sábado, 25 de fevereiro de 2012

house of night - marcada (capitulo 7)


SETE
“Que horas são?”
Estávamos andando por um estreito corredor que se curvava gentilmente. As
paredes eram feitas de uma estranha mistura de pedra negra e tijolos. De vez em quando
as luzes que vinham dos antigos castiçais feitos de ferro se sobressaiam das paredes,
dando um suave brilho amarelo, que graças a Deus, não machucava meus olhos. Não
havia janelas no corredor, e não encontramos mais ninguém (embora eu ficasse olhando
ao redor nervosa, imaginando minha primeira visai de garotos vampiros).
“São quase 4 da manhã... o que significa que as aulas acabaram a quase uma hora,”
Neferet disse, e então ela sorriu para o que eu tenho certeza era uma expressão minha
totalmente chocada.
“As aulas começam as 8 da noite, e acabam as 3 da manhã,” ela explicou. “Os
professores estão disponíveis até as 3:30, para dar aos estudantes ajuda extra. O ginásio
sempre fica aberto até o amanhecer, a hora exata você vai sempre saber quando
completar sua Mudança. Até lá o horário da amanhecer é colocado em cada sala de aula,
salas comunitárias, e áreas de encontro, incluindo o salão de jantar, biblioteca, e ginásio.
O Templo de Nyx é, é claro, aberto em qualquer hora, mas rituais formais são feitos duas
vezes por semana depois da aula. O próximo ritual será amanha.” Neferet olhou para mim
e o sorriso dela foi mais quente. “Parece muita coisa agora, mas você vai se acostumar
rapidamente. E sua colega de quarto vai ajudar você, assim como eu.”
Eu estava me preparando para abrir a boca e perguntar a ela outra pergunta quando
uma bola laranja de pelos correu pelo corredor e sem fazer barulho, pulou nos braços de
Neferet. Eu pulei e fiz um estúpido som de squee – então eu me senti como uma completa
retardada quando vi que a bola de pelo laranja não era um bicho papão ou algo assim,
mas um incrivelmente grande gato.
Neferet riu e acariciou a orelha da bola de pelos. “Zoey, conheça Skylar. Ele
normalmente fica por aqui esperando para se lançar em cima de mim.”
“Esse é o maior gato que eu já vi,” eu disse, estendendo minha mão para deixar ele
me cheirar.
“Cuidado, ele é um conhecido mordedor.”
Antes deu tirar minha mão, Skylar começou a esfregar seu rosto nos meus dedos. Eu
segurei o fôlego.
Neferet jogou seu rosto para o lado, como se estivesse ouvindo as palavras do vento.
“Ele gosta de você, o que definitivamente é raro. Ele não gosta de ninguém a não ser eu.
Ele até mantém os outros gatos longe desse lado do campus. Ele é um terrível valentão,”
ela disse carinhosamente.
Eu cuidadosamente acariciei as orelhas de Skylar como Neferet tinha feito. “Eu gosto
de gatos,” eu disse suavemente. “Eu costumava ter um, mas quando minha mãe casou de
novo eu tive que dar ele para os Gatos de Rua para ser adotado. John, o novo marido
dela, não gosta de gatos.”
“Eu descobri que o jeito que uma pessoa se sente em relação aos gatos – e o jeito
que eles se sentem em relação a ela ou ela – é um excelente medidor de caráter.”
Eu olhei para o gato e encontrei os olhos verdes dela e vi que ela entendia mais
sobre famílias problemáticas do que ela estava dizendo. Me fez sentir conectada a ela, o
meu nível de estresse automaticamente baixou um pouco. “Tem muitos gatos aqui?”
“Sim, tem. Gatos sempre foram aliados dos vampiros.”
Ok, na verdade eu já sabia disso. Em História Mundial com o Sr. Shaddox (Mais
conhecido como Puff Shaddy, mas não diga isso a ele) aprendemos que no passado os
gatos foram mortos porque se pensava que eles transformavam pessoas em vampiros.
Yeah, ok, em falar sobre ridículo. Mais evidencias da estupidez da humanidade... a idéia
passou pela minha cabeça, me chocando sobre como eu comecei a pensar tão facilmente
sobre pessoais “normais” como “humanos,” e que tinha algo diferente em mim.
“Você acha que eu poderia ter um gato?” eu perguntei.
“Se um escolher você, você pertencerá a ele ou ela.”
“Me escolher?”
Neferet sorriu e acariciou Skylar, que fechou os olhos e ronronou alto. “Gatos nos
escolhem; não somos donos deles.” Como se estivesse demonstrando que o que disse era
verdade, Skylar pulou dos braços dela, e com um rápido movimento do rabo dele,
desapareceu pelo corredor.
Neferet riu. “Ele é realmente horrível, mas eu o adoro. Eu acho que o adoraria,
mesmo que ele não fosse parte do meu presente dado por Nyx.”
“Dom? Skylar é um presente de uma deusa?”
“Sim, de certa forma. Toda Alta Sacerdotisa tem uma afinidade – o que você
provavelmente imagina como poderes especiais – pela deusa. É parte do jeito em que
identificamos uma Alta Sacerdotisa. A afinidade pode ser habilidades cognitivas únicas,
como ler mentes ou ter visões e ser capaz de prever o futuro. Ou a afinidade pode ser do
reino psíquico, como ter uma conexão especial com um dos 4 elementos, ou com os
animais. Eu tenho dois presentes da deusa. Minha afinidade principal é com os gatos; eu
tenho uma conexão com eles que é única, até mesmo para uma vampira. Nyx também me
deu um poder único de cura.” Ela sorriu. “E é por isso que eu sei que você está se
curando bem – meu dom me disse.”
“Wow, isso é incrível,” foi tudo o que pude dizer. Minha cabeça já estava se curando
dos eventos do outro dia.
“Anda. Vamos para o seu quarto. Tenho certeza que você está com fome e cansada.
Jantar começa em“ – Neferet colocou sua cabeça de lado como se alguém estivesse
sussurrando o tempo para ela – “uma hora.” Ela me deu um sorriso sábio. “Vampiros
sempre sabem que horas são.”
“Isso também é legal.”
“Isso, minha querida caloura, é só a ponta do iceberg “legal.”
Eu esperava que sua analogia não tivesse nada a ver com o tamanho do desastre do
Titanic. Enquanto continuamos andando pelo corredor eu pensei sobre o tempo e tudo
mais, e lembrei da pergunta que eu tinha começado quando Skylar interrompeu minha
linha de pensamento.
“Então, espera. Você disse que as aulas começam as 8? Da noite?” Ok, eu
normalmente não sou tão devagar, mas parte disso era como se ela estivesse falando
grego. Eu estava tendo dificuldades em entender.
“Quando você parar para pensar você vai entender que as aulas serem a noite é uma
questão lógica. É claro que você deve saber que vampiros, adultos e calouros, não
explodem, ou qualquer outra bobagem da ficção, se somos expostos a luz do sol, mas é
desconfortável para nós. A luz do sol não foi difícil pra você agüentar hoje?”
Eu acenei. “Meu Maui Jims nem ajudou muito.” Então acrescentei rapidamente, me
sentindo uma idiota de novo, “Uh, Mauiu Jims são óculos de sol.”
“Sim, Zoey,” Neferet disse pacientemente. “Eu conheço óculos de sol. Muito bem, na
verdade.”
“Oh, Deus, sinto muito eu-“ eu parei, me perguntando se estava tudo bem dizer
“Deus.” Não iria ofender Neferet, a Alta Sacerdotisa que usava a Marca da sua deusa tão
orgulhosamente? Bem, iria ofender Nyx? Oh, Deus. E quanto a dizer “inferno”? Era o meu
xingamento favorito. (Ok, era o único palavrão que eu usava regularmente.) Eu ainda
poderia dizer? As pessoas de Fé pregavam que a os vampiros adoravam a uma deusa
falsa e que eles eram egoístas, criaturas das trevas que não se importavam com nada a
não ser dinheiro e luxuria e beber sangue e que todos certamente iriam ir para o inferno,
então isso não significa que eu devo cuidar como e quando eu uso...
“Zoey.”
Eu olhei para cima para encontrar Neferet me estudando com uma expressão
preocupada e percebi que ela provavelmente estava tentando chamar minha atenção
enquanto eu balbuciava dentro da minha cabeça.
“Sinto muito,” eu repeti.
Neferet parou. Ela colocou suas mãos em meus ombros e me virou para que eu
pudesse olhar para o rosto dela.
“Zoey, pare de se desculpar. E lembre-se, todos aqui já estiveram onde você esta.
Isso tudo foi novidade para nós algum dia. Todos sabemos como é – o medo da Mudança
– o choque da sua vida ser mudada para algo estranho.”
“E não ser capaz de controlar nada disso,” eu adicionei silenciosamente.
“Isso também. Não vai ser sempre tão ruim. Quando você for uma vampira madura
sua vida parecerá sua de novo. Você fará suas próprias escolhas; seguir seu próprio
caminho; seguir o caminho que sua alma coração e talento te levarem.”
“Se eu me transformar numa vampira madura.”
“Você irá, Zoey.”
“Como você pode ter tanta certeza?”
Os olhos de Neferet olharam para a Marca na minha testa. “Nyx escolheu você. Para
o que, não sabemos. Mas a Marca dela foi claramente colocada em você. Ela não tocaria
você apenas para te ver falhar.”
Eu lembrei das palavras da deusa, Zoey Redbird, Filha da Noite, Eu nomeio você
meus olhos e ouvidos no mundo hoje, um mundo onde bem e mal lutam para encontrar
balanço, e olhei silenciosamente para longe dos olhos de Neferet, desejando
desesperadamente saber porque meu interior ainda estava me dizendo para manter a
boca fechada sobre o meu encontro com a deusa.
“É – é muito para acontecer em um único dia.”
“Certamente é, especialmente com um estomago vazio.”
Começamos a andar de novo quando o som de um telefone tocando me fez dar um
pulo. Neferet suspirou e sorriu apologeticamente para mim, então ela pegou um pequeno
telefone celular do bolso.
“Neferet,” ela disse. Ela ouviu por algum tempo e eu vi a testa dela se enrugar, e os
olhos dela se estreitarem. “Não, você estava certo em me chamar. Eu volto e checo ela.”
E ela desligou o telefone. “Eu sinto muito, Zoey. Um dos calouros quebrou a perna
hoje cedo. Parece que ela esta tendo problemas em descansar, e me assegurar que tudo
está bem com ela. Porque você não segue esse corredor pela esquerda até você chegar
na porta principal? Não tem como errar – é grande e feita de madeira bem antiga. Ali tem
um banco de pedra. Você pode esperar lá eu não vou demorar muito.”
“Ok, sem problemas.” Mas antes deu terminar de falar Neferet já tinha desaparecido
pelo corredor. Eu suspirei. Eu não gostava da idéia de estar sozinha em um lugar cheio de
vampiros e garotos adolescentes. E agora que Neferet tinha ido embora as pequenas luzes
não pareciam tão acolhedoras. Elas pareciam estranhas, jogando fantasmagóricas
sombras contra a velha parede de pedra.
Determinada em não me apavorar, eu comecei a ir devagar na direção que ela tinha
me apontado. Logo eu quase desejei encontrar alguém ( mesmo que fosse um vampiro).
Estava muito silencioso. E assustador. Algumas vezes o corredor ia para a direita, mas
como Neferet me disse, eu me mantive a esquerda. Na verdade, eu também mantive os
olhos na esquerda porque aqueles outros corredores quase não tinham luz.
Infelizmente na próxima virada para a direita eu não evitei de olhar. Ok, o motivo
fazia sentido. Eu ouvi algo.
Para ser mais especifica, eu ouvi uma risada. Era suave, uma risada feminina que por
alguma razão fez o cabelo na minha nuca levantar. Também me fez parar de andar. Eu
olhei pelo corredor e pensei ter visto algum movimento nas sombras.
Zoey... meu nome foi sussurrado pelas sombras.
Eu pisquei surpresa. Eu tinha realmente ouvido meu nome ou estava imaginando
coisas? A voz era quase familiar. Poderia ser Nyx de novo? Era a deusa chamando meu
nome? Com quase tanto medo quanto eu estava intrigada, eu segurei o fôlego e dei
alguns passos em direção ao corredor.
Enquanto eu andava eu vi algo na minha frente que me fez parar e automaticamente
me aproximar da parede. Em um pequeno canto não muito longe de mim haviam duas
pessoas. A principio não conseguia fazer minha mente processar o que eu estava vendo;
então eu rapidamente entendi.
Eu deveria ter saído dali. Eu deveria me afastar silenciosamente e tentar não pensar
no que eu estava vendo. Mas eu não fiz nada disso. Era como se meus pés de repente
tivessem ficado tão pesados que eu não pudesse mover eles. Tudo o que eu podia fazer
era observar.
O homem –e com um pequeno choque adicional eu percebi que ele não era um
homem, e sim um adolescente – não mais que um ano mais velho que eu. Ele estava
parado com suas costas pressionados contra a parede do canto. A cabeça dele estava
virada para trás e ele estava respirando com dificuldade. O rosto dele estava nas sombras,
mas mesmo com ele apenas parcialmente visível eu podia ver o quão lindo ele era. Então
outra pequena risada fez meus olhos irem um pouco mais para baixo.
Ela estava de joelhos na frente dele. Tudo o que eu podia ver dela era o cabelo loiro.
Tinha tanto cabelo que parecia que ela estava usando algum tipo de véu antigo. Então as
mãos dela foram para cima, passando pela choca do cara.
Deus! Minha mente gritou para mim. Sai daí! Eu comecei a ir para trás, e então uma
voz me fez congelar.
“Pare!”
Meus olhos ficaram enormes porque por um segundo eu pensei que ele estava
falando comigo.
“Você realmente não quer que eu pare.”
Eu me senti quase tonta de alivio quando ela falou. Ele estava falando com ela, não
eu. Eles nem sabiam que eu estava ali.
“Sim, eu quero.” Parecia que ele estava falando as palavras entre os dentes.
“Levanta.”
“Você gosta – eu sei que você gosta. Assim como você sabe que ainda me quer.”
A voz dela era rouca e estava tentando ser sexy, mas eu também podia ouvir um
pequeno lamento nela. Ela soava quase desesperada. Eu observei os dedos dela se
moverem, e meus olhos se alargaram de espanto, quando ela passou a unha do seu dedo
indicador pela coxa dele. Incrível, o dedo dela cortou o jeans, como uma faca, e uma linha
de sangue fresco apareceu, um vermelho liquido impressionante.
Eu não queria, e me enojava, mas ao ver o sangue minha boca se encheu de saliva.
“Não!” ele surtou, colocando as mãos dele nos ombros dela e tentando afastar ela
dele.
“Oh, parou de fingir?” ela riu de novo, um som sarcástico e maldoso. “Você sabe que
sempre ficaremos juntos.” Com a língua dela ela lambeu a linha de sangue.
Eu tremi; contra a minha vontade eu estava completamente impressionada.
“Pare com isso!” Ele ainda estava empurrando os ombros dela. “Eu não quero
machucar você, mas você realmente está começando a me irritar. Porque você não
consegue entender? Não vamos mais fazer isso. Eu não quero você.”
“Você me quer! Você sempre me quis!” Ela abriu as calças.
Eu não deveria estar ali. Eu não deveria estar vendo isso. Eu tirei meus olhos da coxa
ensangüentada dele e dei um passo para trás.
Os olhos do cara se ergueram. Ele me viu.
E então algo muito bizarro aconteceu. Eu podia sentir o toque o toque ele pelo
nossos olhos. Eu não conseguia olhar para longe dele. A garota na frente dele pareceu
desaparecer, e tudo que havia no corredor era ele e eu e o doce e lindo cheiro do sangue
dele.
“Você não me quer? Não é o que parece,” ela disse com um horrível rugido na voz.
Eu senti minha cabeça começar a tremer para frente e para trás, para trás e para
frente. Ao mesmo tempo ele chorou “Não!” e tentou tirar ela do caminho para que
pudesse vir na minha direção.
Eu tirei meus olhos dele e tropecei para trás.
“Não!” ele disse de novo. Dessa vez eu sabia que ele estava falando comigo e não
com ela. Ela deve ter percebido também, porque com um choro que parecia
desconfortável como o resmungar de um animal selvagem, ela começou a olhar ao redor.
Meu corpo congelou. Ao mesmo tempo eu me virei e corri de volta para o corredor.
Eu esperei que eles viessem atrás de mim, então eu continuei correndo até alcançar
a enorme e antiga porta que Neferet tinha descrito. Então eu fiquei parada ali, inclinada
contra a madeira fria, tentando controlar minha respiração para poder ouvir o som de pés
correndo.
O que eu faria se eles realmente estivessem me procurando? Minha cabeça estava
latejando novamente, e eu me senti fraca e assustada. E completamente, enojada.
Sim, eu estava ciente daquele negocio do sexo oral, eu duvidava que houvesse
algum adolescente na America hoje que não está ciente que a maioria dos adultas acha
que estávamos boquetes como eles costumavam dar armas aos caras (ou mais
apropriadamente idiotas). Ok, isso era bobagem, e sempre me deixava maluca. É claro
tem garotas que acham que é ‘legal’ dar para os caras assim. Uh, elas estão erradas.
Aqueles com cérebros funcionais sabem que não é legal ser usada assim.
Ok, então eu sabia sobre o negocio do boquete. Eu definitivamente nunca vi um.
Então, o que eu tinha acabado de ver definitivamente me apavorou. Mas o que tinha me
apavorada mais do que uma loira fazendo uma coisa nojenta com ele foi o jeito que eu
respondi ao ver o sangue do cara.
Eu queria lamber também.
E isso simplesmente não é normal.
E então tinha todo o negocio deu dividir aquele estranho olhar com ele. O que tinha
sido isso?
“Zoey, você está bem?”
“Diabos!” eu gritei e dei um pulo. Neferet estava parada atrás de mim me olhando
totalmente confusa.
“Você está se sentindo mal?”
“Eu-eu...” Minha mente voou. De jeito nenhum eu podia contar a ela o que tinha
acabado de ver. “Minha cabeça só dói pra caramba,” eu finalmente consegui dizer. E era
verdade. Eu tinha uma horrível dor de cabeça.
Ela franziu cheia de preocupação. “Me deixe ajudar você.” Neferet colocou sua mão
suavemente pela linha dos meus pontos na minha testa. Ela fechou os olhos e eu podia
ouvir ela sussurrando algo em uma língua que eu não entendia. Então a mão dela
começou a esquentar e foi como se o calor tivesse se tornado liquido e tivesse sido
absorvido pela minha pele. Eu fechei os olhos e suspirei de alivio quando a dor na minha
cabeça começou a diminuir.
“Melhor?”
“Sim,” eu mal sussurrei.
Ela tirou a mão e abriu os olhos. “Isso deve manter a dor longe. Eu não sei porque
de repente voltou com tanta força.”
“Eu também não, mas foi embora agora,” eu disse rapidamente.
Ela estudou meu silencio um pouco mais e então eu segurei a respiração. Então ela
disse, “Algo chateou você?”
Eu engoli. “Estou um pouco assustada sobre conhecer minha colega de quarto.” O
que tecnicamente não era uma mentira. Não era o que tinha me chateado, mas ainda me
assustava.
O sorriso de Neferet era gentil. “Tudo ficará bem, Zoey. Agora me deixe te
apresentar a sua nova vida.
Neferet abriu a porta de madeira e entramos em um grande jardim que era a frente
da escola. Adolescentes usando uniformes que de algum jeito pareciam legais e únicos
embora ainda fossem similares andavam em grupos pequenos pelo jardim e pela calçada.
Eu podia ouvir o som normal das vozes deles enquanto eles conversavam e riam. Eu
continuei olhando deles para a escola, sem ter certeza de qual ficar boba primeiro. Eu
escolhi a escola. Era a menos intimidadora dos dois (e eu estava com medo de ver ele). O
lugar era como algo saído de um sonho estranho. Era o meio da noite, e deveria estar
muito escuro, mas havia uma lua brilhante em cima dos grandes e velhos carvalhos que
fazia sombra em tudo. Luzes alojadas em lustres de cobre seguiam a calçada que se
dirigia paralelamente ao enorme edifício de tijolos vermelhos e rochas pretas. Tinha 3
andares e tinha um telhado estranhamente alto que tinha uma ponta para cima mas
aplanava no topo. Eu podia ver que as pesadas cortinas tinham sido abertas e suaves
luzes amarelas faziam sombras dançar entre os aposentos, dando a estrutura toda um
tom vivo e de boas vindas. Uma torre redonda estava junto ao prédio principal, dando a
ilusão que o lugar era muito mais um castelo – do que uma escola. Eu juro, um fosso iria
parecer se encaixar melhor ali do que uma calçada envolvida por arbustos de azaléias
grossos e um gramado arrumado.
Na frente do prédio principal havia um menor que parecia como uma velha igreja.
Atrás de velhos carvalhos que protegiam o jardim da escola eu podia ver a sombra de
uma enorme pedra que cercava a escola toda. Na frente da igreja havia uma estatua de
mármore de uma mulher que estava usando um longo manto.
“Nyx!” eu gritei.
Neferet levantou a sobrancelha surpresa. “Sim, Zoey. Essa é a estatua da deusa, e o
prédio atrás dela é o templo dela.” Ela fez um movimento assinalando que era para mim
andar com ela pela calçada e gesticulou expansivamente para o impressionante campus
que se esticava na nossa frente. “O que é conhecido hoje como a House of Night foi
construída em um estilo neo-frances- normando, com pedras importadas da Europa. Se
originou nos anos 1920 como um monastério Augustine pelas Pessoas de Fé.
Eventualmente foi convertida em Cascia Hall, uma escola preparatória privada para
adolescentes humanos influentes. Quando decidimos que deveríamos abrir uma escola
nossa nessa parte do país, nos o compramos de Cascia Hall 5 anos atrás.
Eu lembrava vagamente do tempo em que esse lugar era uma escola privada- na
verdade o único motivo pelo qual eu pensei sobre isso era porque eu lembrava ter ouvido
as noticias que um bando de garotos que freqüentavam Cascia Hall tinham sido presos
por posse de drogas, e o quão chocados os adultos tinham ficado. Tanto faz. Mas
ninguém ficou chocado por aqueles garotos ricos estarem metidos até o pescoço com
drogas.
“Estou surpresa por eles terem vendido para vocês,” eu disse.
A risada dela era baixa e um pouco perigosa. “Ele não queria, mas fizemos ao diretos
arrogante deles uma oferta que ele não podia recusar.”
Eu queria perguntar a ela o que ela queria dizer, mas a risada dela me deu um
calafrio. E, além do mais, eu estava ocupada. Eu não conseguia parar de olhar. Ok, a
primeira coisa que eu noite era que todos que tinham uma tatuagem vampirica solida
eram incrivelmente lindos. Eu quero dizer, era totalmente maluco. Sim, eu sabia que
vampiros eram atraentes. Todos sabem disso. Os atores e atrizes mais bem sucedidos no
mundo eram vampiros. Eles também eram bailarinos e músicos, escritores e cantores.
Vampiros dominavam as artes, o que era a razão para eles terem tanto dinheiro – e
também uma das razões (de muitas) para as Pessoas da Fé os considerarem egoístas e
imorais. Mas na verdade, eles só tem inveja porque não são tão bonitos. As Pessoas da Fé
iam ver o filme deles, peças, concertos, compravam seus livros e seus quadros, mas ao
mesmo tempo falavam mal deles e os menosprezavam, e só Deus sabe que eles nunca,
nunca se misturavam com eles. Alô – você pode dizer hipócrita?
De qualquer forma, estar ao redor de tantas pessoas lindas me fez querer me
esconder embaixo de um banco, mesmo que muitos cumprimentassem Neferet e então
sorrissem para mim e me cumprimentassem também. Entre hesitantes respostas eu
passava por entre os garotos que nos rodeavam. Cada um deles acenou respeitosamente
para Neferet. Vários deles se curvaram formalmente para ela e passaram os punhos por
cima dos corações, o que fez Neferet sorrir e se curvar ligeiramente em resposta. Ok, os
garotos não eram tão lindos quanto os adultos. Claro, eles eram bonitos – interessantes
na verdade, com o contorno da lua crescente, e seus uniformes que pareciam muito mais
como designs de uma passarela do que uniformes de escola – mas eles não tinham aquela
brilhosa e nada humana atrativa luz que irradiava de dentro dos adultos vampiros. Uh, eu
notei que, como eu tinha suspeitado, o uniforme deles tinha muito preto (você acha que
um grupo de pessoas tão ligadas em arte iria reconhecer o clichê quando fica andando por
aí com um preto Gótico. Só estou dizendo...). Mas eu suponho que se eu vou ser honesta
eu tenho que admitir que ficava bem neles – a mistura de preto com algumas linhas de
azul escuro, verde esmeralda e um púrpura profundo. Cada uniforme tinha um designe
bordado em dourado ou prata em nos bolsos de seus casacos e blusas. Eu podia perceber
que alguns dos designes eram os mesmos, mas eu não conseguia ver exatamente o que
eram. Além disso, havia uma quantidade muito grande de garotos com cabelos longos.
Sério, as garotas tem cabelos compridos, os caras tem cabelos compridos, os professores
tem cabelos compridos, até os gatos que andavam de vez enquanto na calçada tinham
pelos compridos. Estranho. Que bom que eu me impedi de cortar o cabelo daquele jeito
curto que a Kayla tinha cortado o dela semana passada.
Eu também notei que os adultos e os jovens tinham mais uma coisa em comum – os
olhos deles todos se voltavam com uma curiosidade obvia em direção a minha Marca.
Ótimo. Eu estava começando minha vida nova como uma anomalia, o que era uma merda

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