitoso. Você saberia disso se estivesse conosco a mais tempo.”
“Não é isso. Era – era muito gostoso. Erik me disse que a minha reação foi bem
pouco comum.”
As perfeitas sobrancelhas de Neferet se ergueram. “É, de fato. Você também se
sentiu tonta e muito feliz?”
“Os dois,” eu disse suavemente.
Neferet olhou para a minha Marca. “Você é única, Zoey Redbird. Bem, eu acho que
seria melhor te tirar dessa sessão de sociologia, e te mover para Sociologia 415.”
“Eu preferia que você não fizesse isso,” eu disse rapidamente. “Eu já me sinto uma
aberração o suficiente com todos olhando para a minha Marca e observando para ver se
eu faço algo estranho. Se você me mudar de aula com garotos que estão aqui a 3 anos,
eles vão me achar bizarra.”
Neferet hesitou, coçando a cabeça de Nala enquanto ela considerava.
“Eu entendo o que você quer dizer, Zoey. Eu não sou uma adolescente a mais de 100
anos, mas vampiros tem longas e precisas memórias, e eu lembro como é passar pela
Mudança.” Ela suspirou. “Ok, que tal um compromisso? Eu permito que você fique na
turma dos terceiranistas, mas quero te dar os textos que usamos nas aulas mais
avançadas, e se você concordar em ler um capítulo por semana, e prometer que vai
discutir qualquer pergunta que tiver comigo.”
“Feito,” eu disse.
“Você sabe, Zoey, enquanto você Muda, você literalmente está se tornando um ser
inteiramente novo. Um vampiro não é humano, embora tenhamos sido humanos. Pode
soar censurável para você agora, mas seu desejo por sangue é tão normal para sua nova
vida quanto o seu desejo por” – ela parou e então sorriu – “coca-cola foi na sua vida
antiga.“
“Droga! Você sabe tudo?”
“Nyx me deu dons generosamente. Além da minha afinidade com nossos adoráveis
felinos e habilidade de cura, eu também sou intuitiva.”
“Você pode ler minha mente?” eu perguntei nervosa.
“Não exatamente. Mas eu pego partes das coisas. Por exemplo, eu sei que tem outra
coisa que você precisa me contar sobre ontem a noite.”
Eu respirei fundo. “Eu fique chateada depois que descobri sobre o sangue, e sai da
sala de recreação. Foi como encontrei Nala. Ela estava na árvore que fica perto do muro
da escola. Eu pensei que ela estava presa ali, então eu subi para pegar ela, e, bem,
enquanto eu estava falando com ela dois garotos da minha antiga escola me
encontraram.”
“O que aconteceu?” A mão de Neferet parou; ela não estava mais acariciando Nala, e
eu tinha toda a atenção dela.
“Não foi bom. Eles – eles estavam bêbados, altos.” Ok, eu não queria falar isso!
“Eles tentaram machucar você?”
“Não, nada disso. Foi minha ex melhor amiga e meu quase ex-namorado.”
Neferet levantou uma sobrancelha de novo.
“Bem, eu parei de sair com ele, mas ainda temos uma coisa um pelo outro.
Ela acenou como se tivesse entendido. “Continue.”
“Kayla e eu meio que brigamos. Ela me vê de forma diferente agora e eu acho que
eu também vejo ela de forma diferente. Nenhuma de nós gosta da nossa visão.” Enquanto
disse percebi que era verdade. Não era como se K tivesse mudado – na verdade, ela era
exatamente a mesma. Era só que as pequenas coisas que eu ignorava, como a falação
sem parar e seu lado maldoso, estavam agora me irritando pra falar. “De qualquer forma,
ela saiu e me deixou sozinha com Heath.” Eu parei ali, sem ter certeza de como dizer o
resto.
Os olhos de Neferet se estreitaram. “Você experimentou uma ânsia pelo sangue
dele.”
“Sim,” eu sussurrei.
“Você bebeu o sangue dele, Zoey?” A voz dela era afiada.
“Eu só provei uma gota. Eu aranhei ele. Eu não queria, mas quando ouvi o pulso dele
batendo – aquilo me fez arranhar ele.
“Então você não realmente bebeu do ferimento?”
“Eu comecei, mas Kayla voltou e nos interrompeu. Ela estava totalmente apavorada,
e foi como eu consegui fazer Heath ir embora.”
“Ele não queria?”
Eu balancei a cabeça. “Não. Ele não queria.” Eu senti como se fosse chorar de novo.
“Neferet, eu sinto muito! Eu não queria. Eu nem sabia o que eu estava fazendo até que
Kayla gritou.”
“É claro que você não percebeu o que estava acontecendo. Como uma recém
Marcada novata poderia saber sobre ânsia de sangue?” Ela tocou meu braço em um jeito
de mãe para dar segurança. “Você provavelmente não teve um Imprint* (*impressão)
com ele.”
“Imprint?”
“É o que freqüentemente acontece quando um vampiro bebe de um humano
diretamente, especialmente se há uma ligação que já estava estabelecida antes de se
beber o sangue. É por isso que é proibido para calouros beberem o sangue de humanos.
Na verdade, é extremamente desencorajado que vampiros adultos se alimentem de
humanos também. Tem uma parte toda de vampiros que acham moralmente errada e
gostariam de tornar ilegal,” ela disse.
Eu vi os olhos dela escurecerem enquanto ela falava. A expressão neles de repente
me deixou nervosa e me fez sentir um calafrio. Então Neferet piscou e os olhos dela
voltaram ao normal. Ou eu só tinha imaginado a estranha escuridão?
“Mas essa é uma discussão que deve ser deixada para a aula de sociologia dos
sestanistas.”
“O que eu faço sobre Heath?”
“Nada. Me avise se ele tentar de novo. Se ele ligar para você, não atenda. Se ele
começou o imprinting mesmo o som da sua voz ira afetar ele e funcionar como um
sedução para trazer ele até você.”
“Parece como algo vindo de Drácula,” eu murmurei.
“Não é nada parecido com aquele miserável livro!” Ela surtou. “Stoker difamou os
vampiros, o que causou a nossa gente vários problemas com humanos.”
“Eu sinto muito, eu não queria-”
Ela balançou a mão me dispensando. “Não, eu não deveria ter descontado minha
frustração sobre aquele velho e tolo livro em você. E não se preocupe com seu amigo
Heath. Eu tenho certeza que ele ficará bem. Você disse que ele estava fumando e
bebendo? Eu assumo que você quis dizer maconha?”
Eu acenei. “Mas eu não fumo,” eu adicionei. “Na verdade, ele também não
costumava e nem Kayla. Eu não entendo o que aconteceu com eles. Eu acho que eles
estão andando com alguns jogadores de futebol drogados do Union, e nenhum deles tem
senso o bastante para dizer não a eles.”
“Bem, a reação dele a você pode ter tido mais a ver com o nível de intoxicação que
um possível Imprint.” Ela pausou, tirando um bloco de notas da gaveta da mesa, e me
deu um lápis. “Mas só para prevenir, porque você não escreve o nome completo dos seus
amigos e onde eles vivem. Oh, e adicione o nome dos jogadores de futebol do Union
também, se você os conhece.”
“Porque você precisa de todos esses nomes?” Eu senti meu coração cair nos meus
pés. “Você não vai ligar para os pais deles, vai?”
Neferet riu. “Claro que não. O mal comportamento dos humanos adolescentes não é
da minha conta. Só pedi para concentrar meus pensamentos no grupo e talvez captar
algum vestígio de um possível Imprint entre eles.”
“O que acontece se você captar? O que acontece com Heath?”
“Ele é jovem e o imprint será fraco, então tempo e distancia deve fazer desaparecer
eventualmente. Se ele realmente imprinted totalmente, tem jeito de quebrar.” Eu estava
prestes a dizer que talvez ela devesse ir em frente e fazer o que pudesse para quebrar o
imprint quando ela continuou. “Nenhum dos jeitos é agradável.”
“Oh, ok.”
Eu escrevi os nomes e endereços de Kayla e Heath. Eu não fazia idéia de onde
viviam os jogadores do Union, mas eu lembrei o nome deles. Neferet levantou e foi para o
fundo da sala pegar um grosso livro cujo titulo era Sociologia 415.
“Comece com o capítulo 1 e continue até o fim. Até você ter terminado, vamos
considerar esse seu dever de casa ao invés daquele passado para o restante da turma.”
Eu peguei o livro. Era pesado e a capa parecia fria no meu quente e nervoso aperto.
“Se você tiver duvidas, qualquer um, venha me ver imediatamente. Se eu não estiver
aqui vá a meu apartamento no templo de Nyx. Entre na porta da frente e siga as escadas
na direita. Eu sou a única sacerdotisa da escola agora, então o segundo andar todo me
pertence. E não se preocupe em me perturbar. Você é minha caloura – é seu trabalho me
perturbar,” ela disse com um quente sorriso.
“Obrigado, Neferet.”
“Tente não se preocupar. Nyx tocou você e uma deusa cuida dos seus.” Ela me
abraçou. “Agora, vou contar a professora Nolan o que aconteceu com você. Vá em frente
e use o telefone da minha mesa para ligar para sua avó.” Ela me abraçou de novo e então
fechou a porta da sala de aula gentilmente atrás de dela e saiu.
Eu sentei na mesa dela e pensei sobre o quão incrível ela era, e o tempo que fazia
desde que minha mãe me abraçava daquele jeito. E por alguma razão, eu comecei a
chorar.

house of night - marcada (capitulo 19)


DEZENOVE
Meu pulso ainda estava formigando por causa do totalmente inesperado beijo (e
mordida e lambida) de Erik, e eu não tinha certeza se eu podia falar ainda, então fiquei
aliviada por ter apenas algumas garotas na sala, e elas mal olharam para mim antes de
voltarem a assistir America Next Top Model. Eu me apressei até a cozinha, pus Nala no
chão, esperando que ela não fugisse enquanto eu fazia um sanduíche. Ela não fugiu; na
verdade ela me seguiu pela cozinha como um pequeno cachorro laranja, reclamando para
mim com seu estranho não-miado. Eu continuava dizendo a ela “eu sei” e “eu entendo”
porque eu achei que ela estava gritando comigo sobre o quão idiota eu fui hoje a noite, e,
bem, ela estava certa. Sanduíche feito, eu agarrei uma sacola de pretzels (Stevie Rae
estava certa, eu não pude achar nenhuma comida porcaria descente nos armários), uma
coca (eu não me importo que tipo, só que é coca e não é diet-eca), e minha gata, e eu
subimos.
“Zoey! Estava preocupada com você! Me conte tudo.” Empoleirada na cama com um
livro, Stevie Rae estava obviamente esperando por mim. Ela estava usando seu pijama
que era estampado com chapéus de cowboy na calça de algodão, e o cabelo curto dela
estava amassado de um lado como se ela tivesse dormido em cima dele. Eu juro que ela
parecia ter uns 12 anos de idade.
“Bem,” eu disse brilhantemente. “Parece que temos um animal de estimação.” Eu me
virei para que Stevie Rae pudesse ver Nala apertada contra meu quadril. “Aqui, me ajude
antes que eu derrube algo. Se for o gato ela nunca vai parar de reclamar.”
“Ela é adorável!” Stevie Rae levantou e se apressou para tentar pegar Nala de mim,
mas a gata se grudou em mim como se alguém fosse matar ela se ela se soltasse, então
Stevie Rae pegou minha comida ao invés e a colocou da cabeceira.
“Hey, esse vestido é incrível.”
“Yeah, eu mudei de roupa antes do ritual.” O que me lembrou que eu teria que
devolver para Afrodite. Ótimo. Eu não iria ficar com o “presente,” embora Erik tenha dito
que eu deveria. De qualquer forma, devolver parecia uma boa hora para “agradecer” ela
por “esquecer” de me avisar sobre o sangue. Bruxa vadia.
“Então... como foi?”
Eu sentei na cama e dei a Nala um pretzel, o que ela prontamente começou a morder
(pelo menos ela parou de reclamar), então dei uma enorme mordida no sanduíche. Sim,
eu estava com fome, mas também estava ganhando tempo. Eu não sabia o que deveria
dizer a Stevie Rae, e o que não deveria. A coisa do sangue era apenas tão confusa –e
nojenta. Ela acharia que eu era horrível? Ela teria medo de mim?
Eu engoli e decidi começar a conversa num tópico seguro. “Erik Night me trouxe
aqui.”
“Não brinca!” Ela levantou e caiu na cama como um country Jack-dentro-da-caixa.
“Me conte tudo.”
“Ele me beijou,” eu disse, enrugando a sobrancelha para ela.
“Você deve estar brincando! Onde? Como? Foi bom?”
“Ele beijou minha mão.” Eu decidi rapidamente mentir. Eu não queria explicar todo o
negocio pulso/sangue/veia/mordida. “Foi quando ele disse boa noite. Estávamos em frente
ao dormitório. E sim, foi bom.” Eu sorri para ela com a boca cheia do sanduíche.
“Eu aposto que Afrodite cagou cachorrinhos quando você saiu da sala de recreação
com ele.”
“Bem, na verdade, eu sai antes dele e ele me alcançou. Eu, huh, fui dar uma volta
perto do muro, que foi onde encontrei Nala,” eu cocei a cabeça da gata. Ela se empoleirou
perto de mim, fechando os olhos, e começou a ronronar. “Na verdade, eu acho que ela
me encontrou. De qualquer forma, eu subi no muro porque pensei que ela precisava de
ajuda, e então – e você não vai acreditar nisso – eu vi algo que parecia com o fantasma
de Elizabeth, e então meu quase ex-namorado da SIHS, Heath, e minha ex melhor amiga
apareceram.”
“O que? Quem? Devagar. Comece com o fantasma de Elizabeth.”
Eu balancei a cabeça e mastiguei. Pelas mordidas no sanduíche eu explique. “Foi
realmente estranho e assustador. Eu estava sentada no muro acariciando Nala, e algo
chamou minha atenção. Eu olhei para baixo e tinha essa garota parada não muito longe
de mim. Ela olhou para mim, e seus olhos vermelhos brilharam, e eu juro que era
Elizabeth.”
“De jeito nenhum! Você ficou totalmente apavorada?”
“Totalmente. No segundo que ela me viu ela dei um horrível grito e fugiu.”
“Você deve ter ficado apavorada.”
“Eu estava, e eu mal tive tempo de pensar quando Heath e Kayla apareceram.”
“Como assim? Como eles poderiam estar aqui?”
“Não, não aqui, eles estavam do lado de fora do muro. Eles devem ter me ouvido
tentar acalmar Nala depois que ela completamente surtou com o fantasma de Elizabeth,
porque eles vieram correndo.”
“Nala também a viu?”
Eu acenei.
Stevie Rae tremeu. “Então ela deveria realmente estar lá.”
“Tem certeza que ela está morta?” Minha voz era quase um sussurro. “Não pode ter
sido algum erro e ela ainda está viva, mas andando pela escola?” Parecia ridículo, mas
não mais ridículo que eu a vendo como um fantasma.
Stevie Rae engoliu com força. “Ela está morta. Eu a vi morrer. Todos na aula viram.”
Ela parecia que ia chorar e todo o assunto estava me assustando, então eu mudei
para algo mais leve. “Bem, eu poderia estar errada. Talvez fosse só alguma garota com
olhos estranhos que parecia com ela. Estava escuro, e então Heath e Kayla de repente
apareceram.”
“E o que foi isso?”
“Heath disse que eles vieram me ‘salvar.’” Eu virei os olhos. “Dá pra imaginar?”
“Eles são idiotas?”
“Aparentemente. Oh, e então Kayla, minha ex melhor amiga, deixou claro que ela
está atrás de Heath!”
Stevie Rae arfou. “Vadia!”
“Nem brinca. De qualquer forma, eu disse a eles para irem embora e não voltar, e
então fiquei chateada, o que fez Erik me achar.”
“Awww! Ele foi doce e romântico?”
“Sim, ele foi, mais ou menos. E ele me chamou de Z.”
“OOOOh, um apelido é um bom sinal serio.”
“Foi o que pensei.”
“Então ele te trouxe de volta para o dormitório.”
“Sim, ele disse que me levaria para comer algo, mas a única coisa que ainda estava
aberta era a sala de recreação, e eu não queria voltar lá.” Ah, merda. Eu soube
imediatamente que não deveria ter dito isso.
“As Filhas Negras foram horríveis?”
Eu olhei para Stevie Rae com seus grandes olhos de cervo, e soube que não podia
contar a ela sobre o negocio de beber sangue. Ainda não.
“Bem, sabe como Neferet foi sexy e bonita e elegante?”
Stevie Rae acenou.
“Afrodite fez basicamente o que Neferet fez, mas ela parecia uma vadia.”
“Eu sempre achei que ela era horrível,” Stevie Rae disse, balançando a cabeça
enojada.
“Me conte.” Eu olhei para Stevie Rae e corpo, “Ontem, logo antes de Neferet me
trazer aqui eu vi Afrodite tentando dar a Erik um boquete.”
“Nãoo! Merda, ela é nojenta. Espera, você disse que ela estava tentando. Qual é
disso?”
“Ele estava dizendo não para ela, e a afastando. Ele disse que não a queria mais.”
Stevie Rae riu. “Aposto que isso fez ela perder a pouca cabeça que ela já tem.”
Eu lembrei como ela estava se jogando em cima dele, mesmo quando ele claramente
estava dizendo não. “Na verdade, eu teria sentido pena dela que ela não fosse tão...
tão...” Eu lutei para achar uma palavra certa.
“Bruxa do inferno?” Stevie Rae disse esperançosa.
“Sim, eu acho que é isso. Ela tem essa atitude, como se fosse o direito dela ser má e
nojenta com quem ela quiser, e todos deveríamos nos curvar e aceitar.”
Stevie Rae acenou. “É assim que os amigos dela são também.”
“Sim, eu conheci o horrível trio.”
“Você quer dizer, Pronta pra Guerra, Terrivel, e Arfar?”
“Exato. O que elas estavam pensando quando escolheram esses nomes horríveis?”
eu disse, jogando pretzels na minha boca.
“Elas estavam pensando exatamente o que todo o grupo delas pensa – que elas são
melhores que todo mundo e intocáveis porque a nojenta Afrodite será a próxima Alta
Sacerdotisa.”
Eu falei as próximas palavras enquanto elas passaram como sussurros pela minha
mente. “Eu não acho que Nyx vá permitir isso.”
“Como assim? Elas já estão dentro, e Afrodite é a líder das Filhas Negras desde que a
afinidade dela se tornou obvia quando ela era quintanista.”
“Qual é a afinidade dela?”
“Ela tem visões, de futuras tragédias,” Stevie Rae disse.
“Você acha que ela finge elas?”
“Oh, diabos não! Ela é incrivelmente detalhista. O que eu acho, e Damien e as
gêmeas concordam comigo, é que ela só conta sobre as visões se ela as tiver perto de
pessoas fora do grupinho dela.”
“Espera, você está dizendo que ela sabe sobre coisas ruins que vão acontecer em
tempo de impedir elas, mas ela não faz nada?”
“Sim. Semana passada ela teve uma visão no almoço, mas as bruxas se aproximaram
dela a protegendo e a levaram para fora do salão. Se Damien não tivesse se encontrado
com elas porque ele estava atrasado para o almoço, as fazendo se afastar para poder ver
que Afrodite estava tendo uma visão, ninguém iria saber. E um avião cheio de pessoas
provavelmente estariam mortas.”
Eu me engasguei com o pretzel. Entre a tosse eu disse, “Um avião cheio de pessoas!
O que diabos?”
“Sim, Damien percebeu que Afrodite estava tendo uma visão, então ele foi buscar
Neferet. Afrodite teve que contar que estava tendo uma visão, que era que ela estava
vendo um jato bater depois da decolagem. A visão dela era tão clara que ela podia
descrever o aeroporto e ler os números na cauda do avião. Neferet levou essa informação
e contatou o aeroporto de Denver. Eles checaram duas vezes o avião e encontraram
algum problema que eles não tinham notado antes, e falaram que se não tivesse sido
arrumado o avião teria caído imediatamente depois da decolagem. Mas eu sei muito bem
que Afrodite não teria dito uma palavra se não tivesse sido pega, em pensar que ela
inventou uma bela desculpa que os amigos dela a levaram para fora do salão porque eles
sabiam que ela tinha que falar com Neferet imediatamente. Totalmente vaca.”
Eu comecei a dizer que eu não conseguia acreditar que até Afrodite e suas bruxas
iriam propositalmente permitir a morte de centenas de pessoas, mas então lembrei do
odioso discurso que elas disseram – homens humanos são uma merda... todos deveriam
morrer – e percebi que elas não estavam só falando; elas estavam sendo serias.
“Então porque Afrodite não mentiu para Neferet? Você sabe, falar para ela que era
uma aeroporto diferente ou mudar os números do avião ou algo assim?”
“É quase impossível mentir para vampiros, especialmente quando eles fazem uma
pergunta direta. E, lembre-se, Afrodite quer ser uma Alta Sacerdotisa mais do que
qualquer coisa. Se Neferet acreditar que ela é tão virada quanto é, iria prejudicar
seriamente os planos dela.”
“Afrodite não tem que ser uma Alta Sacerdotisa. Ela é egoísta e odiosa, assim como
as amigas dela.”
“Sim, bem, Neferet não acha, e ela é a mentora dela.”
Eu pisquei surpresa. “Você tem que estar brincando! E ela não vê essa merda que a
Afrodite faz?” Isso não podia estar certo; Neferet era mais inteligente que isso.
Stevie Rae deu nos ombros. “Ela age de forma diferente perto de Neferet.”
“Mas ainda sim...”
“E ela tem uma poderosa afinidade, o que tem que significar que Nyx tem planos
especiais para ela.”
“Ou ela é um demônio do inferno, e ela consegue seus poderes do lado negro. Olá!
Ninguém viu Star Wars? Era difícil acreditar que Anakin Skywalker iria se virar, e veja o
que aconteceu.”
“Uh, Zoey. Isso é tipo, totalmente fictício.”
“Ainda sim, faz um bom ponto.”
“Bem, tente dizer isso a Neferet.”
Eu mastiguei o sanduíche e pensei. Talvez eu devesse. Neferet parecia inteligente
demais para cair nos joguinhos de Afrodite. Ela provavelmente já sabia que algo estava
acontecendo com as bruxas. Talvez tudo que ela precisasse era que alguém se
apresentasse e falasse algo para ela.
“Então, alguém tentou falar para ela sobre Afrodite?” eu perguntei.
“Não que eu saiba.”
“Porque não?”
Stevie Rae parecia desconfortável. “Bem, eu acho que seria meio dedo duro. De
qualquer forma, o que diríamos a Neferet? Que achamos que Afrodite pode estar
escondendo suas visões, mas que a única prova que temos é que ela é uma odiosa
vadia?”
Stevie Rae balançou a cabeça. “Não, não consigo ver isso funcionando muito bem
com Neferet. Além do mais, se por algum milagre ela acreditar em nós, o que Neferet
faria? Não é como se ela pudesse expulsar ela da escola para que ela tussa até a morte
nas ruas. Ela ainda estaria aqui com seu bando de bruxas e todos aqueles caras que
fariam qualquer coisa por ela se ela erguesse seus dedos para eles. Eu acho que só não
vale a pena.”
Stevie Rae tinha razão, mas ainda sim eu não gostei. Eu realmente, realmente não
gostei.
As coisas poderiam ser diferentes se uma caloura mais poderosa tomasse o lugar de
Afrodite como a líder das Filhas Negras.
Eu dei um pulo me sentindo culpada, e escondi isso tomando um grande gole de
coca. O que eu estava pensando? Eu não tinha fome de poder. Eu não queria ser uma Alta
Sacerdotisa ou ficar no meio da irritante batalha com Afrodite e metade da escola (a parte
mais atraente, dela). Eu só queria encontrar um lugar para mim nessa nova vida, um
lugar que parecesse um lar – um lugar que eu me encaixasse e fosse como o resto do
pessoal.
Então lembrei do choque durante os dois círculos, e como os elementos pareceu
tomar meu corpo, e como eu tive que me forçar a ficar no circulo e não me juntar a
Afrodite enquanto ela falava.
“Stevie Rae, quando um círculo está sendo feito, você sente algo?” eu perguntei
brutamente.
“Como assim?”
“Bem, como quando o fogo é chamado no circulo, você sente calor?”
“Não. Eu quero dizer, eu realmente gosto do negocio do circulo, e às vezes quando
Neferet está rando eu sinto uma onda de energia viajando pelo circulo, mas é só isso.”
“Então você nunca sentiu uma brisa quando o vento é chamado, ou sentiu o cheiro
de chuva com a água, ou sentiu a grama nos pés com a terra?”
“Não mesmo. Só uma Alta Sacerdotisa com grandes afinidades com esses elementos
iria -” Ela parou e de repente os olhos dela se alargaram. “Você está dizendo que você
sentiu essas coisas? Qualquer uma dessas coisas?”
Eu me curvei. “Talvez.”
“Talvez!” Ela gritou. “Zoey! Você tem idéia do que isso pode significar?”
Eu balancei a cabeça.
“Semana passada na aula da sociologia estávamos estudando sobre a mais famosa
Alta Sacerdotisa da história. Não a uma sacerdotisa com afinidade para os 4 elementos em
centenas de anos.”
“Cinco,” eu disse miseravelmente.
“Todos os cinco! Você sentiu algo com o espírito também”
“Sim, eu acho que sim.”
“Zoey! Isso é incrível. Eu não acho que tenha existido uma sacerdotisa que tenha
sentido os 5 elementos.” Ela acenou para a minha Marca. “É isso. Isso significa que você é
diferente, e você realmente é.”
“Stevie Rae, isso pode ficar só entre nós por enquanto? Eu quero dizer, nem contar a
Demien e as Gêmeas? Eu só – eu só quero tentar descobrir isso sozinha por um tempo. Eu
acho que tudo está acontecendo rápido demais.”
“Mas Zoey, eu-“
“E eu posso estar errada,” eu interrompi. “E se eu apenas estivesse excitada e
nervosa porque eu nunca estive em um ritual antes? Você sabe o quão embaraçoso seria
se eu contasse as pessoas, “hey, eu sou a única caloura que já teve uma afinidade com os
5 elementos” e então acabar sendo os nervos?”
Stevie Rae mordeu as bochechas. “Eu não sei, eu ainda acho que você deveria contar
a alguém.”
“Sim, então Afrodite e seu bando poderia estar bem ali para ir se acabar que eu
apenas estava imaginando tudo.”
Stevie Rae empalideceu. “Oh, cara. Você está totalmente certa. Isso seria horrível. Eu
não vou dizer nada até você estar pronta. Prometo.”
A reação dela me lembrou. “Hey, o que Afrodite fez com você?”
Stevie Rae olhou para o colo, colocando as mãos juntas, e encolhendo os ombros
como se ela de repente tivesse tido um calafrio. “Ela me convidou para um ritual. Eu não
estava aqui a muito tempo, só fazia um mês, e eu estava meio excitada que aquele grupo
me queria.” Ela balançou a cabeça, ainda não olhando para mim. “Foi idiotice minha, mas
eu não conhecia ninguém muito bem ainda, e eu pensei que talvez ficássemos amigas.
Então eu fui. Mas eles não queriam que eu fosse um deles. Eles queriam que eu fosse um
– um- refrigerador: como se eu não fosse boa para nada a não ser dar sangue para elas.
Elas me fizeram chorar e quando eu disse não elas riram e me expulsaram. Foi assim que
conheci Damien, e Erin e Shaunee. Eles estavam juntos e me viram sair da sala de
recreação, então eles me seguiram e me falaram para mim não me preocupar. Eles são
meus amigos desde então.” Ela finalmente olhou para mim. “Eu sinto muito. Eu teria dito
algo antes, mas eu sabia que elas não tentariam fazer isso com você. Você é muito forte,
e Afrodite estava curiosa sobre a sua Marca. Além do mais, você é bonita o suficiente para
ser uma delas.”
“Hey, você também é!” Eu me senti enjoada ao pensar que Stevie Rae estava jogada
naquela cadeira como Elliott... sobre beber o sangue de Stevie Rae.
“Não, eu só sou meio fofa. Eu não sou uma delas.”
“Eu também não sou!” eu gritei, fazendo Nala acordar e ronronar sem parar para
mim.
“Eu sei que você não é. Não foi o que eu quis dizer. Eu só quis dizer que elas iriam te
querer no grupo delas, então elas não iam tentar te usar desse jeito.”
Não, elas conseguiram me enganar e tentaram o máximo me apavorar. Mas por quê?
Espera! Eu sabia o que elas estavam aprontado. Erik disse que a primeira vez que ele
bebeu sangue ele odiou, e vomitou. Eu estava aqui apenas 2 dias. Elas queriam fazer algo
que iria me enojar tanto que eu ficaria assustada para não me aproximar delas ou do
ritual delas.
Elas não queriam que eu fosse parte das Filhas Negras, mas elas também não
queriam contar a Neferet que elas não me queriam. Ao invés disso, elas queriam que eu
me recusasse a me juntar a elas. Por qualquer que fosse a razão, a tirana Afrodite queria
me manter longe das Filhas Negras. Tiranos sempre me irritaram, o que significa,
infelizmente, que eu sabia o que tinha que fazer.
Ah, merda. Eu iria me juntar as Filhas Negras.
“Zoey, você não está com raiva de mim está?” Stevie Rae disse baixinho.
Eu pisquei, tentando limpar a garganta. “É claro que não! Você está certa; Afrodite
não tentou fazer com que eu doasse sangue.” Eu joguei o ultimo pedaço do sanduíche na
boca, e mastiguei rápido. “Hey, estou realmente acabada. Você acha que pode me ajudar
a achar uma caixa para Nala para mim poder dormir um pouco?”
Stevie Rae instantaneamente se alegrou, e pulou da cama com sua alegria normal.
“Olha isso.” Ela praticamente pulou para o lado do quarto e segurou uma enorme mala
que tinha FELICIA SOUTHERN LOJA DE AGRICULTA, 2616. HARVARD, TULSA escrita com
enormes letras brancas. Daquilo ela colocou no chão uma pequena caixa, uma tigela de
comida e outra de água, uma caixa com comida de gato (com proteção extra), e um saco
de areia.
“Como você sabia?”
“Eu não sabia. Estava na frente da nossa porta quando voltei do jantar.” Ela pegou
no fundo da bolsa e puxou um envelope e uma adorável colar de couro rosa que tinha
espinhos em miniatura prateados ao redor.
“Aqui, é pra você.”
Ela me entregou o envelope, que agora eu podia ver tinha meu nome escrito,
enquanto ela colocava Nala no seu colar. Dentro, escrita em uma linda letra tinha uma
linha.
Skylar me disse que ela estava vindo. Estava assinado apenas com uma letra: N

house of night - marcada (capitulo 18)


DEZOITO
“Você está bem?”
“Sim, estou bem. Totalmente. Bem.” Eu menti.
“Você não parece bem,” Erik disse. “Se importa se eu sentar?”
“Não, vá enfrente,” eu disse com indiferença. Eu sabia que eu meu nariz estava
vermelho. Meu nariz definitivamente estava escorrendo quando ele chegou, e eu tinha a
suspeita que ele viu pelo menos parte do pesadelo que ocorreu entre Heath e eu. A noite
estava ficando cada vez pior. Eu olhei para ele e decidi, que diabos, eu posso muito bem
continuar com a tendência. “Caso você não tenha percebido, fui eu que viu a pequena
cena entre você e Afrodite no corredor ontem.”
Ele nem hesitou. “Eu sei, eu queria que você não tivesse. Eu não quero que você
tenha a idéia errada sobre mim.”
“E que idéia seria essa?”
“Que tem mais acontecendo Afrodite e eu do que realmente está.”
“Não é da minha conta,” eu disse.
Ele deu nos ombros. “Eu só quero que você saiba que eu e ela não estávamos mais
saindo.”
Eu quase disse que parecia que Afrodite não sabia disse, mas então eu pensei sobre
o que aconteceu entre Heath e eu, e com um senso de surpresa eu percebi que talvez eu
tenha julgado Erik muito duramente.
“Ok. Vocês não estão saindo,” eu disse.
Ele sentou quieto do meu lado por um tempo, e quando ele falou de novo eu achei
que ele soava quase com raiva. “Afrodite não te falou sobre o sangue no vinho.”
Ele disse como uma pergunta, mas mesmo assim eu respondi. “Não.”
Ele balançou a cabeça e eu vi ele cerrar os dentes. “Ela me disse que ela iria. Ela
disse que te avisou quando você estava trocando suas roupas para que caso você não
estivesse concordando com isso, você não tomasse da taça.”
“Ela mentiu.”
“Não é uma surpresa muito grande,” ele disse.
“Você acha?” eu podia sentir minha própria raiva crescendo dentro de mim. “Essa
coisa toda foi errada. Eu fui pressionada a ir para o ritual das Filhas Negras onde fui
enganada para beber sangue. Então me encontrei com meu quase ex-namorado que só
acontece de ser 100% humano, e ninguém se incomodou de me explicar que o menor
espectro do sangue dele iria me transformas em... em... um monstro.” Eu mordi meus
lábios e me segurei na minha raiva para não começar a chorar de novo. Eu também decidi
que não diria nada sobre ter achado que vi o fantasma de Elizabeth – isso era muito
estranho para admitir em uma noite só.
“Ninguém te explicou porque é algo que não deveria começar a afetar você até você
ser um sestanista,” ele disse baixinho.
“Huh?” eu voltei a ser incrivelmente articulada.
“Desejar por sangue normalmente não acontece até você ser uma sestanista e ter
quase completado a Mudança. De vez enquando você ouve falar de um quintanista que
tem que lidar com isso mais cedo, mas isso não acontece muito freqüentemente.”
“Espera – o que você está dizendo?” Parecia que abelhas estavam zunindo ao redor
da minha mente.
“Você começa a ter aulas sobre desejar sangue e outras coisas que vampiros
maduros tem que lidar durante seu quinto semestre, no seu ultimo ano, é o que a escola
se foca principalmente – nisso e no que você decidir se formar.”
“Mas eu sou uma terceiranista – e por pouco quero dizer, eu fui Marcada a dois
dias.”
“Sua Marca é diferente; você é diferente,” ele disse.
“Eu não quero ser diferente!” Eu percebi que eu estava gritando e controlei minha
voz. “Eu só quero descobrir como passar por isso como todo mundo.”
“Tarde demais, Z,” ele disse.
“E agora?”
“Eu acho melhor você falar com sua mentora. É Neferet, não?”
“Sim,” eu disse miseravelmente.
“Hey, anime-se. Neferet é ótima. Ela mal pega um calouro para ser mentora mais,
então ela deve realmente acreditar em você.”
“Eu sei, eu sei. É só que isso me faz sentir...”
Como eu me sentia sobre falar com Neferet sobre o que aconteceu hoje a noite?
Embaraçada. Como se eu tivesse 12 anos de idade de novo e tive que dizer a meu
professor de Ed. Física que eu tinha começado a menstruar e tinha que ir para o meu
armário mudar meu shorts. Eu olhava de lado para Erik. Ali ele estava sentado, lindo e
atraente e perfeito. Diabos. Eu não podia dizer isso a ele. Então ao invés disso eu falei,
“Idiota. Me faz sentir idiota.” O que não era exatamente uma mentira, mas me fazia sentir
na maioria, além de embaraçada e idiota, era assustada. Eu não queria que isso fizesse
que fosse impossível eu me encaixar.
“Não se sinta idiota. Na verdade você está bem na nossa frente.”
“Então...,” eu hesitei, então respirei fundo e continuei, “você gostou do gosto do
sangue na taça hoje a noite?”
“Bem, aqui é o negocio com isso: Meu primeiro Ritual de Lua Cheia com as Filhas
Negras foi quando eu estava no fim de ser terceiranista. Com exceção do “refrigerador”
naquela noite, eu era o único terceiranista lá – como você hoje a noite.” Ele deu uma
pequena e humorada risada. “Elas só me convidaram porque eu cheguei a final da
competição de Solilóquio de Shakespeare e iria voar para Londres no dia seguinte.” Ele
olhou para mim e parecia envergonhado.” Ninguém da House of Night chegou na final em
Londres. Era um negocio grande.” Ele balançou a cabeça gozando de si mesmo. “Na
verdade, eu achei que eu fosse um negocio grande. Então as Filhas Negras me
convidaram a me juntar a elas, e eu me juntei. Eu sabia sobre o sangue. Me deram a
oportunidade de recusar. Eu não recusei.”
“Mas você gostou?”
Dessa vez ele riu de verdade. “Eu tive ânsia e vomitei as tripas pra fora. Foi a coisa
mais nojenta que eu já experimentei.”
Eu gemi. Minha cabeça caiu pra frente e eu pus meu rosto nas mãos. “Você não está
me ajudando.”
“Porque você achou que era bom?”
“Melhor que bom,” eu disse, meu rosto ainda nas mãos. “Você disse que foi a coisa
mais nojenta que você já provou? Eu achei que foi a mais deliciosa. Bem, a mais deliciosa
até -” eu parei, percebendo o que estava pra dizer.
“Até você provar sangue fresco?” ele perguntou gentilmente.
Eu balancei a cabeça, com medo de falar.
Ele puxou minhas mãos, o que fez meu rosto corar. Então ele pôs os dedos debaixo
do meu queixo e me forçou a olhar direto para ele. “Não fique embaraçada ou com
vergonha. É normal.”
“Amar o gosto de sangue não é normal. Não para mim.”
“Sim, é. Todos os vampiros tem que lidar com a ânsia por sangue,” ele disse.
“Eu não sou uma vampira!”
“Talvez você não seja – ainda. Mas você com certeza não é uma caloura normal, e
não tem nada errado com isso. Você é especial, Zoey, e especial pode ser incrível.”
Devagar, ele tirou os dedos do meu queixo e, como ele tinha feito mais cedo,
tracejou a forma de um pentagrama suavemente por cima da minha Marca. Eu gostei do
jeito que os dedos dele pareciam quando ele tocou na minha pele – quente e um pouco
rústico. Eu também gostei de que ter ele perto de mim não começava todas aquelas
estranhas reações que aconteciam quando eu estava perto de Heath. Eu quero dizer, eu
não podia ouvir o sangue de Erik pulsando no seu pulso e no pescoço. Não que eu me
importasse se ele me beijasse...
Diabos! Eu estava me tornando uma vampira vadia? O que vinha a seguir? Poderiam
os machos de qualquer espécie (o que pode incluir Damien) estar seguros ao meu redor?
Talvez eu devesse evitar todos os caras até eu descobrir o que estava acontecendo
comigo e saber como me controlar.
Então lembrei que eu tentei evitar todos, e esse era o motivo deu ter acabado aqui
pra começo de conversa.
“O que você está fazendo aqui, Erik?”
“Eu segui você,” ele disse simplesmente.
“Por quê?”
“Eu entendi o que Afrodite tinha aprontado e achei que você precisaria de um amigo.
Você é colega de Stevie Rae, certo?”
Eu acenei.
“Sim, eu pensei em encontrar ela e mandar ela aqui pra você, mas eu não sabia se
você iria querer que ela soubesse sobre...” Ele pausou e fez um vago gesto em direção a
sala de recreação.
“Não! Eu – eu não quero que ela saiba.” Eu tropecei nas palavras, e as disse rápido.
“Foi o que eu pensei. Então, é por isso que você está presa aqui comigo.” Ele sorriu e
então pareceu meio desconfortável. “Eu realmente não queria ouvir a conversa entre você
e Heath. Sinto muito sobre isso.”
Eu me foquei em acariciar Nala. Então, ele viu Heath me beijar, e viu o negocio do
sangue. Deus, que embaraçoso... Então uma idéia passou por mim e eu olhei para ele,
sorrindo ironicamente. “Acho que isso nos deixa quite. Eu também não queria ouvir você e
Afrodite.”
Ele sorriu para mim. “Estamos quites. Eu gosto disso.”
O sorriso dele fez meu estomago fazer coisas engraçadas. “Eu realmente não teria
voado para baixo e sugado o sangue de Kayla,” eu consegui dizer.
Ele riu. (Ele tinha uma ótima risada.) “Eu sei disso. Vampiros não podem voar.”
“Mas eu assustei ela,” eu disse.
“Pelo que eu vi, ela mereceu.” Ele esperou um pouco e depois disse, “Posso te
perguntar algo? É meio pessoal.”
“Hey, você me viu beber sangue de uma taça e gostar, vomitar, beijar um cara,
lamber o sangue dele como se fosse um cachorro, e então chorar. E eu vi você recusar
um boquete. Eu acho que eu dou um jeito de responder uma pergunta meio pessoal.”
“Ele realmente estava em transe? Ele parecia e soava como se estivesse.”
Eu me contorci desconfortavelmente e Nala reclamou para mim até eu voltar a
acariciar ela.
“Pareceu que ele estava,” eu finalmente consegui dizer. “Eu não sei se era transe ou
não – e eu totalmente não queria colocar ele sob o meu poder ou nada estranho desse
jeito – mas ele mudou. Eu não sei. Ele estava bebendo e fumando. Ele podia só estar
alto.” Eu ouvi a voz de Heath de novo, reaparecendo na minha memória como uma
nevoa: Sim... o que você quiser... eu faço o que você quiser. E eu vi o olhar intenso que
ele me deu. Diabos, eu nem sabia que Heath o Atleta era capaz de tamanha intensidade
(pelo menos fora do campo de futebol). Eu tinha certeza que ele não conseguia soletrar a
palavra (intensidade, não futebol).
“Ele estava assim o tempo todo, ou apenas depois... um... você começou a-“
“Não o tempo todo. Por quê?”
“Bem, isso exclui as duas coisas que poderiam fazer ele agir estranho. Uma – se ele
estivesse alto ele estaria assim o tempo todo. Dois – ele podia estar agindo assim porque
você é bem bonita, e só isso faz um cara parecer que está em transe ao redor de você.”
As palavras dele fizeram algo flutuar no meu estomago de novo – algo que nenhum
cara me fez sentir antes. Não que Heath o Jogador, ou Jordon o Preguiçoso, ou Jonathan
o Idiota Garoto de uma Banda (meu histórico de namorados não é longo, mas é colorido).
“Verdade?” eu disse como uma retardada.
“Verdade.” Ele sorriu muito tranquilamente.
Como esse cara podia gostar de mim? Eu sou uma sugadora de sangue nerd.
“Mas não é isso, porque ele deve ter notado o quão quente você parecia antes de
você beijar ela, e o que você está dizendo é que ele não parecia em transe até o sangue
entrar na jogada.”
(Entrar – hee hee – ele realmente disse entrar.) Eu estava muito ocupada rindo
idiotamente do complexo vocabulário dele para pensar em responder a ele. “Na verdade,
começou quando eu ouvi o sangue dele.”
“Hã?”
Ah, merda. Eu não queria dizer isso. Eu limpei minha garganta. “Heath começou a
mudar quando eu ouvi o sangue bombear pelas veias delas.”
“Apenas vampiros adultos podem ouvir isso.” Ela parou e então, com um rápido
sorriso adicionou, “E Heath soa como o nome de uma estrela gay de uma opera.”
“Perto. Ele é a estrela do time de futebol.”
Erik acenou e parecia divertido.
“Uh, alias, eu gostei para o que você mudou o seu nome. Night é um sobrenome
muito legal,” eu disse, tentando manter minha parte da conversa e dizer algo levemente
insignificante.
Ele sorriu abertamente. “Eu não mudei. Erik Night foi o nome em que eu nasci.”
“Oh, bem. Eu gosto.” Porque alguém simplesmente não atira em mim?
“Obrigado.”
Ele olhou para o relógio e eu pude ver que era quase 6:30 – da manhã, o que
parecia estranho.
“Vai amanhecer logo,” ele disse.
Supondo que essa era a deixa para nós seguirmos nossos caminhos separados, eu
comecei a me ajeitar e a segurar Nala melhor para poder levantar, e senti a mão de Erik
por baixo do meu cotovelo, me segurando. Ele me ajudou a levantar e então só ficou
parado ali, tão perto que o rabo de Nala estava passando contra o suéter preto dele.
“Eu te perguntaria se você quer algo para comer, mas o único lugar servindo comida
agora é a sala de recreação, e eu não acho que você quer voltar lá.”
“Não, definitivamente não. Mas não estou com fome de qualquer jeito.”
O que, eu percebi assim que eu disse, que era uma enorme mentira. Ao mencionar
comida eu percebi que estava com fome.
“Bem, você se importa que eu te leve para o teu dormitório?” ele perguntou.
“Não,” eu disse, tentando parecer não falante.
Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas iriam totalmente morrer se me vissem com Erik.
Não dissemos nada enquanto começamos a andar, mas não foi um estranho e
desconfortável silencio. Na verdade, foi bom. De vez em quando nossos braços se
tocavam e pensei sobre o quão alto e fofo ele era e o quão eu gostaria que ele segurasse
minha mão.
“Oh,” ele disse depois de um tempo, “eu não terminei de responder sua pergunta
antes. Da primeira vez que eu senti o gosto de sangue no ritual das Filhas Negras eu
odiei, mas ficou melhor a cada vez. Eu não posso dizer que acho que é delicioso, mas
ficou melhor. E eu definitivamente gosto do jeito que me faz sentir.”
Eu olhei afiadamente para ele. “Tonto e meio e fraco nos joelhos? Como se estivesse
bêbado, mas não estando.”
“Sim. Hey, você sabia que é impossível para um vampiro ficar bêbado?” Eu balancei a
cabeça. “É algo sobre a Mudança que acontece no seu metabolismo. É difícil até para
calouros ficarem bêbados.”
“Então beber sangue é o jeito que vampiros ficam bêbados?”
Ele deu nos ombros. “Eu suponho que sim. De qualquer forma, beber sangue
humano é proibido para os calouros.”
“Então porque ninguém informou aos professores o que Afrodite pretende?”
“Ela não bebe sangue humano.”
“Uh, Erik, eu estava lá. Havia definitivamente sangue no vinho e veio daquele garoto
Elliottt.” Eu tremi. “E que escolha nojenta.”
“Mas ele não é humano,” Erik disse.
“Espera – é proibido beber sangue humano,” eu disse devagar. (Oh, diabos! Foi o
que eu acabei de fazer.) “Mas não tem problema beber o sangue de outro calouro?”
“Só se for consensual.”
“Isso não faz sentido.”
“Claro que faz. É normal para nossa ânsia por sangue se desenvolver enquanto
nossos corpos Mudam, então precisamos de uma saída. Calouros curam rapidamente,
então não há perigo de alguém se machucar. E não tem efeitos colaterais, como quando
um vampiro se alimenta de um humano vivo.”
O que ele estava dizendo estava batendo na minha cabeça como aquela musica
irritante e muito alta que toca na Wet Seal* (* uma loja), e eu falei a primeira coisa que
eu pude pensar.
“Humano vivo?” eu disse. “Me diga que você não quer dizer versos se alimentar de
um cadáver.” Eu estava me sentindo um pouco nauseada de novo.
Ele riu. “Não, significa versos beber sangue colhido dos vampiros doadores de
sangue.”
“Nunca ouvi falar.”
“A maioria dos humanos não ouviu. Você vai aprender sobre isso até ser uma
quintanista.”
Então mais do que ele disse passou pela confusão na minha mente. “O que você quis
dizer sobre efeitos colaterais?”
“Acabamos de aprender em Sociologia Vampira 321. Parece que quando um vampiro
adulto se alimenta de um humano vivo, pode se formar um laço muito forte. Nem sempre
acontece por parte do vampiro, mas o humano se liga muito facilmente. É perigoso para
um humano. Eu quero dizer, pense sobre isso. A perda de sangue não é uma coisa boa.
Então acrescente o fato que vivemos décadas a mais que os humanos, às vezes séculos.
Veja do ponto de vista de um humano; seria uma droga estar totalmente apaixonado por
alguém que parece nunca envelhecer enquanto você fica velho e enrugado e então
morre.”
De novo eu pensei sobre o deslumbrado, mas intenso jeito que Heath olhou para
mim, e eu sabia que, não importava o quão difícil fosse, eu tinha que contar tudo a
Neferet.
“Sim, isso seria uma droga,” eu disse fracamente.
“Aqui estamos nós.”
Eu fiquei surpresa por ver quando ele parou no dormitório das garotas. Eu olhei para
ele.
“Bem, obrigado por me seguir – eu acho,” eu disse, com um sorriso seco.
“Hey, qualquer hora que você quiser que alguém se intrometa sem ser convidado, eu
sou o cara para você.”
“Vou manter isso em mente,” eu disse. “Obrigado.” Eu pus Nala no colo e comecei a
abrir a porta.
“Hey, Z,” ele chamou.
Eu virei.
“Não devolva o vestido a Afrodite. Por ela ter incluído você no circulo hoje a noite ela
formalmente ofereceu a você uma posição nas Filhas Negras, e é uma tradição que a Alta
Sacerdotisa em treinamento de um presente ao novo membro na primeira noite dele. Eu
não imagino que você queira se juntar, mas você ainda tem o direito de ficar com o
vestido. Especialmente porque você fica muito melhor nele do que ela.” Ele se inclinou e
pegou minha mão (a que não estava segurando minha gata), e a virou para que meu
pulso estivesse para cima. Então ele pegou seu dedo e o passou pela veia que estava mais
visível, fazendo meu pulso pular feito louco.
“E você também deveria saber que eu sou o cara pra você se você decidir tomar
mais um pouco de sangue. Mantenha isso em mente também.”
Erik se curvou e, ainda me olhando nos olhos, ele levemente mordeu o ponto onde
havia pulso no meu pulso antes de beijar o lugar suavemente. Dessa vez os sentimento de
flutuar no meu estomago foi mais intenso. Os lábios dele ainda estavam em meu pulso e
ele encontrou meus olhos e eu senti um calafrio de desejo passar pelo meu corpo. Eu
sabia que ele podia me sentir tremer. Ele deixou a língua dele passar pelo meu pulso, o
que me fez tremer de novo. Então ele sorriu para mim e se afastou na luz do pré
amanhecer.

A.Vampiro - aura negra (capitulo 5)


CINCO
Eu não tinha idéia do que Dimitri estava falando, mas eu o segui obediente.
Para minha surpresa, ele me levou para fora dos limites do campus até um floresta ali perto. A
Academia era dona de muitas terras, e nem toda ela era ativa para propósitos educacionais.
Nós estávamos numa parte remota de Montana, e de vez em quando, parecia que a escola
estava segurando a imensidão.
Nós andamos em silencio por um tempo, nossos pés pisando sobre a densa, e continua neve.
Alguns pássaros voavam, cantando para o sol nascente, mas o que eu vi principalmente era
uma confusão de arvores verdes cobertas de neve. Eu tive que me esforçar para acompanhar o
longo caminhar de Dimitri, especialmente já que a neve me atrasou um pouco. Logo,
enxerguei uma grande, e negra forma em frente. Algum tipo de construção.
“O que é isso?” eu perguntei. Antes que ele pudesse responder, eu me dei conta que era uma
pequena cabana, feita de troncos de arvore e tudo mais. Examinando atentamente percebi
que os troncos pareciam gastos e apodrecidos em alguns lugares. O teto tinha afundado um
pouco.
“Antigo posto de vigiar,” ele disse. “Guardiões costumavam viver na beiras do campus para
manter a vigia contra os Strigoi.”
“Porque eles não fazem mais isso?”
“Nós não temos guardiões o suficiente. Além do mais,os Moroi colocaram magia de proteção o
suficiente no campos que a maioria não acha que é necessário ter alguém de guarda.” Desde
que nenhum humano pegasse as wards, eu pensei.
Por alguns breves momento, eu esperei que Dimitri estivesse me levando para alguma
escapada romântica. Então eu ouvi vozes no lado oposto da construção. Um sentimento
familiar cruzou minha mente. Lissa estava ali.
Dimitri e eu contornamos a construção, aparecendo em uma cena surpreendente. Havia um
pequeno e congelado lago, e Christian e Lissa estavam esquiando nele. Uma mulher que eu
não conhecia estava com eles, mas ela estava de costas pra mim. Tudo o que eu podia ver era
uma onda de cabelos negros que se moviam ao redor dela enquanto ela patinava em uma
parada graciosa.
Lissa riu quando me viu. “Rose!” Christian olhou para mim quando ela falou, e eu tive a distinta
impressão que ele sentia que eu havia me intrometido no momento romântico deles.
Lissa se moveu com um estranho caminhar com a ponta dos pés. Ela não estava muito
adaptada com patinação.
“Eu pensei que você estava ocupada,” ela disse. “E isso é segredo de qualquer forma. Nós não
deveríamos estar aqui.” Eu poderia ter dito isso a eles.
Christian patinou para perto dela, e a mulher desconhecida o seguiu.”Você trouxe penetras
Dimka?” ela perguntou.
Eu me perguntei com quem ela estava falando, até que eu ouvi Dimitri ouvi. Ele não fazia isso
freqüentemente, e minha surpresa aumentou. “É impossível manter Rose longe de lugares que
ela não pode ir. Ela sempre os encontra eventualmente.”
A mulher riu e se virou, virando seu cabelo para um lado dos ombros, então eu vi todo o seu
rosto. Foi necessário cada centímetro de meu já duvidoso controle para não reagir. Seu rosto
em forma de coração tinha grandes olhos exatamente da mesma tonalidades dos de Christian,
um pálido e invernal azul. Os lábios que sorriam para mim eram delicados e bonitos, com um
tom de batom que destacava suas feições.
Mas nas suas bochechas, estragando o que seria uma pele suave havia uma saliente cicatriz.
Sua forma dava a impressão de que alguém tinha mordido e arrancado partes de sua
bochecha. O que, eu percebi, tinha sido exatamente o que tinha acontecido.
Eu engoli, eu sabia quem ela era. Era a tia de Christian. Quando os pais dele tinham se tornado
Strigoi, eles voltaram para pegá-lo, esperando esconder ele e transformá-lo quando fosse mais
velho. Eu não sabia os detalhes, mas eu sabia que sua tia o tinha defendido. Como eu tinha
apontado antes, no entanto, Strigoi eram letais. Ela providenciou distrações o suficiente até
que os guardiões aparecessem, mas ela não tinha se safado ilesa.
Ela estendeu sua mão enluvada para mim. “Tasha Ozera,” ela disse. “Eu ouvi muito a seu
respeito, Rose.”
Eu dei a Christian um olhar perigoso, e Tasha riu.
“Não se preocupe,” ela disse.”Só coisas boas.”
“Não, não são.”Ele reagiu.
Ela balançou sua cabeça em exasperação.”Honestamente, eu não sei da onde ele conseguiu
habilidades sociais tão horríveis. Ele não aprendeu isso comigo.” Isso era obvio, eu pensei.
“O que vocês estão fazendo aqui?” Eu perguntei.
“Eu queria passar um tempo com esses dois.” Ela franziu um pouco as sobrancelhas. “Mas eu
não gosto muito de ficar perto da escola. Elas não são sempre hospitaleiros...”
Eu não entendi essa primeira parte. Os oficiais da escola normalmente caiam de amor em cima
da realeza que viesse visitar. Então eu entendi.
“Porque...porque devido ao que aconteceu...”
Considerando o jeito que todos tratavam Christian por causa de seus pais, eu não deveria estar
surpresa por descobrir que sua tia passava pela mesma discriminação.
Tasha deu nos ombros. “Esse é o jeito que é.” Ela esfregou suas mãos juntas e expirou, sua
respiração criando uma nuvem no ar. “Mas não vamos ficar parados aqui, não quando
podemos fazer uma fogueira lá dentro.”
Eu dei um ultimo, e desejoso olhar para o lago congelado e os segui. A cabana esta bem nua,
coberta de camadas de pó e sujeira. Só tinha um aposento. Tinha uma pequena cama sem
cobertas no canto e algumas estantes onde a comida provavelmente era guardada. Tinha uma
lareira, no entanto, e nós logo a acendemos para esquentar a área. Nós cinco centramos, nós
aconchegando com o calor, e Tasha trouxe um saco de marshmallows que nós cozinhamos por
cima das chamas.
Enquanto nos banqueteávamos com aquela coisa grudenta maravilhosa, Lissa e Christian
falavam um com o outro naquele jeito fácil e confortável que eles sempre falavam. Para minha
surpresa, Tasha e Dimitri também falavam de forma familiar e leve. Eles obviamente se
conheciam a muito tempo. Eu nunca o tinha visto tão animado antes. Mesmo quando ele se
afeiçoou a mim, sempre tinha uma ar serio perto dele. Com Tasha, ele falava e ria.
Quanto mais eu ouvia ela, mais eu gostava dela. Finalmente, incapaz de ficar fora da conversa,
eu perguntei, “Então você vai para a viagem de esqui?”
Ela acenou. Dando um bocejo, ela se esticou como um gato. “Eu não esquio a séculos.Não tive
tempo. Tenho guardado todas as minhas férias para isso.”
“Férias?” eu dei um olhar curioso. “Você tem... um trabalho?”
“Infelizmente, sim,” Tasha disse, embora ela não parecesse muito animada sobre isso.”Eu
ensino aulas de artes marciais.”
Eu encarei assombrada. Eu não poderia ter ficado mais surpresa nem se ela tivesse dito que
era uma astronauta ou uma adivinha.
Muitos da realeza simplesmente não trabalhavam, e se eles trabalhasse, era normalmente em
algo que tenha haver com investimentos e assuntos monetários que aumentava a fortuna de
suas famílias. E aqueles que realmente trabalhavam certamente não faziam trabalhos
envolvendo artes marciais ou que exigiam muito fisicamente. Moroi tinham muitos atributos
ótimos: sentidos excepcionais – olfato, visão, e audição – e o poder de fazer mágica. Mas
fisicamente, eles eram altos e magros, normalmente tinham ossos pequenos. Eles também
ficavam fracos por estar no sol. Agora, essas coisas não eram o suficiente para impedir alguém
de se tornar um lutador, mas elas faziam ficar mais difícil. Uma idéia tinha crescido com o
tempo entre os Moroi que a melhor ofensa era a defesa, e muitos não participavam dos
conflitos físicos. Eles se escondiam em lugares bem protegidos como a Academia, sempre
dependendo de mais fortes, e duros dhampirs para guardá-los.
“O que você acha,Rose?” Christian parecia estar gostando muito da minha surpresa.”Acha que
você poderia com ela?”
“Difícil dizer,” eu disse.
Tacha deu uma risada. “Você está sendo modesta. Eu já vi o que vocês podem fazer. Isso é só
um hobby meu.”
Dimitri riu. “Agora você está sendo modesta. Você podia ensinar para metade dos alunos
daqui.”
“Dificilmente,” ela disse. “Eu ficaria bem embaraçada de apanhar de um bando de
adolescentes.”
“Eu não acho que isso aconteceria,” ele disse. “Eu me lembro de você fazer um belo dano em
Neil Szelsky.”
Tasha virou os olhos. “Jogar minha bebida no rosto dele não é um dano de verdade – a não ser
que você considere o dano que eu fiz em seu tenro. E nós todos sabemos como ele é sobre as
suas roupas.”
Os dois riram de alguma piada privada e o resto de nós não sabíamos, mas eu só estava
ouvindo em parte. Eu ainda estava intrigada sobre o papel dela com os Strigoi.
O auto-controle que eu tentei manter finalmente desapareceu. “Você começou a aprender
depois do que aconteceu com seu rosto?”
“Rose!” assobiou Lissa.
Mas Tasha não parecia chateada. Nem Christian, e ele normalmente ficava desconfortável
quando o ataque a seus pais era comentado. Ela me deu um olhar nivelado e pensativo. Me
lembrou do que eu recebia de Dimitri as vezes se eu fizesse algo surpreendente que ele
aprovava.
“Depois,” ela disse. Ela não baixou seu olhar embaraçada, embora eu sentisse uma tristeza
nela. “O quanto você sabe?”
Eu olhei para Christian.”O básico.”
Ela acenou.”Eu sabia... eu sabia o que Lucas e Moira tinham se tornado, mas ainda sim isso não
me preparou. Mentalmente, fisicamente, ou emocionalmente. Eu acho que se eu tivesse que
reviver isso, eu ainda não estaria pronta. Mas depois daquela noite, eu olhei para mim mesma
– figurativamente falando – e percebi o quão incapaz eu era. Eu passei minha vida toda
esperando os guardiões me protegerem e cuidarem de mim. E isso não quer dizer que eles não
são capazes disso. Como eu disse, você provavelmente poderia me aniquilar numa luta. Mas
eles – Lucas e Moira – derrubaram dois guardiões antes que nós tivéssemos nos dado conta do
que tinha acontecido.Eu os impedi de levar Christian – mas por pouco. Se os outros não
tivessem aparecido, eu estaria morta, e ele-“ Ela parou, franziu a sobrancelha, e continuou.”Eu
decidi que eu não queria morrer daquele jeito, não sem lutar e fazer tudo que eu pudesse para
me proteger e a aqueles que eu amo. Então eu aprendi todo o tipo de defesa pessoal. E depois
de um tempo, eu não, uh, me encaixei muito bem quando a alta sociedade por aqui. Então eu
me mudei para Minneapolis e fiz a vida ensinando outros.”
Eu não duvidava que houvesse outro Moroi vivendo em Minneapolis – embora Deus só
soubesse porque – mas eu podia ler nas entrelinhas. Ela se mudou para lá e se ajustou com os
humanos, ficando longe de outros vampiros como Lissa tinha feito durante anos. Eu comecei a
imaginar se tinha algo mais entre as entrelinhas. Ela disse que aprendeu todo tipo de defesa
pessoal – aparentemente, mais do que apenas artes marciais. Indo com outras crenças de
defesa e ataque, os Moroi não acreditavam que a mágica deveria ser usada como arma. A
muito tempo, tinha sido usada desse jeito, e alguns Moroi ainda fazem isso secretamente hoje.
Christian, eu sabia, era um deles. Eu de repente tive uma boa idéia de onde ele tinha
aprendido esse tipo de coisa.
O silencio caiu. Era difícil continuar depois de uma história triste dessas. Mas Tacha, eu
percebi, era uma daquelas pessoas que sempre podia melhorar os humores. O que me fez
gostar dela ainda mais, e ela passou o resto do tempo contando histórias engraçadas. Ela não
mantinha as aparências como muitos da realeza mantinham, então ela sabia muita sujeira de
todos. Dimitri conhecia muitas das pessoas que ela comentava – honestamente, como alguém
tão anti social parecia conhecer todo mundo na sociedade Moroi e guardiã? – e
ocasionalmente adicionava algum detalhe pequeno. Nós riamos muito até que Tasha
finalmente olhou para seu relógio.
“Onde é o melhor lugar para uma garota fazer compras por aqui?” ela perguntou.
Lissa e eu trocamos olhares. “Missoula,” nós dissemos juntas.
Tasha suspirou. “Isso é algumas horas de distancia, mas se eu sair logo, eu posso
provavelmente ter algum tempo antes das lojas fecharem. Eu estou muito atrasada nas
compras de natal.”
Eu gemi. “Eu mataria para ir às compras.”
“Eu também,” disse Lissa.
“Talvez nós pudéssemos ir junto...” eu dei a Dimitri um olhar esperançoso.
“Não,” ele disse imediatamente. Eu dei um suspiro.
Tasha bocejou de novo. “Eu vou ter que pegar algum café, para não dormir no caminho.”
“Algum dos guardiões não pode levar você?”
Ela balançou a cabeça. “Eu não tenho nenhum.”
“Não tem nenhum...” eu franzi a sobrancelha, analisando as palavras dela. “Você não tem
nenhum guardião?”
“Não.”
Eu gritei. “Mas isso não é possível!Você é da realeza. Você deveria ter pelo menos um. Dois, na
verdade.”
Os guardiões eram distribuídos entre os Moroi de forma secreta, e meticulosamente
administrada pelo Conselho dos Guardiões. É meio que um sistema injusto, considerando o
número de guardiões para Moroi. Os que não eram da realeza costumavam ter um sistema de
loteria. Os da realeza sempre tinham guardiões. Os da realeza de alto nível normalmente
tinham mais de um, mas mesmo aqueles da realeza do rank mais baixo não ficariam sem pelo
menos um.
“Os Ozera não são exatamente os primeiros da fila quando os guardiões recebem suas
missões,’ disse Christian amargamente. “Desde que... meus pais morreram... houve meio que
uma carência de guardiões.”
Minha raiva cresceu. “Mas isso não é justo. Eles não podem punir você pelo que os seus pais
fizeram.”
“Não é punimento, Rose.”Tasha não parecia com raiva como ela deveria estar, na minha
opinião. “É apenas... uma reorganização de prioridades.”
“Eles deixaram você sem defesa. Você não pode ir sozinha!”
‘Eu não são indefesa, Rose. Eu disse isso pra você. Se eu quisesse mesmo um guardião, eu
podia pedir um, mas é muita briga. Estou bem por enquanto.”
Dimitri olhou para ela. “Você quer que eu vá com você?”
“E manter você acordado a noite toda?” Tasha balançou a cabeça. “Eu não faria isso, Dimka.”
“Ele não se importa,” eu disse rapidamente, excitada com essa solução.
Dimitri parecia entretido comigo falar por ele, mas ela não me contradisse. “Eu realmente não
me importo.”
Ela hesitou. “Está bem. Mas nós provavelmente deveríamos ir logo.”
Nossa festa ilícita se dispersou. Os Moroi foram numa direção; Dimitri e eu fomos para outra.
Ele e Tasha combinaram de se encontrar dali meia hora.
“Então o que você acha dela?” ele perguntou quando estávamos sozinhos.
“Eu gosto dela. Ela é legal.” Eu pensei sobre isso por alguns minutos. “E eu entendi sobre o que
você quis dizer das marcas.”
“Oh?”
Eu acenei, observando meus pés enquanto nós caminhávamos. Mesmo quando colocavam sal
e tiravam com a pá, ainda existia lugares escondidos com gelo.
“Ela não fez o que fez pela gloria. Ela fez porque ela precisava. Assim como...assim como a
minha mãe fez.” Eu odiava ter que admitir isso, mas era verdade. Janine Hathaway podia ser a
pior mãe do mundo, mas ela era uma ótima guardiã. “As marcas não importam. Molnijas ou
cicatrizes.”
“Você aprende rápido,” ele disse aprovando.
Eu cresci com seu elogio. “Porque ela chama você de Dimka?”
Ele riu suavemente. Eu ouvi muitas de suas risadas hoje a noite e decidi que queria ouvir mais.
“É um apelido para Dimitri.”
“Isso não faz sentido. Não soa nada como Dimitri. Você deveria ser chamado, eu não sei, de
Dimi ou algo assim.”
“Não é assim que funciona em russo,” ele disse.
“Russo é estranha,” eu russo, o apelido para Vasilisa era Vasya, o que não fazia sentido para
mim.
“Inglês também é.”
Eu o olhei de lado. “Se você me ensinar a xingar em russo, eu posso ter uma nova apreciação
sobre isso.”
“Você já xinga muito.”
“Eu quero me expressar.”
“Oh, Roza..” Ele suspirou, e eu senti uma excitação. “Roza” era meu nome em russo.Ele
raramente o usava. “Você se expressa mais do que qualquer um que eu conheça.”
Eu sorri e andei um pouco sem dizer nada. Meu coração pulou um batimento, eu era tão feliz
perto dele. Tinha algo quente e certo sobre nós estarmos juntos.
Mesmo enquanto eu aproveitava, minha mente se voltou para algo mais que eu estava
pensando. “Você sabe tem algo estranho sobre a cicatriz de Tasha.”
“E o que é?” ele perguntou.
“A cicatriz...ela estragou seu rosto,” eu comecei devagar. Eu estava tendo problemas em
colocar meus pensamentos em palavras.”Eu quero dizer, é obvio que ela costumava ser muito
bonita. Mas mesmo com a cicatriz agora...eu não sei. Ela é bonita de um jeito diferente.. É
como...se ela fosse parte dela. Como se a completasse.” Eu soava boba, mas era verdade.
Dimitri não disse nada,mas ele me olhou de lado. Eu o olhei em retorno, e quando nossos
olhos se encontraram, eu vi um breve deslumbre da velha atração. Foi passageiro e
desapareceu rapidamente, mas eu tinha visto. Orgulho e aprovação a substituiu, e eles eram
quase tão bons quanto.
Quando ele falou, foi para ecoar suas palavras de mais cedo. “Você aprende rápido, Roza.”

A.Vampiro - aura negra (capitulo 4)


QUATRO
Eu não podia acreditar. Janine Hathway. Minha mãe. Minha insanamente famosa e
impressionantemente ausente mãe. Ela não era nenhum Arthur Schoenberg, mas ela tinha um
reputação estelar no mundo dos guardiões. Eu não a via a anos porque ela sempre estava fora
em uma missão insana. E ainda sim... aqui estava ela na Academia nesse momento – bem na
minha frente – e ela não tinha nem se dado ao trabalho de me dizer que ela estava vindo. Isso
que é amor materno.
O que diabos ela estava fazendo aqui de qualquer forma? A resposta veio rapidamente. Todos
os Moroi que vieram ao campus teriam seus guardiões na cidade. Minha mãe protegia um
nobre do clã Szelsky, e vários membros dessa família tinham vindo para as festas. É claro que
ela estaria com eles.
Eu sentei na minha cadeira e senti algo dentro de mim murchar. Eu sabia que ela devia ter me
visto entrar, mas sua atenção estava em outra coisa. Ela estava usando jeans e uma camiseta
bege, e uma jaqueta jeans que tinha que ser a coisa mais sem graça eu já tinha visto. Com
apenas 1,50m ela estava escondida entre os outros guardiões, mas ela tinha uma presença e
um jeito de ficar parada que a fazia parecer mais alta.
Nosso instrutor, Stan, apresentou os convidados e explicou que eles iriam contar experiências
da vida real para nós.
Ele andou na frente da sala, sua sobrancelhas cerradas se juntando enquanto ele falava. “Eu
sei que isso é incomum,” ele explicou. “Guardiões visitantes normalmente não tem tempo de
passar nas nossas aulas. Nossos três visitantes, no entanto, arranjaram tempo para vir
conversar conosco devido ao que aconteceu recentemente...” Ele pausou por um momento, e
ninguém precisava nos dizer sobre o que ele estava se referindo. O ataque aos Badica. Ele
limpou sua garganta e começou de novo. “Devido ao que aconteceu, nós pensamos que seria
melhor fazer vocês aprenderem com aqueles que atualmente trabalham no campo.”
A turma ficou tensa de excitação. Ouvir histórias – particularmente aquelas com muito sangue
e ação – era muito mais interessante que analisas as teorias dos livros. Aparentemente alguns
dos outros guardiões também pensavam assim. Eles freqüentemente passavam por nossas
turmas, mas eles estavam presentes hoje em um número muito maior. Dimitri estava parado
entre eles mais atrás.
O cara mais velho foi primeiro. Ele começou sua história, e eu me encontrei ficando viciada. Ele
descreveu uma época em que o filho mais novo da família que ele guardava tinha andado em
lugares públicos que os Strigoi estavam observando.
“O sol estava para se por,” ele diz a nós em uma voz grave. Ele baixou suas mãos em câmera
lenta, aparentemente demonstrando como um por do sol funciona.”Só tinham dois de nós, e
nós tínhamos que tomar uma decisão rápida sobre como proceder.”
Eu me inclinei mais pra frente, os cotovelos apoiados na mesa. Guardiões freqüentemente
trabalhavam em duplas. Um- o guarda de perto – normalmente fica perto daquele que ele
protegia enquanto o outro – o guarda de longe – varria a área. O guarda de longe
normalmente ficava em contato visual, então eu percebi o dilema ali. Pensando sobre isso, eu
decidi que se eu estivesse naquela situação, eu faria o guardião de perto levar o resto da
família a um lugar seguro enquanto o outro procurava o garoto.
“Nós fizemos a família ficar dentro de um restaurante com meu parceiro enquanto eu varria o
resto da área,” continuou o velho guardião. Ele espalhou suas mãos em um envolvente
movimento, e eu me senti orgulhosa por ter pensado na resposta correta. A história teve um
final feliz, eles encontraram o garoto e não viram nenhum Strigoi.
O segundo cara contou sobre como ele encontrou por acaso um Strigoi que seguia um Moroi.
“Tecnicamente eu nem estava em serviço,” ele disse. Ele era muito bonitinho, e uma garota
sentada perto de mim o encarava com olhos grandes e cheios de adoração. “Eu estava
visitando um amigo e a família que ele guardava. Quando eu estava saindo do aparentemente,
eu vi um Strigoi entrando pela janela. Ele nunca esperou ver um guardião ali. Eu dei uma volta
na quadra, e vim por trás dele, e...” O cara fez um forte movimento, muito mais dramática que
o gesto de mãos que o cara velho tinha feito. O contador de histórias fez até imitou como
enfiou a estaca no coração do Strigoi.
E então foi a vez da minha mãe. Eu fiz uma cara feia antes mesmo dela dizer uma palavra, uma
cara que ficou pior quando ela começou a contar a história. Eu juro, se eu não acreditasse na
sua incapacidade de ter uma imaginação para isso – e suas escolha de roupas sem graça
provava que ela realmente não tinha nenhuma imaginação – eu teria pensado que ela estava
mentindo. Era mais que uma história. Era um conto épico, o tipo de coisa que faz com que
filmes ganhem o Oscar.
Ela falou sobre como seu protegido, o Lord Szelsky, e sua mulher tinham ido a um baile
realizado por outra família real. Vários Strigoi estiveram esperando. Minha mãe descobriu um,
o empalou rapidamente, e então alertou aos outros guardiões. Com a ajuda deles, ela caçou o
outro Strigoi o pegando por trás e foi responsável pelas mortes.
“Não foi fácil,” ela explicou. De qualquer outro aquele comentário soaria como se ele estivesse
se gabando. Não ela.Tinha uma velocidade no jeito que ela falava, um jeito eficiente de dizer
os fatos que não deixava espaço para isso. Ela tinha sido criada em Glasgow e algumas das
suas palavras ainda tinham o sotaque escocês. “Tinham mais três no perímetro. Naquele
tempo, isso era considerado um número incomum trabalhando junto. Isso não é
necessariamente verdade agora, considerando o massacre dos Badica.” Algumas pessoas
demonstraram medo do jeito casual que ela falou do ataque. Mais uma vez, eu podia ver os
corpos. “Nós tínhamos que nos livrar dos Strigoi restantes o mais rápido e silenciosamente
possível, para não alertar os outros. Agora, se nós tivéssemos o elemento surpresa, o melhor
jeito para acabar com um Strigoi é chegar por trás, quebrar seu pescoço, e empalar ele.
Quebrar o pescoço dele não vai matá-lo, é claro, mas os confunde e te permite empalá-lo
antes dele fazer qualquer barulho. A parte mais difícil na verdade é pega-los desprevenidos,
porque a audição deles é muito boa. Já que eu sou menor e mais leva que a maioria dos
guardiões, eu posso me mover bem silenciosamente. Então eu acabei matando dois dos três.”
De novo, ela usou aquele tom de “aliás” enquanto ela descrevia suas habilidades mortíferas.
Era irritante, mais do que se ela tivesse sido presunçosa e falado abertamente do quão incrível
ela era. Meus colegas de aula brilhavam com admiração; eles estavam claramente mais
interessados na idéia de quebrar o pescoço de um Strigoi do que analisar as habilidades
narrativas da minha mãe.
Ela continuou com a história. Quando ela e os outros guardiões tinham matado o resto dos
Strigoi, eles descobriram que dois Moroi tinham sido levados da festa. Tal ato não era
incomum para os Strigoi. As vezes eles queriam guardar os Moroi para um lanche depois; as
vezes Strigoi de rank mais baixo eram enviados por Strigoi mais poderosos para trazerem uma
presa. Independentemente, dois Moroi tinham sumido do baile, e seus guardiões tinham sido
feridos.
“Naturalmente, nós não podíamos deixar aqueles Moroi nas mãos de Strigoi,” ela disse. “Nós
seguimos os Strigoi até o lugar onde estavam escondidos e encontramos vários deles vivendo
juntos. Eu tenho certeza que vocês podem perceber o quão raro isso é.”
E era. A maldosa e egoísta natureza dos Strigoi os fazia eles se virarem uns contra os outros
tão facilmente quanto eles faziam vitimas. Se organizar para atacar – quando eles tinham o
objetivo de buscar sangue em sua mente – era o máximo que eles podiam fazer. Mas viver
juntos? Não. Era quase impossível de imaginar.
“Nós conseguimos libertar os Moroi que tinham sido levados, e descobrimos que outros
estavam presos,” minha mãe disse. “Nós não podíamos deixar aqueles que tínhamos
resgatado voltarem sozinhos, então os guardiões que estavam comigo os escoltaram para fora
e me deixaram para pegar os outros.”
Sim, é claro, eu pensei. Minha mãe corajosamente foi sozinha. Ao longo do caminho, ela foi
capturada mas conseguiu escapar e resgatar os prisioneiros. Fazendo isso, ela fez o que tinha
que ser o truque triplo do século, matando Strigoi de todos os três jeitos: empalando,
decapitando e os colocando em chamas.
“Eu tinha acabado de empalar um Strigoi quando mais dois atacaram,” ela explicou. “Eu não
tinha tempo para tirar minha estaca do outro quando eles me atacaram. Felizmente, tinha
uma lareira aberta ali perto, e eu empurrei um deles para lá. O ultimo me perseguiu lá fora,
até uma antiga cabana. Tinha um machado lá dentro e eu o usei para cortar a cabeça dele.
Então eu peguei um galão de gasolina e voltei para a casa. O que eu tinha jogado na lareira não
tinha se queimado completamente, mas assim que eu joguei gasolina nele, ele se queimou
bem rápido.”
A turma estava apavorada enquanto ela falava. Bocas caíram. Olhos se esbugalharam. Nenhum
barulho podia ser ouvido. Olhando ao redor, eu senti como se o tempo tivesse parado pra todo
mundo – exceto eu. Eu parecia ser a única que não tinha se impressionado pelo sua história
assustadora, e vendo o rosto de todos me irritou. Quando ela terminou, uma dúzia de mãos
levantaram enquanto a turma fazia perguntas sobre as técnicas dela, sobre se ela teve medo,
etc.
Depois da décima pergunta, eu não pude mais agüentar. Eu levantei minha mão. Ela levou um
tempo para notar e me chamar. Ela parecia meio impressionada por me encontrar em aula. Eu
me considerei sortuda por ela ter se quer me reconhecido.
“Então, guardiã Hathaway,” eu comecei. “Porque vocês não deram segurança ao lugar?”
Ela franziu as sobrancelhas. Eu acho que ela tinha ficando em guarda no momento que ela me
chamou. “O que você quer dizer?”
Eu encolhi os ombros e me inclinei para trás da mesa, tentando parecer casual e dar um ar de
conversa. “Eu não sei. Me parece que vocês fizeram besteira. Porque vocês não varreram o
lugar e se certificaram que não houvesse Strigoi no lugar pra começo de conversa? Me parece
que você teria se poupado de muitos problemas.”
Todos os olhos na sala se viraram pra mim. Minha mãe momentaneamente perdeu as
palavras. “Se nós não tivéssemos passado por todos esses “problemas,” teriam 7 Strigoi
andando no mundo, e aqueles outros Moroi capturados estariam mortos ou transformados
agora.”
“É,é, eu entendi como vocês salvaram o dia e tudo mais, mas eu vou voltar para o principio. Eu
quero dizer, isso é uma aula de teoria, certo?” Eu olhei para Stan, que estava me olhando com
um olhar tempestuoso. Ele e eu tínhamos uma longa e desagradável história de conflitos em
aula, e eu suspeitava que nós iríamos ter outra. “Então eu só quero entender o que deu errado
pra inicio de conversa.”
Eu digo isso pra ela – minha mãe tinha muito mais auto-controle do que eu. Se nossos papeis
fossem inversos, eu teria andando até mim e me dado uma surra. Seu rosto continuou
perfeitamente calmo, no entanto, um pequeno aperto na posição de seus lábios indicava que
eu estava irritando ela.
“Não é tão simples,” ela respondeu. “O local tinha uma planta extremamente complexa. Nós a
percorremos inicialmente e não encontramos nada. Acreditamos que os Strigoi vieram depois
que a festa tinha começado – ou que talvez tivessem passagens e quartos escondidos que nós
não sabíamos.”
A turma soltou uns “ooh” e “ahh” pela idéia de quartos escondidos, mas eu não estava
impressionada.
“Então o que você está dizendo é que vocês ou falharam em os detectar durante sua primeira
varredura, ou eles atravessaram a ‘segurança” que você montou durante a festa. Me parece
que alguém fez besteira de qualquer jeito.”
O aperto em seus lábios aumentou, e sua voz ficou mais gelada. “Nós fizemos o melhor que
podíamos em uma situação incomum. Eu posso entender sobre como alguns de vocês podem
não ser capaz de entender os problemas do que eu descrevi, mas uma vez que vocês tenham
aprendido o suficiente além da teoria, vocês verão o quão diferente é quando você realmente
está lá e vidas dependem de você.”
“Sem duvidas,” eu concordei. “Quem sou eu para questionar seus métodos? Eu quero dizer,
faça o que for necessário para ter mais tatuagens molnija, certo?”
“Srta. Hathaway.” A voz profunda de Stan soou na sala. “Por favor pegue suas coisas e vá
esperar lá fora até o final da aula.”
Eu o encarei confusa. “Você está falando sério? Desde quando tem algo errado em fazer
perguntas?
“Sua atitude é o que está errado.” Ele apontou para a porta. “Vá.”
Um silencio mais pesado e profundo do que quando a minha mãe tinha contado sua história
desceu sobre todos. Eu fiz o possível para não me encolher diante dos olhares dos guardiões e
dos novatos. Essa não era a primeira vez que eu era expulsa da aula do Stan. Não era nem a
primeira vez que eu era expulsa da aula de Stan enquanto Dimitri assistia. Colocando minha
mochila nos meus ombros, eu cruzei a pequena distancia até a porta – uma distancia que
parecia como quilômetros – e me recusei a fazer contato visual com a minha mãe enquanto eu
passava.
Uns 5 minutos antes da turma sair, ela saiu da sala e andou até onde eu estava sentada no
corredor. Olhando para mim, ela pos suas mãos em seus lábios daquele jeito irritante que a
fazia parecer mais alta do que ela era. Não era justo que alguém 15 centímetros mais baixo
que eu pudesse me fazer sentir tão pequena.
“Bom. Eu vejo que seus modos não melhoraram com os anos.”
Eu levantei e senti um fulgor aparecer. “É bom ver você. Estou surpresa que você tenha me
reconhecido. Na verdade, eu nem achava que você lembrasse de mim, já que você nem se
incomodou em me avisar que você estava aqui.”
Ela tirou suas mãos dos lábios e cruzou seus braços em seu peito, se tornando – se possível –
ainda mais impassiva.“ Eu não podia negligenciar meu dever para mimar você.”
“Mimar?” eu perguntei. Essa mulher nunca tinha me mimado a vida inteira. Eu não conseguia
nem acreditar que ela conhecesse essa palavra.
“Eu não esperaria que você entendesse. Pelo que eu ouvi, você não sabe o que “dever”
significa.”
“Eu sei exatamente o que significa,” eu respondi. Minha voz estava intencionalmente
arrogante. “Melhor que a maioria das pessoas.”
Os olhos dela se ampliaram em uma falsa surpresa. Eu usava aquele olhar sarcástico com
muitas pessoas e não apreciava ter ele direcionado em minha direção. “Oh verdade?Onde
você esteve nos últimos dois anos?”
“Onde você esteve nos últimos cinco?” eu exigi. “Você teria descoberto que eu tinha partido
se alguém não tivesse dito a você?”
“Não faça disso minha responsabilidade. Eu estava longe porque eu tinha que estar. Você
estava longe porque você pudesse ir no shopping e ficar acordada até mais tarde.”
Minha magoa e embaraço se tornaram pura fúria. Aparentemente, eu nunca ia superar as
conseqüências de ter fugido com Lissa.
“Você não faz idéia do porque eu parti,” eu disse,o volume da minha voz aumentando. “E você
não tem nenhum direito de fazer suposições sobre a minha vida quando você não sabe nada
sobre ela.”
“Eu li os relatórios sobre o que aconteceu. Você tinha razão em se preocupar, mas você agir de
forma incorreta.” Suas palavras eram formais e rápidas. Ela podia estar ensinando na aula.
“Você deveria ter ido até outros para pedir ajuda.”
“Não tinha ninguém para quem eu pudesse ir- não quando eu não tinha prova. Além do mais,
nós aprendemos a pensar de maneira indepentente.”
“Sim,” ela replicou. “Ênfase em “aprendendo.” Algo que você perdeu nos últimos dois anos.
Você dificilmente está numa posição de me dar sermão sobre o protocolo dos guardiões.”
Eu entrava em brigas o tempo todo; algo em minha natureza fez isso inevitável. Então eu
estava acostumada em me defender e ter de ouvir insultos. Eu era durona. Mas de algum jeito,
perto dela – nos breves momentos que eu tinha estado perto dela – eu sempre sentia que eu
tinha 3 anos. Sua atitude me humilhava, e brincava com a minha falta de treinamento – o que
já era um assunto espinhoso – o que me fez sentir pior. Eu cruzei meus braços em uma
imitação moderada do próprio jeito de ficar em pé dela e consegui um jeito presunçoso.
‘É?Bom, não é isso que meus professores acham. Mesmo depois ter perdido todo esse tempo,
eu alcancei todo mundo na minha turma.”
Ela não respondeu de cara. Finalmente, em uma voz nivelada, ela disse, “Se você não tivesse
partido, você teria ultrapassado eles.”
Se virando em estilo-militar, ela se afastou. Um minuto depois, o sino tocou, e o resto da
turma do Stan se espalhou pelo corredor.
Nem mesmo Mason pode me animar depois disso. Eu passei o resto do dia irritada e
incomodada, claro que todos estavam falando sobre minha mãe e eu. Eu faltei o almoço e fui
até a biblioteca ler um livro sobre fisiologia e anatomia.
Quando era hora do meu treinamento depois da aula com Dimitri, eu praticamente corri até os
bonecos de pratica. Com o punho fechado, eu bati no peito dele, levemente para a direita mas
na maior parte no centro.
“Aí,” eu disse a ele. “O coração está aí, e o esterno e as costelas estão no caminho. Posso ter
minha estaca agora?”
Cruzando meus braços, eu olhei pra ele triunfante, esperando que ele derramasse elogios por
minha perspicácia. Ao invés disso, ele simplesmente acenou eu entendimento, como se eu já
devesse saber disso. E sim, eu deveria.
“E como você atravessa o esterno e as costelas?” ele perguntou.
Eu suspirei. Eu tinha descoberto a resposta da pergunta, apenas para receber outra. Tipico.
Nós passamos uma grande parte do treino falando sobre isso, e ele demonstrou várias técnicas
que iriam render uma morte mais rápida. Cada movimento que ele fez era gracioso e letal. Ele
fez parecer que era fácil, mas eu sabia mais.
Quando ele de repente estendeu a mão e me ofereceu a estaca, eu não entendi a principio.
“Você está dando para mim?”
Seus olhos brilharam.”Eu não acredito que você está se segurando. Eu pensei que você fosse
pegá-la e sair correndo.”
“Você não está sempre me ensinando a me segurar?” eu perguntei.
“Não com tudo.”
“Mas em algumas coisas.”
Eu ouvi o duplo significado em minha voz e imaginei de onde isso tinha vindo. Eu tinha
aceitado a algum tempo que tinham muitas razões para mim nem ao menos pensar
romanticamente sobre ele mais. De vez enquanto, eu escorregava um pouco e meio que
desejava que eu não tivesse. Seria bom saber que ele ainda me queria, que eu ainda o deixava
maluco. Estudando ele agora, eu percebi que ele talvez nunca escorregasse porque eu não o
deixava mais maluco. Foi um pensamento deprimente.
“É claro,” ele disse, sem mostrar indícios que estávamos discutindo qualquer coisa que não o
assunto de aula. “É como todo o resto. Balanço. Saber por que coisas você deve correr – e que
coisas deixar em paz.” Ele colocou uma ênfase pesada na ultima frase.
Nossos olhos se encontraram brevemente, e eu senti uma onda elétrica me percorrendo. Ele
sabia sobre o que eu estava falando. E como sempre, ele estava ignorando e sendo meu
professor – o que é exatamente o que ele deveria estar fazendo. Com um suspiro, eu empurrei
meus sentimentos por ele para fora da minha cabeça e tentei lembrar que eu estava prestes a
tocar numa arma que eu esperava desde criança. A memória da casa dos Badica voltou para
mim de novo. Strigoi estavam lá fora. Eu precisava me concentrar.
Hesitantemente, quase reverencialmente, eu a alcancei e curvei meus dedos em volta do
punho. O metal frio e formigava contra a minha pele. O cabo tinha sido gravado para melhor
aderência, mas traçando meus dedos sobre o resto, eu notei uma superfície tão lisa quando
vidro.Eu o tirei da mão dele e a trouxe para perto de mim, levando um longo tempo para
estudá-la e me acostumar com seu peso. Uma parte ansiosa de mim queria virar e empalar os
bonecos, mas ao invés disso eu olhei para Dimitri e perguntei,”O que eu deveria fazer
primeiro?”
Em seu jeito típico, ele cobriu o básico, falando sobre o jeito que eu segurava e movia a
estaca.Mais tarde, ele finalmente me deixou atacar os bonecos, o que nesse ponto eu descobri
que não era sem esforço. A evolução tinha feito algo esperto em proteger o coração com o
esterno e as costelas. Ainda sim por tudo, Dimitri nunca vacilou em negligencia e paciência, me
guiando através de cada passo e corrigindo cada detalhe.
“Deslize para cima através das costelas,” ele explicou, me observando tentar encaixar a estaca
em um ponto através dos ossos. “Será mais facil já que você é mais baixa que a maioria dos
seus agressores. E mais, você pode deslizar pela ponta da costela mais baixa.”
Quando a pratica terminou, ele pegou a estaca de volta e acenou em aprovação.
“Bom. Muito bom.”
Eu olhei para ele surpresa. Ele não dava esse tipo de elogio normalmente.
“Verdade?”
“Você fez como se estivesse fazendo a anos.”
Eu senti um riso satisfeito aparecer no meu rosto enquanto nós começávamos a sair do quarto
de pratica.Quando estávamos perto da porta, eu notei um boneco com um cabelo ruivo
enrolado. De repente, todos os eventos da aula de Stanc voltaram para minha cabeça. Eu
fiquei de cara feia.
“Eu posso empalar aquele ali da próxima vez?”
Ele pegou seu casaco e o colocou. Era longo e marrom, feito de couro. Parecia muito com um
cowboy, embora ele nunca admitisse. Ele tinha uma fascinação secreta com o Velho Oeste.
Eu não entendida, mas então, eu também não entendia as preferências musicas esquisitas
dele também.
“Eu não acho que isso seria saudável,” ele disse.
“Será melhor do que eu realmente fizer com ela,” eu murmurei, colocando minha mochila no
meu ombro. Nós nos dirigimos ao ginásio.
“Violência não é a resposta para os seus problemas,” ele disse sabiamente.
“Ela é que tem problemas. E eu pensei que todo o motivo da minha educação era que
violência é a resposta.”
“Apenas para aqueles que a trazem primeiro. Sua mãe não está te agredindo. Vocês duas são
só muito parecidas, só isso.”
Eu parei de andar. “Eu não sou nada parecida com ela! Eu quero dizer... nós meio que temos
os mesmos olhos. Mas eu sou muito mais alta. E meu cabelo é completamente diferente.” Eu
apontei para meu rabo de cavalo, só no caso dele não ter percebido que meu cabelo marrom
não parecia com o cabelo moreno encaracolado dela.
Ele ainda tinha meio que uma expressão entretida, mas tinha algo duro em seus olhos
também.”Eu não estou falando sobre a aparencia física, e você sabe disso.”
Eu olhe pra longe daquele olhar sábio. Minha atração por Dimitri tinha começado
praticamente assim que nós conhecemos – e não era só porque ele era gostoso, também. Eu
sentia que ele entendia parte de mim que nem eu entendia, e as vezes eu tinha certeza que eu
entendia partes dele que ele também não entendia.
O único problema é que ele tinha a irritante tendência de apontas as coisas sobre mm mesma
que eu não queria entender.
“Você acha que eu tenho ciúmes?”
“Você tem?” ele perguntou. Eu odiava quando ele respondia minhas perguntas com outras
perguntas. “Se sim, então do que você tem ciúmes exatamente?”
Eu olhei para Dimitri. “Eu não sei. Talvez eu tenha ciúmes da reputação dela. Talvez eu tenha
ciúmes porque ela gasta mais tempo em sua reputação do que comigo. Eu não sei.”
“Você não acha que o que ela fez foi incrível?”
“Sim.Não. Eu não sei. Só soou como algo...eu não sei... como se ela estivesse se gabando.
Como se ela tivesse feito aquilo pela gloria.” Eu fiz careta. “Pelas tatuagens.” Molnija são
tatuagens feitas em guardiões quando eles matam um Strigoi. Cada uma parece como um
pequeno x feita de raios. Elas ficam na nossa nuca e mostram o quão experiente um guardião
é.
“Você acha que enfrentar Strigoi vale a pena por algumas marcas? Eu pensei que você tinha
aprendido algo com a casa dos Badica.”
Eu me sentia estúpida. “Não é isso-“
“Vamos.”
Eu parei de andar.”O que?”
Ele estava indo em direção ao meu dormitório, mas agora ele acenou sua cabeça para o outro
lado do campus.
“O que foi?”
“Nem todas as marcas são emblemas de honra.”