sexta-feira, 25 de maio de 2012

A.Vampiro - promessa de sangue (capitulo 5)


CAPÍTULO CINCO
O resto da viagem passou sem nada de especial. Sydney nunca perdeu totalmente
o desconforto que ela parecia ter ao meu redor, mas às vezes, enquanto eu estava
tentando entender a televisão russa, ela explicava o que estava acontecendo. Havia
algumas diferenças culturais entre aqueles shows e os que nós tínhamos crescido
vendo, então tínhamos isso em comum. De vez em quando, ela dava um sorriso sobre
algo que nós duas achávamos engraçado, e parecia que havia alguém ali que eu
poderia ser amiga. Eu sabia que nunca encontraria um substituto para Lissa, mas acho
que uma parte de mim ainda anseia preencher o vazio de amizade que fora aberto
quando a deixei para trás.
Sydney dormiu de dia, e eu comecei a pensar que ela tinha insônia com aquele
padrão de sono bizarro. Ela também continuou seu tratamento estranho com comida,
mal tocando nas refeições. Ela sempre deixava eu comer as sobras e era um pouco
mais aventurosa na cozinha russa. Eu tive que experimentar quando cheguei, e era
sempre bom ter o guia de alguém que, embora não fosse local, sabia muito sobre esse
país do que eu.
No terceiro dia de viagem, chegamos em Omsk. Omsk era uma cidade mais grande
e bonita do que eu esperava da Sibéria. Dimitri sempre me provocou sobre as imagens
de que a Sibéria parecia a antártica eram erradas, e eu percebi que ele tinha razão –
pelo menos em relação a parte sul da região. O clima não era muito diferente do que
Montana esse ano, vento frio de primavera ocasionalmente esquentado pelo sol.
Sydney me disse que quando chegássemos aqui iríamos conseguir uma carona
com um Moroi que ela conhecia. Vários viviam na cidade, se misturando com a grande
população. Ainda sim enquanto o dia passava, descobrimos que tínhamos um
problema. Nenhum Moroi podia nos levar para o vilarejo. Aparentemente, a estrada
era perigosa. Strigoi geralmente ficavam por lá durante a noite, esperando pegar um
viajante Moroi ou dhampir. Quanto mais Sydney explicava, o mais preocupada eu
ficava com meu plano. Aparentemente, não tem muitos Strigoi na cidade de Dimitri.
Segundo ela, eles ficam no perímetro da cidade, mas poucos viviam lá
permanentemente. Se esse fosse o caso, minhas chances de encontrar Dimitri
diminuíam. As coisas ficaram ainda piores enquanto Sydney continuava a descrever a
situação.
“Vários Strigois viajam pelo país procurando vitimas, o vilarejo é só uma área de
passagem,” ela explicou. “As estradas são meio remotas, então algum Strigoi fica por
um tempo e tenta conseguir uma presa fácil. Então eles seguem em frente.”
“Nos EUA, Strigoi geralmente se escondem em cidades grande,” eu disse agitada.
“Eles fazem isso aqui também. É mais fácil para eles tomar vitimas sem serem
notados.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Sim, isso definitivamente atrapalha meus planos. Se Dimitri não estivesse
residindo na cidade, eu iria ter sérios problemas. Eu sei que Strigoi gostam de cidades
grandes, mas de alguma forma, eu me convenci que Dimitri iria voltar para o lugar que
ele cresceu.
Mas se Dimitri não estivesse lá... bem, de repente, o tamanho da Sibéria me
atingiu. Eu soube que Omsk não era nem a maior cidade da região, e encontrar mesmo
um Strigoi aqui poderia ser difícil. Procurar por ele em várias cidades que podem ser
ainda maiores? As coisas iriam ficar muito feias se meu palpite se provasse errado.
Desde que saí para encontrar Dimitri, eu ocasionalmente tinha momentos de
fraqueza que eu esperava nunca encontrar ele. A ideia dele como um Strigoi ainda me
atormentava. Eu também era visitada por outras imagens... imagens do jeito que ele
era e das memórias do tempo que passamos juntos.
Eu acho que minha memória mais preciosa era aquela de logo antes dele ser
transformado. Foi quando eu sujei muita escuridão induzida pelo espírito de Lissa. Eu
estava fora de controle, incapaz de me segurar. Eu estava com medo de me tornar um
monstro, com medo de me matar como outro guardião shadow-kiss tinha feito.
Dimitri me trouxe de volta, me emprestando sua força. E então eu percebi o quão
forte era nossa conexão, o quão perfeitamente nos entendíamos. Eu fui cética sobre
pessoas serem alma gêmeas no passado, mas naquele momento, eu soube que era
verdade. E com aquela conexão emocional veio a física. Dimitri e eu finalmente
tínhamos cedido a atração. Juramos que nunca iríamos, mas... bem, nossos
sentimentos eram simplesmente fortes demais. Ficar longe um do outro se tornou
impossível. Nós transamos, e foi minha primeira vez. As vezes eu sentia certeza que
seria minha única vez.
O ato em si fora incrível, e eu fui incapaz de separar a alegria física da emocional.
Depois, ficamos deitados juntos naquela pequena cabana por tanto quanto nos
atrevemos, e isso foi incrível também. Tinha sido um daqueles poucos momentos onde
eu senti que ele era realmente meu.
“Você se lembra do feitiço de luxuria de Victor?” eu perguntei, me aproximando
dele.
Dimitri olhou para mim como se eu fosse louca. “É claro.”
Victor Dashkov era da realeza Moroi, alguém que tinha sido amigo de Lissa e sua
família. Pouco sabíamos que ele secretamente estudava espírito e tinha identificado
Lissa como uma usuária de espírito antes dela sequer saber. Ele a torturou com todo
tipo de jogos mentais que realmente a fizeram pensar que ela estava ficando maluca.
Os esquemas dela tinham culminado em sequestro e tortura até que ela o curou da
doença que estava matando ele.
Victor agora estava preso para sempre, tanto pelo que ele fez por Lissa e por causa
dos seus planos de traição para se rebelar contra o governo Moroi. Ele era um dos
poucos a saber da minha relação com Dimitri, algo que me preocupou até o fim. Ele
até facilitou nossa relação criando um feitiço de luxuria – um colar fundindo com terra
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
e compulsão. O feitiço estava cheio de magia perigosa que fez Dimitri e eu cedermos a
nossos instintos mais básicos. Tínhamos nos afastados no último momento, e até
nossa noite na cabana, eu acreditei que nosso encontro induzido pelo encanto tinha
sido nosso pico em encontro físico.
“Eu não imaginei que poderia melhor,” eu disse a Dimitri depois que dormimos
juntos. Eu me senti um pouco tímida em falar sobre isso. “Eu pensei sobre isso o
tempo todo... o que aconteceu entre nós.”
Ele virou para mim, erguendo as cobertas. A cabana estava fria, mas sua cama
tinha cobertores quentes. Eu suponho que pudéssemos ter colocado as roupas, mas
essa era a última coisa que eu queria fazer. Ficar pressionada pele contra pele era
bom.
“Eu também.”
“Você pensou?” eu perguntei, surpresa. “Eu pensei... eu não sei. Eu pensei que
você era muito disciplinado para isso. Eu pensei que você tentaria esquecer.”
Dimitri riu e beijou meu pescoço. “Rose, como eu poderia esquecer de estar
pelado com alguém tão linda quanto você? Eu fiquei acordado tantas noites,
repassando todos os detalhes. Eu me disse de novo e de novo que era errado, mas
você era impossível de esquecer.” Seus lábios se moveram para a minha clavícula, e
sua mão acariciou meus lábios. “Você queimou em minha mente para sempre. Não
tem nada, nada nesse mundo que nunca irá mudar isso.”
E eram memórias assim que faziam tão difícil compreender essa busca para matar
ele, mesmo que ele fosse um Strigoi. Ainda sim... ao mesmo tempo, era exatamente
por causa de memórias assim que eu tinha que destruir ele. Eu precisava lembrar dele
como o homem que me amava e me segurou na cama. Eu precisava lembrar que
aquele homem não iria querer permanecer um monstro.
Eu não estava muito excitada quando Sydney me mostrou o carro que ela
comprou, particularmente já que eu dei o dinheiro para ele.
“Vamos nisso?” eu exclamei. “Podemos sequer chegar até lá?” A viagem
aparentemente era de sete horas.
Ela me deu um olhar chocado. “Você está falando sério? Você sabe o que é isso? É
um citroen 19723. Essas coisas são incríveis. Você tem ideia do quão difícil deve ter
sido trazer isso de volta para o país no tempo dos Soviéticos? Eu não acredito que esse
cara vendeu. Ele não tem noção.”
Eu sabia pouco sobre os soviéticos e ainda menos sobre carros clássicos, mas
Sydney acariciou o capo vermelho como se ela estivesse apaixonada. Quem iria
adivinhar? Ela gostava de carros. Talvez ele tivesse valor e eu simplesmente não
conseguisse apreciar. Eu gostava mais de carros esportivos novos. Para ser justa, não
tinha nenhum amassado e arranhões, e fora o visual antigo, ele parecia limpo e bem
cuidado.
3 Esse carro: http://www.volga.nl/eigenauto/Citroen%20DSuper%2020%201972.jpg
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Vai ligar?” eu perguntei.
Se possível, a expressão dela ficou ainda mais incrédula. “É claro!”
E ele ligou. O motor ligou firme, e do jeito que ele acelerou, eu comecei a
entender a fascinação dela. Ela queria dirigir, e eu estava prestes a discutir que foi o
meu dinheiro que o comprou. Vendo o olhar de adoração no rosto dela, no entanto, eu
finalmente decidi não ficar entre o carro e ela.
Eu só estava feliz por estarmos partindo. Já era tarde. Se a estrada era tão
perigosa quanto todos alegavam, não iríamos querer estar lá no escuro. Sydney
concordou mas disse que poderíamos fazer a maior parte da viagem antes do pôr-dosol
e então passar a noite em um lugar que ela conhecia. Chegaríamos no nosso
destino amanhã.
Quanto mais dirigíamos para longe de Omsk, o terreno se tornava mais remoto.
Enquanto eu o estudava, eu comecei a entender o amor de Dimitri por essa terra. Ele
tinha um visual miserável e estéreo, verdade, mas a primavera estava transformando o
terreno em verde, e havia algo lindo sobre ver toda aquela selvagem intocada. Me
lembrava de Montana de certa forma e ainda sim tinha uma certa qualidade que era
própria sua.
Eu não pude me impedir de usar a adoração de Sydney pelo carro para conversar.
“Você sabe muito sobre carros?” eu perguntei.
“Um pouco,” eu disse. “meu pai é o alquimista da nossa família, mas minha mãe é
uma mecânica.”
“Verdade?” eu perguntei, surpresa. “Isso é meio... raro.” É claro, eu dificilmente
posso falar sobre o papel dos sexos. Considerando que minha vida era dedicada para
lutar e matar, eu não poderia alegar ter um papel feminino normal também.
“Ela é muito boa e me ensinou muito. Eu não teria me importado em fazer isso
para viver. Não teria me importado em ir para faculdade também.” Tinha um tom
amargo em sua voz. “Eu suponho que tem várias outras coisas que eu gostaria de
fazer.”
“O que poderia fazer?”
“Eu tive que ser a próxima alquimista da família. Minha irmã... bem, ela é mais
velha, e normalmente são os mais velhos que fazem o trabalho. Mas, ela é meio que...
inútil.”
“Isso é duro.”
“Yeah, talvez. Mas ela não conseguiu lidar com esse tipo de coisa. Quando se trata
de organizar a coleção de gloss dela, ninguém a para. Mas lidar com o tipo de ligações
e pessoas que conversamos? Não, ela nunca é capaz. Papai diz que eu sou a única
capaz.”
“Pelo menos isso é um elogio.”
“Eu suponho.”
Sydney parecia tão triste agora que eu me senti mal por tocar no assunto. “Se
você pudesse ir para faculdade, o que você estudaria?”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Arquitetura grego romano.”
Eu decidi então que era uma boa coisa por eu não estar atrás do volante, porque
provavelmente teria dirigido para fora da estrada. “Sério?”
“Você sabe alguma coisa sobre isso.”
“Um, não.”
“É incrível.” A expressão triste foi substituída por de maravilha – ela parecia quase
tão enamorada quanto pelo carro. Eu entendi então porque ela gostou da estação de
trem. “A ingenuidade que era necessária para alguém fazer isso... bem, isso é surreal.
Se os alquimistas não me mandarem de novo para os EUA, estou esperando ser
designada para Grécia ou Itália.”
“Isso seria legal.”
“Yeah.” O sorriso dela sumiu. “Mas não tem garantias de que você vai conseguir o
que quer nesse trabalho.”
Ela ficou em silêncio depois disso, e eu decidi que persuadir ela a conversar tinha
sido um vitória. Eu a deixei com seus próprios pensamentos de carros clássicos e
arquitetura enquanto minha mente divagava sobre assuntos próprios. Strigoi. Dever.
Dimitri. Sempre Dimitri...
Bem, Dimitri e Lissa. Era sempre uma luta sobre quem me causaria mais dor. Hoje,
enquanto o carro me atraía em deslumbramento, era com Lissa que me preocupava,
graças principalmente a recente visita de Adrian a meus sonhos.
Cedo da noite na Rússia significava cedo da manhã em Montana. É claro, já que a
escola tinha um horário noturno, era tecnicamente noite para eles também, apesar do
sol. Era hora de se recolher, e todo mundo teria que voltar para seus próprios
dormitórios.
Lissa estava com Adrian, no seu quarto. Adrian, como Avery, tinha se formado,
mas como o único outro usuário de espírito, ele veio ficar indefinitivamente na escola
e trabalhar com Lissa. Lissa deitou, esticando seus braços sobre a cabeça.
“Isso é inútil,” ela gemeu. “Eu nunca vou aprender.”
“Nunca supus que você fosse uma desistente, prima.” A voz de Adrian era
irreverente como sempre, mas eu percebi que ele estava cansado também. Eles não
eram primos de verdade; esse era apenas o termo que a realeza usava para chamar
uns aos outros.
“Eu só não entendendo como fazer isso.”
“Eu não sei como explicar. Eu só penso, e... bem, acontece.” Ele deu nos ombros e
pegou um cigarro que ele sempre carregava. “Você se importa?”
“Sim,” ela disse. Para minha surpresa, ele o guardou. O que diabos? Ele nunca me
perguntou se eu me importava quando ele fumava – que eu me importava. Na
verdade, na maior parte do tempo, eu juro que ele fazia para me irritar, o que não
fazia sentido. Adrian passou da idade quando os caros tentavam atrair garotas que eles
gostam zombando delas.
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Ele tentou explicar o processo. “Eu só penso sobre como eu quero e meio que... eu
não sei. Expando minha mente em direção a eles.”
Lissa sentou e cruzou as pernas. “Soa muito como Rose descrevia me ler.”
“Provavelmente é o mesmo principio. Olha, você levou um tempo para aprender
sobre auras. Isso não é diferente. E você não é a única com uma curva de aprendizado.
Eu estou apenas agora finalmente passando de curar arranhões, e você pode trazer os
mortos de volta, o que – me chame de louco – é meio hard-core.” Ele pausou. “É claro,
alguns iriam discutir que eu sou louco.”
Ao mencionar auras, ela o estudou e convocou a habilidade para ver o campo de
luz que brilhava ao redor de tudo. A aura dele entrou em foco, o cercando com um
brilho dourado. De acordo com Adrian, a aura dela era igual. Nenhum outro Moroi
tinha esse tipo de dourado puro. Lissa e Adrian achavam que era único para usuários
de espírito.
Ele sorriu, adivinhando o que ela estava fazendo. “Como está?”
“O mesmo.”
“Vê o quão boa você está agora? Só seja paciente com sonhos.”
Lissa queria tanto andar nos sonhos do jeito que ele podia. Apesar da sua
decepção, eu estava feliz por ver que ela não conseguia. As visitas nos sonhos de
Adrian eram difíceis o bastante para mim. Ver ela seria... bem, eu não tinha certeza,
mas faria essa atitude legal e dura que eu estava tentando manter na Rússia muito
mais difícil.
“Eu só queria saber onde ela está,” disse Lissa baixo. “Eu não suporto não saber.”
Era a conversa com Christian de novo.
“Eu a vi o outro dia. Ela está bem. E eu vou de novo em breve.”
Lissa acenou. “Você acha que ela vai fazer isso? Você acha que ela pode matar
Dimitri?”
Adrian demorou para respondeu. “Eu acho que ela pode. A questão é se vai matar
ela no processo.”
Lissa recuou, e eu estava um pouco surpresa. A resposta foi tão direta quanto a de
Christian. “Deus, eu queria que ela não tivesse decidido ir atrás dele.”
“Desejar é inútil agora. Rose tem que fazer isso. É a única forma de conseguirmos
ela de volta.” Ele pausou. “É o único jeito que ela vai ser capaz de seguir em frente.”
Adrian às vezes me surpreendia, mas esse foi demais. Lissa achava que era tolo e
suicida ir atrás de Dimitri. Eu sabia que Sydney concordaria se eu contasse a ela a
verdade sobre essa viagem. Mas Adrian... tolo, superficial, e festeiro Adrian entendia?
Estudando ele pelos olhos de Lissa, eu percebi que ele entendia. Ele não gostava, e eu
podia ouvir a magoa em suas palavras. Ele se importava comigo. Eu ter sentimentos
tão fortes por outra pessoa causava a ele dor. E ainda sim... ele realmente acreditava
que eu estava fazendo a coisa certa – a única coisa que eu poderia fazer.
Lissa olhou para o relógio. “Eu tenho que ir antes do toque de recolher. Eu
provavelmente deveria estudar para minha prova de história também.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Adrian sorriu. “Estudar é superestimado. Só encontre alguém inteligente para
colar.”
Ela levantou. “Você está dizendo que não sou inteligente?”
“Diabos não.” Ele se levantou e foi se servir de um drink do bar totalmente
estocado que ele mantinha a mão. Auto medicação era o jeito irresponsável dele de
controlar o efeito do espírito, e se ele esteve usando espírito a noite toda, ele iria
querer a dormência dos vícios dele. “Você é a pessoa mais inteligente que conheço.
Mas isso não significa que você tem que fazer um trabalho desnecessário.”
“Você não pode ter sucesso na vida se não trabalhar. Copiar dos outros não te leva
a lugar nenhum.”
“Tanto faz,” ele disse com um sorriso. “Eu colei a escola toda, e olhe onde estou
hoje.”
Virando os olhos, Lissa deu a ele um rápido abraço de despedida e partiu. Fora de
vista, o sorriso dela sumiu um pouco. Na verdade, os pensamentos dela viraram negros
inesperadamente. Me mencionar tinha trazido todo tipo de pensamento a tona. Ela
estava preocupada comigo – desesperadamente preocupada. Ela disse a Christian que
ela se sentia mal pelo que havia acontecido entre nós, mas a força total disso não me
atingiu até agora. Ela estava se remoendo de culpa e confusão, continuamente se
castigando pelo o que ela deveria ter feito. E acima de tudo, ela sentia minha falta. Ela
tinha os mesmos sentimentos que eu – como se uma parte dela tivesse sido cortada.
Adrian vivia no quarto andar, e Lissa optou pelas escadas ao invés do elevador.
Enquanto isso, a mente dela girava em preocupação. Preocupação sobre quando ela
iria dominar o espírito. Preocupação por mim. Preocupada por não estar sentindo os
efeitos negros do espírito, o que a fez se perguntar se eu estava absorvendo eles,
como a guardiã chamada Anna fazia. Ela viveu séculos atrás e estava ligada a Santo
Vladimir, a quem a escola foi nomeada. Ela absorvia os efeitos horríveis do espírito
dele – e ficou louca.
No segundo andar, Lissa podia ouvir sons e gritaria, mesmo através da porta que
separava a escadaria do corredor. Apesar de saber que não tinha nada a ver com ela,
ela hesitou, a curiosidade se apoderando dela. Um momento depois, ela
silenciosamente empurrou a porta e parou no corredor. As vozes estavam vindo do
canto. Ela cuidadosamente espiou – não que ela precisasse. Ela reconheceu as vozes.
Avery Lazar estava no corredor, as mãos nos quadris enquanto ela encarava seu
pai. Ele estava na porta que deveria levar para sua suíte. Suas posturas estavam rígidas
e hostis, e raiva passava entre eles.
“Eu faço o que eu quero,” ela gritou. “Não sou sua escrava.”
“Você é minha filha,” ele diz com uma voz calma e condescendente. “Embora às
vezes eu deseje que você não fosse.”
Ouch. Lissa e eu ficamos chocadas.
“Então porque você está me fazendo ficar nesse buraco do inferno? Me deixe
voltar para a Corte!”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“E me envergonhar ainda mais? Nós mal saímos sem manchar a reputação da
família – muito. De jeito nenhum vou te mandar sozinha e deixar você fazer só Deus
sabe o que.”
“Então me mande para minha mãe! Suíça tem que ser um lugar melhor do que
esse lugar.”
Houve uma pausa. “Sua mãe está... ocupada.”
“Oh, ótimo,” disse Avery, a voz cheia de sarcasmo. “Esse é um jeito educado de
dizer que ela não me quer. Nenhuma surpresa. Eu só vou interferir com ela e aquele
cara que ela está dormindo.”
“Avery!” A voz dele saiu alta e furiosa. Lissa se esquivou e deu um passo para trás.
“Essa conversa terminou. Volte para o seu quarto e se acalme antes que alguém te
veja. Te espero no café amanhã, e espero que você esteja respeitável. Temos visitas
importantes.”
“Yeah, Deus sabe que temos mantido as aparências.”
“Vá para seu quarto,” ele repetiu. “Antes que eu ligue para Simon e faça ele te
arrastar para lá.”
“Sim, senhor,” ela sorriu com afetação. “Imediatamente, senhor. O que você
disser, senhor.”
E com isso, ele bateu a porta. Lissa, abaixada atrás do canto, mal podia acreditar
que ele disse aquelas coisas para sua própria filha. Por alguns momentos, houve
silêncio. Então, Lissa ouviu o som de passos – vindo em direção a ela. Avery de repente
virou o canto e parou na frente de Lissa, nos dando a primeira boa olhada nela.
Avery estava usando um vestido apertado feito de algum tipo de tecido azul que
brilhava em prata na luz. O cabelo dela era longo e selvagem, e haviam lágrimas saindo
dos olhos azul acinzentados que destruíram a pesada maquiagem que ela usava. O
cheiro de álcool vinha forte e claro. Ela rapidamente passou a mão sobre os olhos,
obviamente embaraçada por ser vista assim.
“Bem,” ela disse. “Eu acho que você ouviu nosso drama familiar.”
Lissa se sentia igualmente envergonhada por ter sido pega espionando. “Eu – eu
sinto muito. Eu não queria. Eu só estava passando...”
Avery deu uma risada dura. “Bem, eu não acho que importa. Provavelmente todos
no prédio nos ouviram.”
“Sinto muito,” Lissa repetiu.
“Não sinta. Você não fez nada errado.”
“Não... quero dizer, eu sinto muito por ele... você sabe, ter tido aquelas coisas
para você.”
“É parte de ser uma “boa família”. Todos tem esqueletos em seus armários.”
Avery cruzou os braços e se inclinou contra a parede. Mesmo chateada e bagunçada,
ela era linda. “Deus, eu odeio ele às vezes. Sem ofensa, mas esse lugar é tão chato. Eu
encontrei uns veteranos para andar hoje a noite, mas... eles também eram bem
chatos. A única coisa que eles tinham a favor deles era a cerveja.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Porque... porque seu pai te trouxe aqui?” Lissa perguntou. “Porque você não
está... eu não sei, na faculdade?”
Avery deu um risada dura. “Ele não confia em mim o bastante. Quando estávamos
na Corte, eu me envolvi com um cara bonito que trabalhava lá – totalmente não real, é
claro. Papai enlouqueceu e estava com medo que as pessoas descobrissem. Então
quando ele ganhou o trabalho aqui, ele me trouxe junto para manter um olho em mim
– e me torturar. Eu acho que ele tem medo que eu fuja com um humano se eu for para
faculdade.” Ela suspirou. “Eu juro por Deus, se Reed não estivesse aqui, eu
simplesmente fugiria, ponto final.”
Lissa não disse nada por um longo tempo. Ela saiu do seu caminho para evitar a
diligência de Avery. Com todas aquelas ordens que a rainha estava dando a Lissa
ultimamente, esse parecia o único jeito de Lissa poder lutar contra e se impedir de ser
controlada. Mas agora, ela se perguntava se ela estava errada sobre Avery. Avery não
parecia uma espiã para Tatiana. Ela não parecia alguém que queria moldar Lissa em
alguém perfeito da realeza. Na maior parte, Avery parecia uma garota triste e
magoada, cuja vida estava saindo de controle. Alguém que estava recebendo tantas
ordens quanto Lissa ultimamente.
Com um profundo suspiro, Lissa falou rapidamente as próximas palavras. “Você
quer almoçar comigo e Christian amanhã? Ninguém iria se importar se você viesse no
nosso horário de almoço. Não posso prometer que vá ser, um, tão excitante quanto
você quer.”
Avery sorriu de novo, mas dessa vez, um pouco menos amarga. “Bem, meus
outros planos eram ficar bêbada sozinha no meu quarto.” Ela ergueu uma garrafa do
que parecia ser uísque da sua bolsa. “Consegui algumas coisas sozinha.”
Lissa não tinha certeza de que tipo de resposta isso era. “Então... te vejo no
almoço?”
Agora Avery hesitou. Mas devagar, um fraco brilho de esperança e interesse
apareceu no rosto dela. Concentrando-se, Lissa tentou ver a aura dela. Ela teve um
pouco de dificuldades a princípio, provavelmente cansada por causa do treino com
Adrian hoje a noite. Mas quando ela finalmente foi capaz de ver a aura de Avery, ela
viu uma mistura de cores: verde, azul e dourado. Não era incomum. Ela estava
atualmente tendendo ao vermelho, como acontecia quando as pessoas ficavam
chateadas. Mas diante dos olhos de Lissa, a vermelhidão sumiu.
“Yeah,” Avery disse finalmente. “Séria ótimo.”
“Eu acho que aqui é o máximo que podemos ir hoje.”
Do outro lado do mundo, a voz de Sydney me tirou dos pensamentos de Lissa. Eu
não sabia quanto tempo estive sonhando acordada, mas Sydney tinha saído da estrada
principal e estava dirigindo até uma cidade pequena que se encaixava perfeitamente
na imagens de florestas da Sibéria. Na verdade, “cidade” era um exagero total. Haviam
algumas casas espalhadas, uma loja, um posto de gasolina. Terra a ser arada se
esticava além dos prédios, e eu vi mais cavalos do que carros. As poucas pessoas que
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
estavam na rua olhavam nosso carro maravilhados. O céu se tornou de um laranja
profundo, e o sol estava afundando mais e mais no horizonte. Sydney tinha razão. Já
era quase o anoitecer, e precisávamos sair da estrada.
“Estamos apenas a umas duas horas de distância no máximo,” ela continuou.
“Fizemos um bom tempo e devemos chegar lá bem cedo da manhã.” Ela dirigiu até o
outro lado do vilarejo – o que levou, tipo, um minuto – e estacionou na frente de uma
casa branca com um celeiro do lado. “Vamos ficar aqui.”
Saímos do carro e nos aproximamos da casa. “Eles são seus amigos?”
“Não. Nunca os conheci. Mas estão nos esperando.”
Mais conexões misteriosas de Alquimista. A porta foi atendida por uma humana
com aparência amigável que tinha vinte e poucos e nos fez entrar. Ela só falou algumas
palavras de inglês, mas Sydney traduziu com habilidade. Sydney estava mais
extrovertida e charmosa do que eu tinha visto até agora, provavelmente porque
nossos hospedeiros não eram uma horrível cria de vampiros.
É de se imaginar que ficar num carro um dia todo fosse cansativo, mas eu me
sentia exausta e ansiosa para que amanhã chegasse. Então depois da janta e um pouco
de TV, Sydney e eu fomos para o quarto que tinha sido preparado para nós. Era
pequeno e sem graça mas tinha duas camas cobertas num grosso e peludo cobertor.
Eu me aninhei na minha, grata por um pouco de suavidade e calor, e me perguntei se
iria sonhar com Lissa ou Adrian. Eu não sonhei. Eu acordei, no entanto, acordei com
náusea passando por mim – a náusea que me disse que havia um Strigoi por perto.

Nenhum comentário: