sábado, 3 de março de 2012

A.Vampiro - aura negra (capitulo 18)


DEZOITO
O salto alto estava começando a me machucar, então eu os tirei quando entrei, andando
descalça no hotel. Eu não tinha estado no quarto de Mason, mas eu lembrei dele ter
mencionado o numero e o encontrei sem dificuldade.
Shane, o colega de quarto de Mason, abriu a porta alguns segundos depois que eu bati.”Hey,
Rose.”
Ele me deixou entrar, e eu entrei, olhando ao redor. Algum comercial estava passando na TV –
uma desvantagem da vida noturna era poucos programas de TV bom – e latas de soda vazias
cobriam quase toda a superfície. Não havia sinais de Mason.
“Onde ele está?” eu perguntei.
Shane reprimiu um bocejo. “Eu pensei que ele estava com você.”
“Eu não o vi o dia todo.”
Ele bocejou de novo, então franziu em pensamento. “Ele estava colocando umas coisas numa
mala antes. Eu pensei que vocês dois estavam fugindo para algum passeio romântico.
Piquenique ou algo assim. Hey, lindo vestido.”
“Obrigado,” eu murmurei, sentindo um bocejo meu chegando.
Arrumando uma mala? Isso não fazia sentido. Não havia onde ir. Não havia como ir, também.
Esse hotel estava sendo vigiado fortemente pelos guardiões da Academia. Lissa e eu só
tínhamos conseguido fugir daquele lugar usando compulsão, e ainda sim tinha sido
complicado. Ainda sim, porque diabos o Mason faria uma mala se ele não estava indo embora?
Eu fiz a Shane mais algumas perguntas e decidi que essa era uma possibilidade, por mais
maluca que fosse. Eu encontrei o guardião responsável pela segurança e horários. Ele me deu
os nomes daqueles que estavam em serviço nas fronteiras do hotel quando Mason tinha sido a
ultima vez. A maior parte dos nomes eu conhecia, e a maioria não estava mais em serviço, o
que fazia ser fácil encontrar eles.
Infelizmente, os dois primeiro não tinha visto Mason por perto. Quando eles perguntaram
porque eu queria saber, eu dei uma resposta vaga e sai correndo. A terceira pessoa na minha
lista era um cara chamado Alan, um guardião que normalmente trabalhava na parte mais baixa
do campus da Academia. Ele estava entrando depois de esquiar, levando seu equipamento.
Me reconhecendo, ele sorriu quando me aproximei.
“Claro, eu o vi,” ele disse, se curvando em direção as botas.
Alivio tomou conta de mim. Até então, eu não tinha percebido o quão preocupada eu estava.
“Você sabe onde ele está?”
“Não. Eu deixei ele e Eddie Castile...e, qual era o nome dela, a garota Rinaldi, saírem pelo
portão norte e não os vi depois disso.”
Eu encarei. Alan continuou desprendendo os esquis como se estivéssemos discutindo as
condições da pista.
“Você deixou Mason e Eddie...e Mia sair?”
“Sim.”
“Um...porque?”
Ele terminou e olhou para mim, um olhar meio feliz e confuso no rosto.”Porque eles me
pediram.”
Um sentimento gelado começou a tomar conta de mim. Eu descobri que guardião tinha
cuidado do portão norte com Alan e imediatamente o procurei. O guardião me deu a mesma
resposta. Ele tinha deixado Mason, Eddie e Mia sairem, sem fazer perguntas. E, como Alan, ele
não parecia achar que havia nada errado com isso. Ele parecia quase deslumbrado. Era um
olhar que eu já tinha visto antes... um olhar que vinha nas pessoas quando Lissa usava
compulsão.
Acontecia particularmente quando Lissa não queria que as pessoas lembrassem algo direito.
Ela podia enterrar a memória neles, apagando tudo ou implantando para mais tarde.Ela era
boa com compulsão, que ela podia fazer as pessoas esquecerem completamente. Para eles
ainda terem alguma memória significava que alguém que não era bom em compulsão tinha
usado neles.
Alguém, vamos dizer, como Mia.
Eu não era o tipo que desmaiava, mas por um momento, eu sentia que eu podia desmaiar.O
mundo girou, e eu fechei meus olhos e respirei fundo. Quando eu consegui ver de novo, meus
arredores estavam estáveis. Ok. Não tem problema. Eu iria pensar sobre isso.
Mason, Eddie, e Mia tinham deixado o hotel mais cedo. Não apenas isso, eles tinham feito isso
usando compulsão – o que era proibido. O portão norte era o único que era conectado com a
única estrada na área, uma pequena estrada que levava até a uma pequena cidade a quatro
quilômetros de distancia. A cidade que Mason tinha comentado onde havia ônibus.
Para Spokane.
Spokane – onde o grupo dos Strigoi e seus humanos deviam estar vivendo.
Spokane – onde Mason podia realizar seu sonho maluco de matar um Strigoi.
Spokane – que ele apenas conhecia por minha causa.
“Não, não, não,” eu murmurei para mim mesma, quase correndo em direção ao meu quarto.
Lá eu tirei meu vestido e coloquei roupas pesadas de inverno: botas, jeans, e um suéter.
Pegando meu casaco e luvas, eu corri para a porta e então parei. Eu estava agindo sem pensar.
O que eu ia fazer? Eu precisava contar a alguém, obviamente... mas isso ia fazer os três
entrarem em muitos problemas. Também iria alertar Dimitri sobre o fato deu ter aberto a boca
sobre as informações de Spokane que ele tinha me confidenciado em sinal de respeito e
maturidade.
Eu estudei o tempo. Levaria um tempo para alguém no hotel perceber que nós tínhamos
sumido. Se eu pudesse sair do hotel.
Alguns minutos depois, eu me encontrei batendo na porta de Christian. Ele respondeu,
parecendo com sono e cínico como sempre.
“Se você veio se desculpar por ela,” ele me disse orgulhoso,”você pode simplesmente ir
embora e-“
“Oh,cala a boca,” eu disse.”Isso não é sobre você.”
Rapidamente, eu relatei a situação. Nem Christian tinha uma resposta espertinha pra isso.
“Então... Mason, Eddie, e Mia foram para Spokane caçar Strigoi?”
“Sim.”
“Puta merda. Porque você não foi com eles? Isso parece com algo que você faria.”
Eu resisti a idéia de quebrar ele. “Porque eu não sou maluca! Mas eu foi buscar eles antes que
eles façam algo ainda mais estúpido.”
E então Christian entendeu. “E o que você precisa de mim?”
“Eu preciso sair do hotel. Eles fizeram Mia usar compulsão nos guardas. Eu preciso que você
faça a mesma coisa. Eu sei que você andou praticando.”
“Eu andei,” ele concordou. “Mas...bem...” Pela primeira vez, ele parecia envergonhado. “Eu
não sou muito bom. E fazer isso em um dhampir é quase impossível. Liss é cem vezes melhor
que eu. E provavelmente qualquer Moroi.”
“Eu sei. Mas não quero meter ela em problemas.”
Ele bufou. “Mas você não se importa que eu tenha?”
Eu dei nos ombros. “Na verdade não.”
“Você é uma figura, sabia?”
“É. Eu sou, na verdade.”
Então, cinco minutos depois, ele e eu nos dirigimos para o portão norte. O sol estava surgindo,
então a maioria das pessoas estava dentro do hotel. Isso era uma boa coisa, e eu esperava que
fizesse nossa fuga muito mais fácil.
Estupidos, estúpidos, eu fiquei pensando. Isso ia acabar mal. Porque Mason tinha feito isso? Eu
sabia que ele tinha uma atitude de vigilante maluco... e ele certamente parecia chateado pelos
guardiões não fazerem nada sobre o ataque recente. Mas ainda sim.Ele era tão doido assim?
Ele devia saber o quão perigoso era. Era possível...era possível que eu o tivesse deixado tão
chateado com a desastrosa pegação que ele tinha ido para o abismo? O suficiente para levar
Mia e Eddie com ele? Não que aqueles dois precisassem de muito convencimento. Eddie
seguia Mason em qualquer lugar, e Mia estava quase tão disposta quanto Mason para matar
todos os Strigoi no mundo.
Ainda sim, apesar de todas as perguntas que eu tinha sobre o que estava acontecendo, uma
coisa era clara. Eu contei a Mason sobre os Strigoi em Spokane. Isso era minha culpa, e sem
mim, nada disso estaria acontecendo.
“Lissa sempre faz contato visual,” eu cochichei para Christian quando nos aproximamos da
saída.”E fale numa voz realmente calma. Eu não sei o que mais. Eu quero dizer, ela também se
concentra muito, então tente isso. Se foque em forçar a sua vontade sobre a deles.”
“Eu sei,” ele respondeu. “Eu já a vi fazer.”
“Ótimo,” eu respondi de volta.”Só estou tentando ajudar.
Dando uma olhada percebi que só um guardião estava no portão, um golpe de sorte total. Eles
estavam mudando de turno. Com o sol nascendo, o risco de ataque Strigi tinha desaparecido.
Os guardiões ainda continuariam com seu dever, mas eles podiam relaxar um pouco.
O cara em serviço não pareceu muito alarmado com a nossa presença. “O que vocês estão
fazendo aqui?”
Christian engoliu.Eu podia ver as linhas de tensão no rosto dele.
“Você vai nos deixar sair do portão,” ele disse. Uma nota de nervosismo fez a voz dele tremer,
mas fora isso, ele usou quase o mesmo tom que Lissa usava. Infelizmente, não teve efeito no
guardião. Como Christian tinha dito, usar compulsão em um guardião era quase impossivel.
Mia tinha tido sorte. O guardião riu para nós.
‘O que?” ele perguntou, claramente se divertindo.
Christian tentou de novo. “Você vai nos deixar sair.”
O sorriso do cara diminuiu um pouco, e eu o vi piscar em surpresa. Os olhos dele não estavam
vidrados como os das vitimas de Lissa ficavam, mas Christian tinha feito o suficiente para
brevemente subjugar ele. Infelizmente, eu pude perceber que não tinha sido o suficiente para
fazer ele nos deixar passar e esquecer de nós. Felizmente, eu tinha sido treinada para subjugar
as pessoas sem usar mágica.
Perto do posto dele estava uma grande lanterna, 60 cm de comprimento, facilmente uns 3
quilos. Eu peguei a lanterna e bati na cabeça dele por trás. Ele gemeu e caiu no chão. Ele mal
me viu chegar, e apesar da coisa horrível que tinha acabado de fazer, eu meio que desejava
que meu instrutor estivesse ali para me dar uma nota por uma performance tão incrível.
“Jesus Cristo.” Exclamou Christian. “Você acaba de atacar um guardião.”
“É.” E lá se foi o plano de trazer o pessoal de volta sem meter ninguém em problemas. “Eu não
sabia que você era tão ruim em compulsão. Eu vou lidar com isso depois. Obrigado pela ajuda.
Você deveria voltar antes do próximo turno começar.”
Ele balançou a cabeça e olhou para mim. “Não, eu vou com você.”
“Não,” eu discuti. “Eu só precisava de você para passar pelo portão. Você não tem que se
meter em problemas por causa disso.”
“Eu já estou com problemas!” Ele apontou para o guardião. “Ele viu meu rosto. Estou ferrado
de qualquer forma, então eu vou ajudar você a salvar o dia. Pare de ser uma vaca pra variar.”
Nós corremos para fora, e eu dei um ultimo olhar, culpado para o guardião. Eu tinha certeza
que não tinha batido com força suficiente para causar algum dano de verdade, e com o sol
nascendo, ele não congelaria nem nada.
Depois de uns 5 minutos caminhando na estrada, eu sabia que tínhamos um problema. Apesar
de estar vestido e usando óculos de sol, o sol estava tendo efeitos em Christian. Estava nos
atrasando, e não levaria tanto tempo para alguém encontrar o guardião e vir atrás de nós.
Um carro – que não era da Academia – apareceu atrás de nós, e eu tomei uma decisão. Eu não
era a favor de pegar carona. Mesmo alguém como eu sabia o quão perigoso era. Mas nós
precisávamos chegar na cidade rápido, e eu achei que Christian e eu podíamos acabar com um
perseguidor esquisito que tentasse mexer conosco.
Felizmente, quando o carro encostou, era apenas um casal de meio idade que parecia mais
preocupado do que qualquer outra coisa: “Vocês crianças estão bem?”
Eu sacudi meu polegar atrás de mim. “Nosso carro saiu da estrada. Vocês podem nos levar
para cidade para que eu possa ligar para o meu pai?”
Funcionou. Quinze minutos depois, eles nos deixaram em um posto de gasolina. Na verdade
foi um problema pegar a carona porque eles queriam nos ajudar muito. Finalmente, nós os
convencemos que estávamos bem, e andamos algumas quadras até a estação de ônibus.
Como eu tinha suspeitado, essa cidade não era um centro pra quem realmente estava
viajando. Havia três linhas na cidade: duas que iam para outras estações de esqui e uma que
levava para Lowston, Idaho.
De Lowston nós podíamos ir para outros lugares.
Eu meio que esperava que nós chegássemos antes que Mason e os outros antes do ônibus
deles chegar. Então nós podíamos levar eles de volta sem problemas. Infelizmente, não havia
sinal deles. A mulher alegre do balcão sabia exatamente de quem estávamos falando. Ela
confirmou que os três tinham comprado passagens para Spokano em Lowston.
“Merda,” eu disse.A mulher ergueu a sobrancelha devido a minha linguagem. Eu me virei para
Christian. “Você tem dinheiro para o ônibus?”
Christian e eu não conversamos muito no caminho, a não para quando eu disse para ele o
quão idiota ele estava sendo sobre Lissa e Adrian. Quando chegamos em Lowston, eu
finalmente o tinha convencido, o que foi um pequeno milagre. Ele dormiu o resto do caminho
até Spokane, mas eu não consegui. Eu só fiquei pensando sobre como tudo aquilo era minha
culpa.
Já era de tarde quando chegamos em Spokane. Foi necessário algumas pessoas mas
finalmente encontramos alguém que conhecia o shopping que Dimitri tinha mencionado. Era
um longo caminho da rodoviária, mas dava pra caminhar. Minhas pernas estavam dura depois
de quase cinco horas andando num ônibus, e eu queria me movimentar. O sol ainda ia
demorar se por, mas estava mais baixo e prejudicial para os vampiros, então Christian também
não se incomodou em caminhar.
E, como normalmente acontecia quando eu estava calma, eu senti um puxão da mente de
Lissa. Eu me deixei entrar nela porque eu queria saber o que estava acontecendo no hotel.
“Eu sei que você quer proteger eles, mas precisamos saber onde eles estão.”
Lissa estava sentada na cama do nosso quarto enquanto Dimitri e minha mãe olhavam para
ela. Foi Dimitri quem falou. Ver ele pelos olhos dela era interessante. Ela tinha um profundo
respeito por ele, muito diferente da montanha russa de sentimentos que eu sempre
experimentava.
“Eu te disse,” disse Lissa. “Eu não sei.Eu não sei o que aconteceu.”
Frustração e medo cruzou nossa ligação. Me entristecia ver ela tão ansiosa, mas ao mesmo
tempo, eu estava feliz por ela não ter se envolvido. Ela não podia contar o que ela não sabia.
“Eu não posso acreditar que eles não teriam dito a você onde eles estavam indo,” disse minha
mãe. As palavras dela soavam exatas, mas havia linhas de preocupação no rosto dela.
“Especialmente com... a ligação de vocês.”
“Só funciona em uma via,” disse Lissa tristemente. “Você sabe disso.”
Dimitri se ajoelhou para que ele pudesse olhar Lissa nos olhos.Ele tinha que fazer isso com
praticamente todo mundo para olhar alguém nos olhos. “Você tem certeza que não sabe de
nada? Nada que você possa nos dizer? Eles não estavam na cidade. O homem na rodoviária
não os viu... embora nos tenhamos certeza que foi pra lá que eles foram. Nós precisamos de
algo, qualquer coisa para continuar.”
Homem na rodoviária? Isso foi outro golpe de solte. A mulher que nos vendeu os bilhetes deve
ter ido para casa. O seu substituto não nos conheceria.
Lissa apertou os dentes e ficou braba.”Você não acha que se eu soubesse, eu não contaria a
você? Você não acha que estou preocupada com eles? Eu não faço ideia de onde eles
estão.Nenhuma. Ou porque eles fugiram... não faz sentido. Especialmente do porque eles
iriam com Mia, de todas as pessoas.” Uma magoa aguda atravessou a ligação, magoa de ter
sido excluída do que fosse que nós estávamos fazendo, não importando o quão errado era.
Dimitri suspirou e se levantou. Pelo jeito do rosto dele, ele obviamente acreditava nela.
Também era obvio que ele estava preocupado – preocupado em mais do que apenas do jeito
profissional. Ao ver aquela preocupação – preocupação por mim - meu coração se alegrou.
“Rose?” a voz de Christian me trouxe de volta a mim mesma. “Estamos aqui, eu acho.”
A praça consistia em uma grande e aberta área na frente do shopping.Havia um café no canto
do prédio principal, as suas mesas dispostas na área aberta. Uma multidão entrava no
complexo, ocupados mesmo nessa hora do dia.
“Então, como encontramos eles?” perguntou Christian.
Eu dei nos ombros. “Talvez se agirmos como um Strigoi, eles nos ataquem.”
Um pequeno e relutante sorriso apareceu no rosto dele. Ele não queria admitir, mas ele
achava que minha piada era engraçada.
Ele e eu fomos para o lado. Como qualquer outro shopping, estava cheio de lojas conhecidas, e
uma parte egoísta de mim pensou que se achássemos o grupo rápido o bastante, nós
podíamos ir no shopping a tempo.
Christian e eu andamos por aquela extensão duas vezes e não vimos sinal dos nossos amigos
ou de qualquer coisa lembrando túneis.
“Talvez a gente esteja no lugar errado,” eu finalmente disse.
“Ou talvez eles estão,” sugeriu Christian. “Eles poderiam ter ido a outro – espera.”
Ele apontou, e eu segui o gesto dele. Os três renegados estavam sentados em uma mesa no
meio da praça de alimentação, parecendo deprimidos. Eles pareciam tão miseráveis, que eu
quase senti pena deles.
“Eu mataria por ter uma câmera agora,” disse Christian, sorrindo.
“Isso não é engraçado,” eu disse a ele, indo em direção ao grupo. Dentro de mim, suspirei em
alivio. O grupo claramente não tinha encontrado nenhum Strigoi, todos ainda estavam vivos, e
podiam ser levados sem ter mais problemas.
Eles não nos notaram até que estávamos do lado deles. Eddie olhou pra cima. “Rose?O que
você está fazendo aqui?”
“Você perdeu a cabeça?” eu gritei. Algumas pessoas ali perto nos deram olhares surpresos.
“Você sabe em quantos problemas você se meteu?Quantos problemas vocês nos meteram?”
“Como diabos você nos achou?” perguntou Mason numa voz baixa, olhando ansioso ao redor.
“Vocês não são exatamente gênios do crime,” eu disse a ele. “Nosso informante na rodoviária
nos deu uma direção.Isso, e eu descobri que você tinha ido na sua inútil busca de matar os
Strigoi.”
O olhar que Mason me deu mostrou que ele ainda não estava completamente feliz comigo. Foi
Mia quem respondeu, no entanto.
“Não é inútil.”
“Oh?” Eu exigi. “Você matou algum Strigoi? Você encontrou algum?”
“Não,” admitiu Eddie.
“Ótimo,” eu disse. “Vocês tiveram sorte.”
“Porque você é tão contra matar Strigoi?” perguntou Mia irritada. “Não é pra isso que vocês
são treinados”
“Eu treino para missões sãs, não proezas infantis como isso.”
“Não é infantil,” ela chorou. “Eles mataram minha mãe. E os guardiões não estão fazendo
nada. Até a informação deles é ruim. Não tem nenhum Strigoi nos túneis. Provavelmente
nenhum na cidade.”
Christian parecia impressionado. “Vocês encontraram os túneis?”
“Sim,” disse Eddie. “Mas como ela disse, eles foram inúteis.”
“Nós deveríamos ver eles antes de ir,” Christian me disse. “Seria legal, e se as informações
estavam erradas, é perigoso.”
“Não,” eu disse. “Nós estamos indo para casa. Agora.”
Mason parecia cansado. “Nós vamos procurar pela cidade de novo. Nem você pode nos fazer
voltar, Rose.”
“Não, mas os guardiões da escola podem quando eu contar a eles que vocês estão aqui.”
Chame de chantagem ou ser uma dedo dura; o efeito é o mesmo. Os três olharam para mim
como se eu tivesse acabado de socar os três simultaneamente.
“Você faria isso?” perguntou Mason. “Você nos entregaria?”
Eu esfreguei meus olhos, me perguntando desesperadamente porque eu estava tentando ser a
voz da razão. Onde estava a garota que tinha fugido da escola? Mason estava certo. Eu mudei.
“Isso não é sobre entregar ninguem. É sobre manter vocês vivos.”
“Você acha que nós somos indefesos?” perguntou Mia. “Você acha que vamos ser mortos
rapidamente?”
“Sim,’ eu disse. “A não ser que você tenha encontrado um jeito de usar água como arma?”
Ela corou e não disse nada.
“Nós trouxemos estacas de prata,” disse Eddie.
Fantastico. Eles deviam ter roubado elas. Eu olhei para Mason implorando.
“Mason.Por favor. Pare com isso. Vamos voltar pra casa.”
Ele me olhou por um longo tempo. Finalmente, ele suspirou. “Ok.”
Eddie e Mia pareciam espantados, mas Mason tinha assumido a liderança entre eles, e eles
não tiveram a iniciativa de se ir sem ele. Mia parecia não ter levado muito bem, e eu me senti
mal por ela. Ela mal teve tempo para ficar de luto por sua mãe; ela simplesmente tinha pulado
nessa coisa de vingança como um jeito de ignorar a dor. Ela tinha muito para lidar quando
voltássemos.
Christian ainda estava excitado com a idéia dos túneis. Considerando que ele passava todo o
seu tempo em um sótão,eu não deveria ficar surpresa.
“Eu vi os horários,” ele me disse. “Nós temos tempo antes do próximo ônibus chegar.”
“Nós não podemos ir até um esconderijo de Strigoi,” eu discuti, indo em direção a entrada do
shopping.
“Não tem Strigoi lá,” disse Mason. “São só coisas de zelador. Não tinha sinal de nada estranho.
Eu realmente acho que os guardiões tem informações erradas.”
“Rose,” disse Christian, “vamos tirar algo divertido disso.”
Todos eles olharam para mim. Eu me senti como uma mãe que não comprava doces para seus
filhos.
“Ok, ótimo. Só uma olhadinha.”
Os outros nos guiaram para o lado oposto do shopping, através de uma porta que era apenas
para funcionários. Nós nos desviamos de alguns zeladores, então entramos em outra porta
que nos levou a uma escada que dava para baixo. Eu tive um breve momento de déjà vu,
lembrando quando descemos para a festa de Adrian. Só que essas escadas eram mais sujas e
tinham um cheiro horrível.
Nós chegamos no fundo. Não era bem um túnel e sim um corredor estreito, alinhado em
cimento nojento. Luzes florecentes feias apareciam de vez em quando nas paredes. A
passagem continuou e levou a para a direita. Caixas de suprimentos para limpeza estavam ao
redor.
“Vê?” disse Mason. “Chato.”
Eu apontei para cada direção. “O que tem ali embaixo?”
“Nada,’ disse Mia. “Vamos mostrar para você.”
Nós fomos para a direita e encontramos mais coisas. Eu estava começando a concordar com o
aspecto chato quando passamos por um negocio escrito em preto na parede. Eu parei e olhei.
Era uma lista de letras.
D
B
C
O
T
D
V
L
D
Z
S
I
Algumas l tinham um x marcado ao lado, mas a maior parte da mensagem era incoerente. Mia
notou que eu estava examinando.
“É provavelmente uma coisa dos zeladores,” ela disse. “Ou talvez uma gang tenha feito.”
“Provavelmente,’ eu disse estudando. Os outros se viraram inquietos, sem entender minha
fascinação pelas letras. Eu também não entendia minha fascinação, mas algo em minha cabeça
me fez ficar.
Então eu entendi.
B para Badica, Z para Zeklos, I para Ivashkov...
Eu encarei. A primeira letra de cada nome da realeza estava ali. Havia três D´s, mas baseado na
ordem, você podia ler a lista como um ranking. Começava com as famílias menores –
Dragomir, Badica, Conta – e ia até o gigante clã dos Ivashkov. Eu não entendi os traços e as
linhas ao lado das letras, mas eu rapidamente notei quais nomes tinham um x ao lado: Badica
e Drozdov.
Eu me afastei da parede. “Nós temos que sair daqui,” eu disse. Minha própria voz me assustou
um pouco. “Agora.”
Os outros me olharam surpresos. “Porque?” perguntou Eddie.”O que está acontecendo?”
“Eu conto depois. Precisamos ir.”
Mason apontou para direção que estávamos indo. “Isso leva para algumas quadras adiante. É
mais perto da rodoviaria.”
Eu olhei para escuridão desconhecida. “Não,” eu disse.”Vamos voltar por onde viemos.”
Eles me olharam como se eu fosse louca enquanto voltávamos, mas ninguém fez nenhuma
pergunta. Quando emergimos para a frente do shopping, eu deu um suspiro de alivio por ver
que o sol ainda estava no céu, embora estivesse afundando no horizonte e lançando luzes
laranjas e vermelhas nos prédios. Aquele restante de luz ainda seria o suficiente para nós
voltarmos a rodoviária antes de haver algum perigo de encontrarmos um Strigoi.
E agora eu sabia que realmente haviam Strigoi em Spokane. A informação de Dimitri estava
certa. Eu não sabia o que a lista significava, mas claramente tinha algo a ver com os ataques.
Eu precisava relatar isso aos guardiões imediatamente, e eu certamente não podia contar aos
outros enquanto não estivéssemos seguros no hotel. Mason iria querer voltar aos túneis se eu
contasse a ele.
A maior parte da nossa caminhada de volta aconteceu em silencio. Eu acho que meu humor se
espalhou para os outros. Até Christian parecia não ter mais o que comentar. Dentro de mim,
minhas emoções giravam, oscilando entre raiva e culpa enquanto eu examinava meu papel em
tudo isso.
Na minha frente, Eddie parou de andar, e eu quase dei um encontrão nele.Ele olhou ao redor.
“Onde nós estamos?”
Saindo dos meus pensamento, eu olhei ao redor também. Eu não me lembrava desses prédios.
“Merda,” eu exclamei. “Estamos perdidos?Alguem prestou atenção de onde estávamos indo?”
Era uma pergunta injusta já que claramente eu também não tinha prestado atenção, mas meu
temperamento tinha ultrapassado minha razão. Mason me estudou por alguns segundos.
Então falou.”Por aqui.”
Ele se virou e andou para um estreita rua entre dois prédios. Eu não achei que estávamos indo
para o caminho certo, mas eu não tinha ideia melhor. Eu também não queria começar a
discutir.
Nós não tínhamos ido muito longe quando eu ouvi o som de um motor e os gritos de um pneu.
Mia estava andando no meio da rua, e meu instinto protetor tomou conta antes mesmo que
eu visse o que estava vindo. Agarrando ela, eu a tirei da rua e a coloquei perto das paredes de
um dos prédios. Os garotos tinham feito a mesma coisa.
Uma grande e verde van com janelas pintadas tinha virado a esquina e estava vindo na nossa
direção. Nós nos pressionamos contra a parede, esperando por ela passar.
Mas ela não passou.
Com um guincho repentino, ela parou na nossa frente, e as portas abriram. Três caras grandes
saíram, e de novo, meus instintos tomaram conta. Eu não tinha idéia de quem eram eles ou o
que eles queriam, mas eles claramente não eram amistosos. Isso era tudo que eu precisava
saber.
Um deles se moveu em direção a Christian, e eu dei um soco nele. O cara mal se assustou mas
estava claramente surpreso por ter caído, eu acho. Ele provavelmente não esperava que
alguém pequeno como eu fosse uma ameça. Ignorando Christian, ele se moveu na minha
direção. Com minha visão periférica, eu vi Mason e Eddie se defendendo dos outros dois caras.
Mason tinha tirado sua estaca de prata roubada. Mia e Christian estavam parados lá,
congelados.
Nossos agressores confiavam muito no seu numero. Eles não tinham a experiência com
técnicas ofensivas e defensivas. Além do mais, eles eram humanos, e nós tínhamos a força dos
dhampir. Infelizmente, nós também tínhamos a desvantagem de estar encurralados contra
uma parede. Nós não tínhamos lugar para recuar. Mais importante, nós tínhamos algo a
perder.
Como Mia.
O cara que estava lutando com Mason pareceu notar isso. Ele se afastou de Mason e agarrou
ela. Eu mal vi a arma dele antes que estivesse pressionada contra o pescoço dela. Se afastando
do meu adversário, eu gritei para Eddie parar. Nós todos tínhamos sido treinados para
responder instantaneamente aquele tipo de ordem, e ele parou seu ataque, me olhando
questionadoramente. Quando ele viu Mia, seu rosto ficou pálido.
Eu não queria mais nada a não ser continuar a bater naqueles homens – quem quer que eles
fossem – mas eu não podia arriscar que aquele cara machucasse Mia. Ele sabia disso, também.
Ele nem precisou fazer uma ameaça. Ele era humano, mas ele sabia o suficiente sobre nós para
saber que tínhamos que proteger os Moroi. Novatos tinham um ditado sobre isso: Apenas eles
importam.
Todos pararam e olharam para ele e para mim. Aparentemente nós éramos os lideres aqui. “O
que você quer?” eu perguntei friamente.
O cara pressionou sua arma no pescoço de Mia, e ela se encolheu. Por toda a conversa dela
sobre lutar, ela era menor que eu e não tão forte. E ela estava muito aterrorizada para se
mexer.
O homem inclinou sua cabeça em direção a porta aberta da van. “Eu quero que você entre. E
não tente nada. Você tenta, e ela morre.”
Eu olhei para Mia, então para a van, para meus amigos, então de volta para o cara. Merda.

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