terça-feira, 6 de março de 2012

house of night - traída (capitulo 11)


ONZE
“Onde você conseguiu isso?” Neferet perguntou. Eu percebi que ela estava tentando manter a
voz controlada, mas havia uma poderosa, ponta raivosa que era impossível esconder.
“Esse colar foi encontrado perto do corpo de Chris Ford.”
Minha boca abriu, mas eu não conseguia dizer nada. Eu sabia que meu rosto tinha ficado
pálido, e meu estomago se apertou dolorosamente.
“Você reconhece o colar, Srta. Redbird?” Detetive Marx repetiu a pergunta.
Eu engoli e limpei a garganta. “Sim. É o pingente da líder das Filhas Negras.”
“Filhas Negras?”
“As Filhas e Filhos Negros é uma organização exclusiva da escola, feita para os melhores
estudantes,” Neferet disse.
“E você pertence a essa organização?” ele perguntou.
“Eu sou a líder.”
“Então você se importaria de mostrar seu colar?”
“Eu – eu não tenho ele comigo. Está no meu quarto.” O choque estava começando a me deixar
tonta.
“Cavalheiros, vocês está acusando Zoey de algo?” Neferet disse. A voz dela era calma, mas a
ameça de raiva ultrajada que passou por ela pincelou contra a minha pele, fazendo minha pele
formigar e se arrepiar. Eu pude ver pelos olhares nervosos que os detetives dividiam o que eu
senti também.
“Senhora, estávamos simplesmente fazendo perguntas a ela.”
“Como ele morreu?” Minha voz era fraca, mas soava incrivelmente alta no tenso silencio que
cercava Neferet.
“De lacerações múltiplas e perda de sangue,” Marx disse.
“Alguém o cortou com uma faca ou algo assim?” No noticiário eles falaram que Chris pode ter
sido atacado por um animal, então eu já sabia a resposta da pergunta, mas me senti obrigada a
perguntar.
Marx balançou a cabeça. “Os ferimentos eram nada que uma faca pudesse fazer. Eram mais
como aranho de animais e mordidas.”
“O corpo dele foi quase todo drenado de sangue,” Martin acrescentou.
“E vocês estão aqui porque parece ser o ataque de um vampiro,” Neferet disse mal humorada.
“Estamos aqui procurando por respostas, senhora,” Marx disse.
“Então sugiro que façam um exame de álcool no corpo do humano. Pelo pouco que eu sei do
grupo de adolescentes que o garoto tinha como amigos, eles bebiam bastante. Ele
provavelmente ficou intoxicado e caiu no rio. As lacerações podem ter sido feitas pelas rochas,
ou talvez até animais. Não é incomum que coiotes sejam encontrados perto do rio, mesmo dos
limites da cidade de Tulsa,” Neferet disse.
“Sim, senhora. Testes estão sendo feitos no corpo. Mesmo com o sangue drenado, ainda vai
nos dizer muitas coisas.”
“Ótimo. Tenho certeza que uma das muitas coisas que vai te dizer é que o garoto humano era
um bêbado, talvez estivesse até alto. Eu acho que vocês deveriam procurar mais razões que
possam ter causado a morte ele ao invés de um ataque de vampiros. Agora, eu assumo que
vocês terminaram aqui?”
“Mais uma pergunta, Srta. Redbird,” Detetive Marx perguntou sem olhar para Neferet. “Onde
você estava na quinta feira entre 8 e 10 horas?”
“Da noite?” eu perguntei.
“Sim.”
“Estava na escola. Aqui. Em aula.”
Martin me deu um olhar surpreso. “Escola? Nessa hora?”
“Talvez você devesse fazer seu próprio dever de casa antes de interrogar meus alunos. As
aulas na House of Night começam as 8 da noite e vão até 3 da manha. Vampiros sempre
preferiram a noite.” A ponta de perigo ainda estava na voz de Neferet. “Zoey estava na aula
quando o garoto morreu. Agora terminamos?”
“Por enquanto terminamos Srta. Redbird.” Marx virou algumas paginas do bloco de notas em
que esteve escrevendo e acrescentou, “Precisamos falar com Loren Blake.”
Eu tentei não reagir ao nome do Loren, mas sei que meu corpo deu um pulo e eu senti meu
rosto esquentar.
“Desculpe, Loren foi embora ontem antes do amanhecer no jato particular da escola. Ele foi
para a Costa Leste para dar apoio aos nossos estudantes que estão na final concurso de
monologo internacional de Shakespearea. Mas eu certamente posso mandar a ele uma
mensagem para ligar a vocês quando voltar no domingo,” Neferet disse enquanto andava em
direção a porta, claramente se despedindo dos dois homens.
Mas Marx não se moveu. Ele ainda estava me observando. Devagar ele pegou dentro do bolso
um cartão. Me entregando ele disse, “Se você pensar em algo – qualquer coisa – que você
acredite que possa nos ajudar a encontrar quem fez isso com Chris, me ligue.” Então ele
acenou para Neferet. “Obrigado pelo seu tempo, senhora. Voltamos no domingo para falar
com o Sr. Blake.”
“Levo vocês a saída,” Neferet disse. Ela apertou meus ombros, e andando rapidamente até os
dois detetives, os levou para fora do aposento.
Eu fiquei sentada ali tentado reorganizar meus pensamentos. Neferet mentiu, e não só por
omitir que eu bebi o sangue de Heath e Heath quase ser morto durante o ritual de Samhain.
Ela mentiu sobre Loren. Ele não tinha deixado a escola ontem antes do amanhecer. No
amanhecer ele estava no muro junto comigo.
Eu juntei minhas mãos tentando impedir que elas tremessem.
Eu não fui durmir até as 10 horas (da manhã). Damien, as Gêmeas, e Stevie Rae queriam saber
tudo sobre a visita dos detetives, e dizer a eles que estava tudo bem comigo. Eu pensei que
rever os detalhes pudesse me dar uma idéia do que diabos estava acontecendo. Eu estava
errada. Ninguém conseguiu descobrir porque o colar de liderança das Filhas Negras estava no
corpo de um garoto humano. Sim, eu chequei minhas coisas e o meu estava seguro na minha
caixa de jóias. Erin, Shaunee, e Stevie Rae pensaram que de alguma forma Afrodite estava por
trás dos policiais, pegar o colar e talvez até das mortes. Damien e eu não tínhamos certeza.
Afrodite não agüentava humanos, mas isso não era a mesma coisa que os seqüestrar e matar
um jogador de futebol que não podia exatamente ser escondido na bolsa dela. Ela
definitivamente não saia com humanos. E, sim, ela costumava ter um colar de liderança das
Filhas Negras,mas Neferet tinha pego dela e me dado na noite em que eu me tornei líder das
Filhas e Filhos Negros.
Além do mistério do colar, tudo que podemos descobrir era que “A nojenta vaca da Kayla”
(como as Gêmeas a chamaram) tinha basicamente contado a policia que eu era a assassina
porque ela tinha ciúmes que Heath ainda era louco por mim. Obviamente os policias não
tinham nenhum suspeito de verdade e se apressaram para vir aqui por causa da palavra de
uma adolescente invejosa. É claro meus amigos não sabiam nada sobre o problema de beber
sangue. Eu ainda não consegui me fazer contar que eu bebi (lambi, tanto faz) o sangue de
Heath. Então dei a eles a mesma versão editada que eu dei aos policiais. As únicas pessoas que
sabiam a verdadeira história sobe o sangue (além de Heath e a A nojenta vaca da Kayla) eram
Neferet e Erik. Eu contei a Neferet, e Erik me encontrou lá depois da minha grande cena com
Heath,então ele sabia a verdade. Falando nisso – eu de repente queria que Erik voltasse logo
para a escola. Eu estive tão ocupada ultimamente que não tive tempo para sentir falta dele, ou
pelo menos não tive até o dia que eu desejei ter alguém que não fosse uma Alta Sacerdotisa
que eu pudesse contar o que estava acontecendo.
Domingo, eu lembrei a mim mesma quando tentei adormecer. Erik voltaria no domingo. O
mesmo dia que Loren voltaria. (Não, eu não conseguia pensar sobre as coisas que poderiam
estar acontecendo entre Loren e eu, e como isso era parte dos ocupação que me impediu de
sentir falta de Erik.) E porque diabos os detetives precisam falar com Loren? Nenhum de nós
conseguiu descobrir.
Eu suspirei e tentei relaxar. Eu realmente odeio precisar dormir e não conseguir. Mas eu não
conseguia manter minha mente quieta. Não havia só a confusão com Chris Ford/Brad Higeons
na minha cabeça, mas em breve eu teria que ligar para o FBI e fingir ser uma terrorista.
Acrescente isso ao fato que eu mal pensei sobre o circulo que eu precisava lançar no Ritual da
Lua Cheia que eu deveria liderar, não era de se admirar que eu tinha uma terrível dor de
cabeça devido a tensão.
Eu olhei para o relógio. Eram 10:30. Daqui 4 horas eu precisava levantar e ligar para o FBI, e
então tentar descobrir como passar o dia enquanto eu esperava para saber as noticias sobre o
acidente da ponte (que com sorte eu fosse impedir), e as noticias sobre o garoto Higeons ser
encontrado (com sorte, vivo), e tentar descobrir como liderar o Ritual da Lua Cheia (com sorte,
sem me envergonhar totalmente).
Stevie Rae, que eu juro podia dormir de pé no meio de uma nevasca, roncou suavemente do
outro lado do quarto. Nala estava empoleirada perto da minha cabeça no meu travesseiro.
Mesmo ela parou de reclamar par mim e respirava profundamente em seu estranho ronco de
gato. Eu me preocupei brevemente se deveria checar ela por alergias. Ela espirrava bastante.
Mas eu decidi que só estava obsessivamente aumentando meu nível de estresse. A gata era
tão gorda quando um peru. Quero dizer, a barriga dela parecia que ela tinha uma bolsa e
poderia esconder seu filhote de canguru ali. Provavelmente era por isso que ela espirrava.
Carregar toda essa gordura de gato provavelmente não era fácil.
Eu fechei os olhos e comecei a contar carneiros. Literalmente. Deveria funcionar. Certo? Então
inventei um campo na cabeça com um portão e tinha pequenas ovelhinhas brancas que
começaram a pular por ele. (Eu acho que esse é o jeito certo de contar as ovelhinhas.
Ovelhinhas... hee hee.) Depois da ovelha numero 56 minha mente começou a ficar desfocada e
eu finalmente dormi e tive um vivido sonho onde eu notei que as ovelhinhas estavam usando
o uniforme de futebol da Union. Eles tinham uma pastora que os dirigia até o portão onde eles
pulavam (que agora parecia um pequeno pasto de bodes). A eu que flutuava gentilmente por
cima da cena das ovelhas parecia um super herói. Eu não podia ver o rosto da pastora, mas
mesmo de costas eu podia ver que ela era alta e linda. O cabelo castanho dela ia até a cintura.
Como se ela pudesse me ver observando ela, ela se virou na minha direção com seus olhos
verdes lodosos e olhou para mim. Eu ri. É claro que Neferet estava no comando, mesmo que
fosse só um sonho. Eu acenei para ela, mas invés de responder, Neferet estreitou os olhos de
um jeito perigoso e de repente virou. Parecendo um animal selvagem, ela pegou uma ovelha
jogadora de futebol, a ergueu, e em um movimento a quebrou sua garganta com um força
incrível, rasgou a garganta das unhas cumpridas, colocando seu rosto contra a garganta que
sangrava do animal. A eu que sonhava ficou aterroizada assim como bizarramente tentada
pelo que Neferet estava fazendo. Eu queria olhar para longe, mas não podia...eu não ia...
então o corpo da ovelha começou a tremer como ondas de calor subindo de um ponto em
ebulição. Eu pisquei e não era mais uma ovelha. Era Chris Ford, e seus olhos mortos estavam
bem abertos, parados e me encarando acusatoriamente.
Eu arfei em horror e tirei meu olhar do sangue, querendo olhar para a paisagem gloriosa do
sonho, mas minha visão ficou presa porque não era mais Neferet que se alimentava da
garganta de Chris. Era Loren Blake, e seus olhos estavam sorrindo para mim sobre o rio
vermelho. Eu não podia olhar para longe. Eu encarei e encarei...
Meu corpo do sonho tremeu quando uma voz familiar passou por mim. Primeiro o sussurro
era tão suave que eu não podia ouvir, mas enquanto Loren bebia a ultima gota do sangue de
Chris as palavras se tornaram audíveis assim como visíveis. Elas dançavam no ar ao meu redor
com uma luz prateada que era tão familiar quanto a voz.
... Lembre-se, escuridão nem sempre trás o mal, assim como luz nem sempre trás o bem.
Meus olhos abriram e eu sentei, respirando com força. Me sentindo tremer e levemente
enjoada, eu olhei para o relógio. 12:30. Eu dei um gemido. Eu só dormi por duas horas. Não
era de se admirar que eu estivesse me sentindo tão mal. Quietamente eu fui até o banheiro
que eu dividia com Stevie Rae para jogar água no meu rosto e tentar lavar minha grogues.
Pena que lavar o horrível pressentimento do sonho bizarro que eu tive não era tão fácil.
De jeito nenhum eu ia ser capaz de dormir agora. Eu andei pé por pé até a nossa janela e
espirei para fora. Era um dia cinzento. Baixas nuvens escureciam o sol e a luz, a garoa
constante fazendo tudo parecer borrado. Combinava perfeitamente com meu humor, e
também fazia a luz do sol ser suportável. Quanto tempo fazia desde que eu saia na luz do sol
de qualquer forma? Eu pensei sobre isso e percebi que eu não vi mais do que um ocasional
amanhecer em um bom mês. E de repente eu não podia mais ficar do lado de dentro. Eu me
senti claustrofóbica, como se estivesse presa num tumba, num caixão.
Eu fui até o banheiro e abri a pequena jarra de vidro em que estava a maquiagem que
escondia completamente a tatuagem dos calouros. Quando cheguei na House Of Night eu tive
um mini ataque de pânico quando percebi que até entrar no terreno da escola, eu nunca tinha
visto um calouro. Nunca. Naturalmente, eu pensei que isso significasse que os vampiros
mantivessem os calouros do lado de dentro dos muros da escola por 4 anos. Não demorou
muito para descobrir a verdade: calouros tinham uma certa liberdade, mas se eles
escolhessem sair dos muros da escola eles precisavam seguir duas importantes regras,
primeiro tinham que cobrir sua Marca e não usar nada que mostrasse uma das insígnias das
turmas.
Segundo (e, para mim, mas importante), quando um calouro entra na House Of Night, ele ou
ela deve ficar próximo de um vampiro adulto. A Mudança de humano para vampiro é bizarra e
complexa – nem mesmo com a ciência de hoje era entendida completamente. Mas uma coisa
era certa sobre a Mudança, se um calouro fosse cortado do contado com um vampiro adulto, o
processo aumentava e o adolescente morria. Toda vez. Então, podíamos deixar a escola para
fazer compras ou algo assim, mas se ficássemos longe dos vampiros mais de algumas horas
nossos corpos iriam começar a rejeitar o processo e morreríamos. Não é de se admirar que
antes deu ser Marcada eu achei nunca ter visto um calouro. Eu provavelmente tinha visto, mas
(a) ele/ela/eles tinham coberto a Marca, e (b) ele/ela/eles entendiam que não podiam
desperdiçar tempo como um adolescente normal. Eles estavam lá, mas ficariam ocupados e
disfarçados.
A razão para o disfarce também fazia sentido. Não era sobre querer se esconder e se misturar
com os humanos e espionar ou algo ridículo que os humanos iriam assumir. A verdade é que
humanos e vampiros coexistem em um estado de paz inquietante. Mostrar que calouros
deixaram a escola e foram fazer compras e ao cinema como qualquer outro garoto normal era
pedir por problemas e exageros. Eu só podia imaginar o que as pessoas como meu padrasto –
perdedor diriam. Provavelmente os vampiros adolescentes estavam andando em gangues,
fazendo qualquer tipo de comportamento pecaminosos de delinqüentes juvenis. Ele era um
idiota. Mas ele não seria o único humano adulto a surtar. Claramente as regras dos vampiros
faziam sentido.
Decidida, eu encarei, escondendo minhas Marcas safiras que mostravam o mundo em que
vivia. Era incrível o quão bem aquelas coisas escondiam as Marcas. Enquant minha lua
crescente desaparecia, junto com a rede de espirais azuis que emolduravam meus olhos, eu vi
a velha Zoey reaparecer e não estava certa de como eu me sentia sobre ela. Ok, eu sabia que
haviam muitas outras mudanças em mim do que apenas algumas tatuagens podiam
representara, mas a ausência das Marcas de Nyx era chocante. Me deu um estranho e,
inesperado senso de perda.
Olhando para trás, eu deveria ter ouvido a minha hesitação interna, esfregado o rosto, pego
um livro, e ido diretamente para cama.
Invés disso, eu sussurrei, “Você parece bem jovem,” para meu reflexo, e pus minha jeans e um
suéter preto. Então eu procurei (silenciosamente – se eu acordasse Stevie Rae ou Nala de jeito
nenhum eu ia poder sair dali sozinha) entre as minhas roupas, até que encontrei um antigo
canguro da Invasão Borg 4D e o coloquei, junto com meu confortável tênis Puma, e um boné
da OSU* (*faculdade de Ohio) na cabeça e com meus óculos de sol Maui Jim eu estava ponta.
Antes de poder (sabiamente) mudar de idéia, eu peguei minha bolsa e sai de fininho do
quarto.
Ninguém estava na sala do dormitório. Eu abri a porta e respirei fundo para me firmar antes de
sair. Todo aquele negocio de vampiro-pega-fogo-se-o-sol-o-toca era uma mentira ridículo, mas
era verdade que a luz do sol causava dor aos vampiros. Como a caloura que estava
estranhamente “avançada” no processo de Mudança, era definitivamente desconfortável para
mim, mas cerrei os dentes e sai para a garoa.
O campus parecia totalmente deserto. Era estranho não passar por um estudante ou vampiro
na calçada que passava por trás do prédio principal (que ainda me lembrava de um castelo) até
o estacionamento. Meu antigo Bug VW 1966* (*sim, isso é um fusca) foi fácil de encontrar no
meio dos caros carros que os vampiros preferiam. Seu motor confiável bravejou por um
segundo, então virou e fez barulho como se fosse novinho.
Eu abri a porta da garagem com o controle que Neferet tinha me dado depois que vovó trouxe
meu carro. O portão de ferro da escola abriu silenciosamente.
Apesar do fato de que até a fraca e enevoada luz do dia incomodava meus olhos e fez minha
pele formigar, meu humor melhorou assim que eu sai dos portões da escola. Não é que eu
odeie a House Of Night nem nada disso. Na verdade, a escola e meus amigos tinham se
tornado minha casa e minha família. Era só que eu precisava fazer algo mais. Eu precisava me
sentir normal de novo – normal como em Zoey – Antes de ser Marcada, quando a maior
preocupação era a prova de geometria e o único “poder” que eu tinha era a habilidade de
encontrar sapatos bonitos em promoção.
Na verdade, compras parecia uma boa idéia. Utica Square era a menos de um quilometro da
rua da House of Night, e eu adorava a loja American Eagle. Meu guarda roupa tinha,
tragicamente, super estocado com roupas escuras como púrpura, preto, e marinho desde que
eu tinha sido Marcada. Um suéter vermelho brilhante era exatamente o que eu precisava.
Eu estacionei no estacionamento menos usado atrás das lojas em que American Eagle ficava
no meio. As arvores eram grandes, então eu gostei da sombra, junto com o fato que haviam
poucas pessoas no estacionamento. Eu sei que meu reflexo mostrava uma adolescente
normal, mas eu ainda estava Marcada por dentro, e estava mais do que apenas um pouco
nervosa sobre minha primeira viagem a luz do dia no meu antigo mundo.
Não que eu esperasse me encontrar com alguém que eu conhecesse. Eu era aquela que meus
amigos da escola chamavam de “estranha” e “forasteira” porque eu gostava de fazer compras
nas lojas chiques versus o barulhenta, chato, e cheirando a praça de alimentação – shopping.
Vovó Redbird era responsável por meus gostos fora do comum. Ela custumava chamar de
“viagem de campo” quando ela me levava por Tulsa em um dia divertido de viagem. De jeito
nenhum eu ia me encontrar com Kayla e os alunos da Broken Arrow ou da Utica, e logo o
cheiro familiar da American Eagle estava fazendo sua mágica em mim. Quando eu finalmente
paguei o suéter vermelho meu estomago tinha parado de doer, e apesar do fato de ser o meio
do dia e eu não tenha dormido, minha dor de cabeça também sumiu.
Mas eu estava faminta. Havia uma Starbucks do outro lado da rua da American Eagle. Era na
esquina que emoldurava um bonito jardim no meio da praça. Com o úmido, e sombriu dia eu
aposto que ninguém estaria sentada nas pequenas mesas de ferro na aberta calçada. Eu podia
pedir um cappuccino gostoso, um dos seus enormes muffins de blueberry* (*fruta), uma copia
do Tulsa World* (*jornal), e sentar do lado de forma e fingir que sou uma colegial.
Parecia um ótimo plano. Eu estava totalmente certa – não havia ninguém sentado nas mesas
de fora, e eu sentei na que estava mais perto de uma enorme arvore de magnólia colocando a
quantidade certa de açúcar no cappuccino enquanto eu mordiscava meu super muffin.
Eu não lembro quando senti a presença dele. Começou com sutileza, como uma estranha
ceceira embaixo da minha pele. Eu me mexi inquieta na cadeira, tentando me concentrar na
pagina de cinema e pensar que talvez eu pudesse convencer Erik a ir numa sessão no final de
semana que vem... mas eu não conseguia prestar atenção nas reviews dos filmes. A irritante,
coceira por baixo da minha pele não desaparecia. Completamente irritada eu olhei para cima e
congelei.
Heath estava parado embaixo de um poste a menos de 450 metros de mim.

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