quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

academia de vampiros - beijo das sombras (capitulo 8)


OITO
ARDENDO DE RAIVA, EU LUTEI melhor e mais duramente naquele dia do que jamais tinha
lutado em qualquer uma de minhas aulas com os aprendizes. Tanto que eu finalmente ganhei
minha primeira luta corpo-a-corpo, aniquilando Shane Reyes. Nós sempre nos demos bem, e
ele levou isso de boa, aplaudindo meu desempenho, assim como fizeram alguns outros.
“A revanche está começando,” observou Mason depois da aula.
“É o que parece.”
Ele gentilmente tocou meu braço. “Como está Lissa?”
Não me surpreendeu o fato de ele saber. Fofoca se espalhava tão rápido por aqui algumas
vezes, parecia que todo mundo tinha uma ligação mental.
“Okay. Se recuperando.” Eu não comentei como eu sabia disso. Nossa ligação mental era um
segredo do corpo estudantil. “Mase, você diz que sabe sobre Mia. Você acha que ela pode ter
feito aquilo?”
“Whoa, hey, eu não sou um expert nela nem nada. Mas, honestamente? Não. Mia não faria
nem dissecações nas aulas de biologia. Eu não consigo imaginá-la pegando uma raposa, menos
ainda, hum, matando-a.”
“Nenhum amigo que poderia fazer isso por ela?”
Ele balançou sua cabeça. “Na verdade não. Eles não são exatamente do tipo que sujam suas
mãos, tampouco. Mas quem pode saber?”
Lissa continuava abatida quando a encontrei mais tarde para o almoço, seu humor ficou pior
quando Natalie e sua turma não conseguiam parar de falar sobre a raposa. Aparentemente
Natalie superou seu nojo o suficiente para curtir a atenção que o espetáculo trouxe para ela.
Talvez ela não estivesse tão contente com seu status de impopular como eu sempre acreditei.
“E eu estava bem lá,” ela explicou, agitando as mãos para enfatizar. “Bem no meio da cama.
Tinha sangue em toda parte.”
Lissa parecia tão verde quanto o suéter que vestia, e eu a empurrei para longe antes mesmo
de terminar a minha comida e imediatamente lancei uma série de obscenidades quanto às
habilidades sociais de Natalie.
“Ela é legal,” Lissa disse automaticamente. “Você estava me dizendo outro dia o quanto
gostava dela.”
“Eu gosto dela, só que ela é incompetente quanto a certas coisas.”
Nós paramos do lado de fora da nossa classe de comportamento animal, e eu notei pessoas
nos dando olhares curiosos e cochichando enquanto passavam. Eu suspirei.
“Como você está com tudo isso?”
Um meio sorriso apareceu em sua face. “Você já não pode sentir isso?”
“Yeah, mas eu quero ouvir de você.”
“Eu não sei. Eu vou ficar bem. Eu queria que todos parassem de ficar me encarando como se
eu fosse uma esquisita.”
Minha raiva explodiu novamente. A raposa foi ruim. Pessoas chateando ela tornou tudo pior,
mas pelo menos eu podia fazer algo quanto a eles. “Quem está te incomodando?”
“Rose, você não pode bater em todo mundo com quem a gente tiver problemas.”
”Mia?” eu adivinhei.
“E outros,” ela disse evasivamente. “Olha, não importa. O que eu quero saber é como isso
pode ter... isto é, eu não consigo parar de pensar sobre aquela vez—“
“Não,” eu avisei.
“Por quê você continua fingindo que não aconteceu? Você de todas as pessoas. Você tira sarro
de Natalie por ficar tagarelando, mas não é como se você tivesse um bom controle sobre si
mesma. Você normalmente fala sobre qualquer coisa.”
“Mas não sobre aquilo. Nós temos que esquecer isso. Já faz muito tempo. Nós nem ao menos
sabemos realmente o que aconteceu.”
Ela me encarou com aqueles grandes olhos verdes, calculando seu próximo argumento.
“Hey, Rose.”
Nossa conversa parou assim que Jesse veio até nós. Eu dei meu melhor sorriso.
“Hey.”
Ele acenou cordialmente para Lissa. “Então, hey, eu vou estar no seu dormitório hoje à noite
para um grupo de estudos. Você acha... talvez...”
Momentaneamente esquecendo de Lissa, eu foquei minha atenção inteiramente em Jesse.
Repentinamente, eu precisava muito fazer algo selvagem e errado. Muito coisa tinha
acontecido hoje. “Claro.”
Ele me disse quando estaria lá, e eu lhe disse que o encontraria em uma das áreas comuns,
com “maiores informações”.
“Eu não quero exatamente ‘conversar’ com ele. Nós vamos escapulir.”
Ela resmungou. “Eu não te entendo às vezes.”
“Isso porque você é a cuidadosa, e eu sou a negligente.”
Assim que Comportamento Animal começou, eu analisei a possibilidade de Mia ser a
responsável. Pelo olhar arrogante em seu rosto de anja-psicopata, ela certamente parecia ter
adorado a sensação causada pela raposa sangrenta. Mas isso não significava que ela era
culpada, e depois de observá-la durante as últimas duas semanas, eu sabia que ela iria gostar
de qualquer coisa que chateasse a Lissa e a mim. Ela não precisava ser a pessoa que havia feito
isso.”
“Lobos, como muitas outras espécies, diferenciam seus grupos em machos alfas e fêmeas alfas
aos quais os outros se reportam. Alfas são quase sempre os mais fortes fisicamente, apesar de
que muitas vezes, confrontos acabam sendo mais uma questão de força de vontade e
personalidade. Quando um alfa é desafiado e substituído, esse lobo possivelmente será banido
do grupo ou até mesmo atacado.”
Eu parei de sonhar acordada e foquei na Sra. Meissner.
“A maioria dos desafios tende a ocorrer durante a temporada de acasalamento,” ela
continuou. Isto naturalmente trouxe risinhos dos alunos. “Na maior parte dos grupos, os casais
alfas são os únicos que se acasalam. Se o macho alfa é um lobo ancião, um competidor mais
novo pode pensar que tem alguma chance contra ele. Se isso realmente é verdade depende de
cada caso. Os mais jovens geralmente não percebem o quanto são seriamente ameaçados pelo
mais experiente.”
Deixando de lado o negócio de velho-e-jovem-lobo, eu pensei que o resto era bastante
relevante. Certamente na estrutura social da Academia, eu decidi amargamente, parecia existir
um monte de alfas e competições.
Mia levantou sua mão. “E quanto às raposas? Elas têm alfas também?
A turma toda segurou a respiração, seguidamente de alguns risinhos nervosos. Ninguém
acreditava que Mia tinha tocado nesse ponto.
Sra. Meissner ficou vermelha com o que eu suspeitei que fosse raiva. “Nós estamos discutindo
lobos hoje, Srtª Rinaldi.”
Mia não pareceu se importar com a bronca sutil, e quando a classe se formou em pares para
trabalhar em uma tarefa, ela passou a maior parte do tempo olhando para nós e rindo. Através
da ligação, eu pude sentir Lissa ficando mais e mais chateada, enquanto as imagens da raposa
continuavam a passar por sua mente.
“Não se preocupe,” eu disse a ela. “Eu arranjei um jeito—“
“Hey, Lissa,” alguém interrompeu.
Nós olhamos para cima assim que Ralf Sarcozy parou em frente às nossas mesas. Ele estava
com aquele estúpido sorriso de sempre, e eu tive a sensação de que ele tinha vindo até nós
por causa de uma provocação de seus amigos.
“Então, admita,” ele disse. “Você matou a raposa. Você estava tentando convencer Kirova de
que está louca, daí você pode sair daqui de novo.”
“Vai se ferrar,” eu falei em uma voz baixa.
“Você está oferecendo?”
“Pelo o que eu ouvi, não tem muito o que ferrar,” eu retruquei.
“Wow,” ele zombou. “Você mudou. Pelo que eu me lembre, você não era tão exigente para
escolher com quem ficava nua.”
“E pelo que eu me lembre, as únicas pessoas que você viu nuas estavam na Internet.”
Ele levantou sua cabeça com ar de superior, de um jeito exageradamente dramático. “Hey, eu
acabei de perceber: foi você, não foi?” Ele olhou para Lissa, ficando de costas para mim. “Ela
fez você matar a raposa, não foi? Algum tipo estranho de vodu lésbic—ahhh!”
Ralf explodiu em chamas.
Eu pulei e empurrei Lissa para fora do caminho – não algo fácil de fazer, já que estávamos
sentadas em nossas carteiras. Nós duas terminamos no chão enquanto os gritos – de Ralf em
particular – encheram nossa sala de aula e Sra. Meissner correu para alcançar o extintor de
incêndio.
E aí, do nada, as chamas desapareceram. Ralf ainda estava gritando e se batendo, mas ele não
tinha nenhuma marca de queimado. O único indicativo do que acabara de acontecer era o
cheiro de fumaça no ar.
Por vários segundos, a sala inteira congelou. Daí, lentamente, todos juntaram as peças do
quebra-cabeça. As especializações de magia dos Moroi era conhecidas por todos, e depois de
procurar na sala, eu identifiquei três usuários de fogo: Ralf, seu amigo Jacob, e– Christian
Ozera.
Sendo que nem Jacob nem Ralf botariam fogo em Ralf, isso meio que deixou óbvio quem era o
culpado. O fato de que Christian estava rindo histericamente meio que entregou também.
Sra. Meissner mudou do vermelho para o roxo. “Sr Ozera!” ela gritou. “Como você se atreve –
você faz alguma idéia – vá para a sala da Diretora Kirova agora mesmo!”
Christian, completamente inabalável, se levantou e jogou sua mochila sobre um ombro.
Aquele sorriso continuou em seu rosto. “É claro, Sra. Meissner.”
Ele desviou do seu caminho para passar do lado de Ralf, que rapidamente recuou enquanto ele
passava. O resto da classe encarava, de boca aberta.
Depois disso, Sra. Meissner tentou fazer com que a classe voltasse ao normal, mas era uma
causa perdida. Ninguém podia parar de falar sobre o que tinha acontecido. Era chocante em
diferentes níveis. Primeiro, nunca ninguém tinha visto aquele tipo de feitiço: um montante de
fogo que não queimava nada de verdade. Segundo, Christian tinha usado isso ofensivamente.
Ele havia atacado outra pessoa. Moroi nunca faziam isso. Eles acreditavam que a magia era
destinada à proteção da terra, para ajudar pessoas a terem vidas melhores. Nunca, jamais
tinha sido usada como arma. Instrutores de magia nunca ensinavam esses tipos de feitiços; eu
nem acreditava que eles sabiam algum. Finalmente, o mais louco de tudo, Christian tinha feito
isso. Christian, que nunca tinha sido notado e com quem ninguém se importava. Bem, agora
eles o tinham notado.
Parecia que alguém ainda conhecia feitiços ofensivos, apesar de tudo, e por mais que eu tenha
gostado do olhar de terror na cara de Ralf, subitamente me ocorreu que Christian deveria ser
realmente e verdadeiramente um psicopata.
“Liss,” eu disse enquanto saíamos da sala, “por favor me diga que você não está se
encontrando com ele de novo.”
A culpa que se agitou por meio de nossa ligação mental me disse mais do que qualquer
explicação.
“Liss!” eu agarrei seu braço.
“Não tanto assim,” ela disse apreensiva. “Ele é realmente okay—“
“Okay? Okay?” As pessoas no hall nos encaravam. Eu percebi que estava praticamente
gritando. “Ele está fora de si. Ele pôs fogo no Ralf. Eu pensei que tínhamos decidido que você
não o veria novamente.”
“Você decidiu, Rose. Não eu.” Havia um tom em sua voz que eu não ouvia fazia um tempo.
“O que está acontecendo aqui? Vocês estão... você sabe?...”
“Não!” ela insistiu. “Eu já te disse. Deus.” Ela me lançou um olhar de desgosto. “Nem todo
mundo pensa – e age – que nem você.”
Eu me encolhi com essas palavras. Nessa hora percebemos que Mia estava passando por ali.
Ela não tinha escutado a conversa, mas tinha entendido o tom. Um sorriso sarcástico apareceu
em seu rosto. “Problemas no paraíso?”
“Vai procurar seu apaziguador e cala a droga da boca,” eu disse a ela, não esperando para
ouvir a resposta. Ela ficou boquiaberta, e depois sua boca se estreitou em uma carranca.
Lissa e eu andamos em silêncio, e de repente Lissa começou a ter um ataque de riso. Desse
jeito, nossa briga se dissipou.
“Rose...” Seu tom estava mais leve agora.
“Lissa, ele é perigoso. Eu não gosto dele. Por favor, tome cuidado.”
Ela tocou meu braço. “Eu vou. Eu sou a cuidadosa, lembra? Você é a negligente.”
Eu esperava que isso ainda fosse verdade.
Porém mais tarde, depois da escola, eu tive minhas dúvidas. Eu estava no meu quarto fazendo
dever de casa quando eu senti uma fisgada do que só poderia ser chamado de dissimulação
vindo de Lissa. Perdendo o raciocínio do meu trabalho, eu encarei o vazio, tentando entender
mais detalhadamente o que se passava com ela. Se já tivesse existido uma hora certa de entrar
na mente dela, era agora, mas eu não sabia como controlar isso.
Me concentrando, tentei pensar no que normalmente faz nossa conexão ocorrer. Geralmente
ela estava tendo uma forte emoção, uma emoção tão poderosa que tentava invadir minha
mente. Eu tive que trabalhar duro para lutar contra isso; eu sempre tentei manter uma parede
mental levantada.
Focando nela agora, eu tentei remover essa parede. Eu controlei minha respiração e clareei
minha mente. Meus pensamentos não importavam, somente os dela. Eu precisava me abrir
para ela e deixar que nos conectássemos.
Eu nunca tinha feito algo como isso antes; eu não tinha paciência para meditação. Minha
necessidade era tão grande, no entanto, que eu me forcei em um intenso e focado
relaxamento. Eu precisava saber o que acontecia com ela, e depois de mais alguns momentos,
o esforço valeu a pena.
Eu estava dentro.

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