segunda-feira, 28 de maio de 2012

A.Vampiro - promessa de sangue (capitulo 7)


CAPÍTULO SETE
Era como a manhã de natal.
Eu não era normalmente a favor de Deus ou destino, mas agora eu estava
seriamente reconsiderando. Depois que desmaiei, Sydney aparentemente fez algumas
ligações frenéticas, e alguém que ela conhecia em Baia tinha ido até nós – se
arriscando na escuridão – para nos resgatar e nos levar até onde eu pudesse ser
tratada. Não havia dúvidas do porque eu tive a vaga sensação de estar em um carro
durante meu delírio; não tinha sido parte de um sonho.
E então, de alguma forma, de todos os dhampirs em Baia, eu fui levada a mãe de
Dimitri. Isso foi o bastante para me fazer seriamente reconsiderar que havia realmente
uma força maior que trabalhava no universo. Ninguém me disse exatamente o que
aconteceu, mas eu logo soube que Olena Belikova tinha uma reputação entre seus
iguais para cura – e não era nem cura mágica. Ela tinha treinamento médico e era a
pessoa que outros dhampirs – e até mesmo alguns Moroi – recorriam nessa região se
eles queriam evitar contato humano. Ainda sim. As coincidências eram estranhas, e
não consegui me impedir de pensar que havia algo acontecendo que eu não entendia.
Por agora, eu não me preocupei demais com os comos e porquês da situação
atual. Eu estava muito ocupada olhando com olhos bem abertos meus arredores e
habitantes. Olena não vivia sozinha. Todas as irmãs de Dimitri – três delas – viviam na
casa também, junto com seus filhos. A semelhança familiar era surpreendente.
Nenhum deles parecia exatamente como Dimitri, mas em cada rosto, eu podia ver. Os
olhos. O sorriso. Mesmo o senso de humor. Ver eles alimentou a ausência de Dimitri
que eu sentia desde que ele desapareceu – e piou tudo ao mesmo tempo. Sempre que
eu olhava para qualquer um deles em minha visão periférica, eu achava que tinha visto
Dimitri. Era como uma casa de espelhos, com reflexos distorcidos em toda parte.
Até mesmo a casa me animou. Não havia sinais óbvios de que Dimitri viveu ali,
mas eu continuei pensando, É aqui que ele cresceu. Ele andou nesse chão, tocou essas
paredes... Enquanto eu andava de quarto em quarto, eu toquei as paredes também,
tentando tirar a energia delas. Eu imaginava ele no sofá, em casa nas férias da escola.
Eu me perguntei se ele deslizava pelo corrimão quando era pequeno. As imagens eram
tão reais que eu ficava me lembrando que ele não vinha pra cá a séculos.
“Você fez uma incrível recuperação,” Olena notou na manhã seguinte depois que
fui trazida para ela. Ela observou com aprovação enquanto eu inalava o prato de blini.
Elas eram panquecas ultra finas recheadas com manteiga e geleia. Meu corpo sempre
requeria muita comida para manter minha força, e eu achei que desde que não
mastigasse de boca aberta nem nada disso, eu não teria motivos para me sentir mal
por comer tanto. “Eu pensei que você estava morta quando Abe e Sydney te
trouxeram.”
“Quem?” Eu perguntei entre as mordidas.
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Sydney estava sentada na mesa com o resto da família, mal tocando na sua
comida como sempre. Ela parecia claramente agitada por estar na casa de dhampir,
mas quando desci as escadas essa manhã, eu definitivamente vi alivio nos olhos dela.
“Abe Mazur,” disse Sydney. A não ser que eu esteja enganada, algumas das outras
pessoas trocaram olhares de conhecimento. “Ele é um Moroi. Eu... eu não sabia o quão
mal você estava ferida ontem a noite, então liguei para ele. Ele veio com seus
guardiões. Foi ele quem te trouxe aqui.”
Guardiões. Plural. “Ele é da realeza?” Mazur não era um sobrenome real, mas isso
nem sempre era um sinal da linhagem de alguém. E enquanto estava começando a
confiar na rede social e conexões com pessoas poderosas de Sydney, eu não conseguia
entender porque alguém da realeza iria querer algo comigo. Talvez ele devesse aos
alquimistas um favor.
“Não,” ela disse abruptamente. Eu franzi. Um Moroi que não é da realeza e tem
mais do que um guardião? Muito estranho. Estava claro que ela não iria dizer mais
nada sobre o assunto – pelo menos por agora.
Eu engoli outra mordida no blini e voltei minha atenção de volta para Olena.
“Obrigado por me abrigar.”
A irmã mais velha de Dimitri, Karolina, estava na mesa também, junto com sua
filhinha e filho Paul. Paul tinha cerca de 10 anos e parecia estar fascinado comigo. A
irmã adolescente de Dimitri, Viktoria, também estava ali. Ela parecia ser mais nova que
eu. A terceira irmã Belikov se chamava Sonya e tinha saído para trabalhar antes de eu
acordar. Eu teria que esperar para conhecer ela.
“Você realmente matou dois Strigoi sozinha”? Paul me perguntou.
“Paul,” xingou Karolina. “Essa não é uma pergunta muito gentil.”
“Mas é excitante,” disse Viktoria com um sorriso. O cabelo castanho dela tinha
mechas em dourado, mas seus olhos escuros brilhavam tanto quanto os de Dimitri
quando ele fica excitado que meu coração se apertou. De novo, eu tinha aquela
sensação de que Dimitri estava mas não estava aqui.
“Ela matou,” disse Sydney. “Eu vi os corpos. Como sempre.”
Ela tinha uma expressão atormentada mas cômica, e eu ri. “Pelo menos os deixei
onde você pudesse encontrar eles dessa vez.” Meu humor de repente diminuiu.
“Alguém... algum humano notou ou ouviu?”
“Me livrei dos corpos antes de alguém notar,” ela disse. “Se as pessoas ouviram
alguma coisa... bem, a florestas como aquela sempre estão cheias de histórias de
fantasma. Eles não tem evidências reais de vampiros, mas tem todo o tipo de crença
que o sobrenatural e o perigo estão lá fora. Mal sabem eles.”
Ela disse “histórias de fantasma” sem mudar de expressão. Eu me perguntei se ela
tinha visto algum dos espíritos de ontem a noite, mas finalmente decidi que ela
provavelmente não tinha. Ela saiu quase no fim da luta, e como as evidencias passadas
indicavam, mais ninguém podia ver os espíritos que eu via – a não ser Strigoi, como
acabou se mostrando.
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Você deve ter tido um bom treinamento então,” disse Karolina, se mexendo para
que o bebê se inclinasse contra seu ombro. “Você parece como se devesse estar ainda
na escola.”
“Acabei de sair,” eu disse, recebendo outro olhar examinador de Sydney.
“Você é americana,” disse Olena de forma muito ‘por sinal’. “ O que te trouxe
aqui?”
“Eu... estou procurando por alguém,” eu disse depois de alguns segundos de
hesitação.
Eu tive medo que eles fossem pressionar por detalhes ou que ela tivesse suspeitas
que eu fosse uma meretriz de sangue, mas então, a porta da cozinha se abriu e a avó
de Dimitri, Yeva, entrou. Ela tinha enfiado sua cabeça pra dentro mais cedo e me
observado. Dimitri tinha me dito que ela era uma espécie de bruxa, e eu podia
acreditar. Ela parecia ter um zilhão de anos e era tão magra, que era de se admirar que
o vento não a soprasse para longe. Ela mal tinha 1,50m e o cabelo dela cobria sua
cabeça em mechas grisalhas. Mas eram os olhos dela que realmente me assustavam. O
resto dela pode ser frágil, mas aqueles olhos escuros eram afiados e alertas e pareciam
olhar minha alma. Mesmo sem a explicação de Dimitri, eu iria achar que ela era uma
bruxa. Ela era também a única na casa que não falava inglês.
Ela sentou numa das cadeiras vazias, e Olena rapidamente pulou para pegar para
ela mais blini. Yeva murmurou algo em russo que fez os outros parecerem
desconfortáveis. Os lábios de Sydney se torceram em um pequeno sorriso. Os olhos de
Yeva estavam em mim enquanto ela falava, e eu olhei ao redor pela tradução.
“O que?” eu perguntei.
“Vovó diz que você não está nos contando a verdade toda do porque você está
aqui. Ela diz que quanto mais você procrastinar, pior será,” Viktoria explicou. Então ela
deu um olhar apoplético para Sydney. “E ela quer saber quando a alquimista vai
embora.”
“Assim que possível,” disse Sydney secamente.
“Bem, porque estou aqui... é meio que uma longa história.” Eu poderia ser mais
vaga?
Yeva disse outra coisa, e Olena respondeu com o que soava ser um corridão.
Comigo, ela falou gentilmente: “Ignore ela, Rose. Ela está com um dos seus humores.
Porque você está aqui é da sua conta – embora tenha certeza que Abe gostaria de
conversar com você alguma hora.” Ela franziu um pouco, e eu lembrei dos olhares de
mais cedo na mesa. “Você deveria se certificar de agradecer a ele. Ele parecia muito
preocupado com você.”
“Eu meio que gostaria de ver ele também,” eu murmurei, ainda curiosa com esse
bem protegido Moroi que não era da realeza, que tinha me dado uma carona e parecia
deixar todos agitados. Ansiosa para evitar mais conversa do porque eu estava aqui, eu
rapidamente mudei de assunto. “Eu também adoraria dar uma olhada em Baia. Nunca
estive em um lugar assim antes – onde tantos dhampir vivem, quero dizer.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Viktoria se alegrou. “Eu posso definitivamente te fazer um tour – se você tem
certeza de que está se sentindo bem. Ou se você não tiver que partir imediatamente.”
Ela acreditava que eu estava de passagem, o que era basicamente isso.
Honestamente, eu não tinha mais certeza do que estava fazendo, agora que parecia
que Dimitri não estava na área. Eu olhei para Sydney de forma questionadora.
Ela deu nos ombros. “Faça o que quiser. Não vou a lugar nenhum.” Eu achei isso
um pouco desconcertante também. Ela me trouxe aqui como os superiores dela
haviam mandado – mas e agora? Bem, essa era uma preocupação para mais tarde.
Assim que terminei minha comida, Viktoria praticamente me arrastou pela porta,
como se eu fosse a coisa mais excitante que aconteceu por aqui em um tempo. Yeva
não tinha tirado seus olhos de mim pelo resto da refeição, e embora ela nunca tenha
dito mais nada, o olhar suspeito dela claramente me disse que ela não acreditava
numa palavra que eu disse. Eu convidei Sydney para vir junto, mas ela recusou,
preferindo se trancar em um quarto para ler sobre templos gregos ou fazer ligações de
controle-do-mundo ou o que quer que fosse que ela fazia.
Viktoria disse que o centro não era longe de onde eles viviam e era mais fácil
caminhar. O dia estava claro e frio, com sol o bastante para deixar o lado de fora bem
agradável.
“Não recebemos muitos visitantes,” ela explicou. “A não ser homens Moroi, mas a
maioria não fica muito tempo.”
Ela não acrescentou mais nada, mas me perguntei sobre as implicações dela. Esses
homens Moroi estavam procurando encontrar ação com mulheres dhampir? Eu cresci
pensando que essas mulheres, dhampirs que escolheram não se tornar guardiões,
eram desgraçadas e sujas. Aquelas em Nightingale certamente faziam jus ao
estereotipo de meretriz de sangue, mas Dimitri tinha me assegurado que nem todas as
mulheres dhampir eram assim. Depois de conhecer os Belikovs, eu acreditei nele.
Enquanto nos aproximávamos do centro da cidade, eu logo descobri outro mito
que foi quebrado. As pessoas falavam sobre meretrizes de sangue vivendo em campos
ou comunas, mas esse não era o caso aqui. Mala não era enorme, não como São
Petersburgo ou mesmo Omsk, mas era uma cidade de verdade com uma população
humana grande. Dificilmente um assentamento rural ou fazenda. O lugar todo era
surpreendentemente normal, e enquanto nos aproximávamos do centro, linhas de
pequenas lojas e restaurantes, faziam parecer que era realmente como qualquer outro
lugar para se viver. Moderno e normal, como um vilarejo deveria ser.
“Onde estão todos os dhampirs?” Eu me perguntei em voz alta. Sydney disse que
havia um sub cultura secreta, mas eu não vi nenhum sinal.
Viktoria sorriu. “Oh, estão por ai. Temos vários negócios e outros lugares que
humanos não conhecem.” Enquanto podia entender humanos não serem notados em
cidades grandes, parecia incrível conseguir isso aqui. “Muitos de nós só vivem e
trabalham com os humanos.” Ela acenou em direção o que parecia ser uma farmácia.
“Sonya trabalha lá agora.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Agora?”
“Agora que está grávida.” Viktoria virou seus olhos. “Eu te levaria para conhecer
ela, mas ela está mau humorada o tempo todo ultimamente. Eu espero que o bebê
chegue cedo.”
Ela deixou nisso, e eu estava de novo me perguntando sobre a dinâmica de Moroi
e dhampirs por aqui. Não mencionamos de novo, e nossa conversa permaneceu leve e
até um pouco provocadora. Viktoria era fácil de gostar, e em apenas uma hora, nos
demos como se nos conhecêssemos a vida toda. Talvez minha conexão com Dimitri me
ligasse a família dele também.
Meus pensamentos foram cortados quando alguém chamou o nome de Viktoria.
Viramos para ver um dhampir bonitinho cruzando a rua. Ele tinha cabelo bronze e
olhos escuros, sua idade entre a minha e de Viktoria.
Ele falou algo loquaz e conversador. Ela sorriu para ele e então gesticulou em
minha direção, me apresentando em russo. “Esse é Nikolai,” ela me disse em inglês.
“Prazer em te conhecer,” ele disse, também trocando de língua. Ele me avaliou
rapidamente do jeito que os caras sempre fazem, mas quando ele virou de volta para
Viktoria, ficou claro quem era o objeto de sua afeição. “Você deveria trazer Rose para a
festa da Marina. É sábado a noite.” Ele hesitou, ficando um pouco tímido. “Você vai,
não?”
Viktoria ficou pensativa, e eu percebi que era completamente inconsciente a
paixão dele. “Estarei lá, mas...” Ela virou em minha direção. “Você ainda vai estar por
perto?”
“Eu não sei,” eu disse honestamente. “Mas vou se estiver aqui. Que tipo de festa
é?”
“Marina é uma amiga da escola,” explicou Viktoria. “Vamos nos reunir e celebrar
antes de voltarmos.”
“Para escola?” eu perguntei idiotamente. De alguma forma, nunca tinha me
ocorrido que os dhampirs daqui iam para escola.
“Estamos de férias agora,” disse Nikolai. “Para páscoa.”
“Oh.” Era tarde de abril, mas eu não fazia ideia de que dia cairia a páscoa esse ano.
Eu perdi a noção dos dias. Não tinha acontecido ainda, então a escola deve estar em
um feriado antes da páscoa. St. Vladimir fazia as férias depois. “Onde é sua escola?”
“É a cerca de 3 horas de distância. Ainda mais remota do que aqui.” Viktoria fez
uma cara.
“Baia não é tão ruim,” provocou Nikolai.
“Fácil para você dizer. Você eventualmente vai partir e conhecer lugares
excitantes.”
“Você não pode?” eu perguntei a ela.
Ela franziu, de repente desconfortável. “Bem, eu poderia... mas não é assim que
fazemos por aqui – pelo menos não na minha família. Vovó tem... opiniões fortes
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
sobre homens e mulheres. Nikolai será um guardião, mas eu vou ficar aqui com minha
família.”
Nikolai de repente me deu uma nova avaliação. “Você é uma guardiã?”
“Ah, bem.” Agora eu era a desconfortável.
Viktoria falou antes de eu inventar algo para dizer. “Ela matou dois Strigoi fora da
cidade. Sozinha.”
Ele parecia impressionado. “Você é uma guardiã.”
“Bem, não... eu já matei antes, mas não sou jurada.” Virando ergui meu cabelo
para mostrar a eles meu pescoço. Fora minhas marcas molnija regulares, eu também
tinha uma pequena tatuagem em forma de estrela que significava que estive em
batalha. Os dois ofegaram, e Nikolai disse algo em russo. Eu soltei meu cabelo e olhei
para trás. “O que?”
“Você...” Viktoria mordeu os lábios, olhos contemplativos enquanto ela engolia o
que ia dizer. “Não prometida? Eu não sei a palavra em inglês.”
“Não prometida?” eu disse. “Eu suponho... mas tecnicamente, não são todas as
mulheres daqui?”
“Mesmo que não sejamos guardiãs, ainda temos marcas que mostram que
completamos nosso treinamento. Mas nenhuma marca da promessa. Para você ter
matado tantos Strigoi e não ter lealdade a uma escola ou aos guardiões...” Viktoria deu
nos ombros. “Não chamamos de ser prometida – é uma coisa estranha.”
“É estranho de onde venho também,” eu admiti. Nunca tinha ouvido falar, na
verdade. Era por isso que não tínhamos um termo para isso. Simplesmente não
acontecia.
“Eu deveria deixar vocês duas irem,” disse Nikolai, os olhos amorosos dele de volta
a Viktoria. “Mas te vejo na Marina com certeza? Talvez mais cedo?”
“Sim,” ela concordou. Eles se despediram em russo, e então ele saiu pela rua com
o tipo de fácil e atlética graça que os guardiões geralmente adquiriam com
treinamento. Me lembrou um pouco de Dimitri.
“Eu devo ter assustado ele,” eu disse.
“Não, ele acha que você é excitante.”
“Não tão excitante quanto ele pensa que você é.”
As sobrancelhas dela se ergueram. “O que?”
“Ele gosta de você... eu quero dizer, realmente gosta. Você não percebeu?”
“Oh. Somos apenas amigos.”
Eu percebi pela atitude dela que ela falou sério. Ela foi completamente indiferente
a ele, o que era uma pena. Ele era fofo e gentil. Deixando o pobre Nikolai ir, eu toquei
no assunto de guardiões de novo. Eu estava intrigada com a diferença de atitude por
aqui. “Você disse que não pode... mas você quer ser uma guardiã?”
Ela hesitou. “Nunca realmente considerei. Tenho o mesmo treinamento na escola,
e gosto de saber me defender. Mas prefiro usar para defender minha família do que os
Moroi. Eu acho que soa...” ela pausou de novo para pensar na palavra certa.
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“...maxista? Mas, os homens se tornam guardiões, e as mulheres ficam em casa. Só
meu irmão partiu.”
Eu quase tropecei. “Seu irmão?” eu perguntei, mantendo minha voz o mais firme
possível.
“Dimitri,” ela disse. “Ele é mais velho que eu e é guardião a um tempo. Ele está
nos EUA, na verdade. Não o vemos a um longo tempo.”
“Huh.”
Eu me sentia horrível e culpada. Culpada porque eu estava escondendo a verdade
de Viktoria e os outros. Horrível porque aparentemente ninguém de casa tinha se
incomodado em avisar a família ainda. Sorrindo com suas próprias memórias, ela não
notou minha mudança de humor.
“Paul na verdade parece exatamente como ele nessa idade. Eu deveria te mostrar
fotos dele – e algumas recentes também. Dimitri é bem bonito. Pro meu irmão, quero
dizer.”
Eu tinha certeza que ver Dimitri como um garotinho iria rasgar meu coração. E
estava acontecendo, quando mais Viktoria falava dele, o mais doente eu me sentia.
Ela não fazia ideia do que tinha acontecido, e embora fizesse alguns anos que
desde que ela não o via, estava claro que ela e o resto da família o amam como louco.
Não que isso deva ser surpreendente (E verdade, quem não amaria Dimitri?). Estar
com eles por apenas uma manhã tinha mostrado o quão íntimos eles eram. Eu sabia
das histórias de Dimitri que ele era maluco por todos eles também.
“Rose? Você está bem?” Viktoria estava me olhando com preocupação,
provavelmente porque eu não tinha dito nada nos últimos 10 minutos.
Tínhamos feito a volta e estávamos quase de volta na casa dela. Olhando para ela,
para seu rosto e olhos amigáveis que eram tão parecidos com os de Dimitri, eu percebi
que eu tinha outra tarefa antes de ir atrás de Dimitri, onde quer que ele estivesse. Eu
engoli.
“Eu... yeah. Eu acho... eu acho que precisamos sentar com você e o resto da sua
família.”
“Ok,” ela disse, a preocupação ainda em sua voz.
Dentro da casa, Olena estava andando pela cozinha com Karolina. Eu achei que
elas estavam fazendo planos para o jantar de hoje a noite, o que era surpreendente
considerando que acabamos um enorme café da manhã. Eu podia definitivamente me
acostumar com o jeito que eles eram por aqui. Na sala, Paul estava construindo uma
elaborada pista de corrida feita de Legos. Yeva estava sentada numa cadeira de
balanço e parecia ser a avó mais estereotipada do mundo enquanto ela tricotava um
par de meias. A não ser que a maioria das avós não pareciam que podiam te incinerar
com teus olhos.
Olena estava conversando com Karolina em russo mas mudou para inglês quando
ela me viu. “Vocês duas voltaram mais cedo do que eu esperava.”
“Vimos a cidade,” disse Viktoria. “E... Rose queria falar com você. Com todos nós.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Olena me deu um olhar intrigado e preocupado como o de Viktoria. “O que está
acontecendo?”
O peso daqueles olhos Belikov em mim fizeram meu coração bater mais forte no
meu peito. Como eu iria fazer isso? Como eu poderia explicar algo que eu não falava a
semanas? Eu não suportava fazer eles – ou eu mesma – passar por isso. Quando Yeva
correu para dentro, fez tudo ficar ainda pior. Talvez ela tivesse algum senso místico
que algo grande estava para acontecer.
“Deveríamos sentar,” eu disse.
Paul ficou na sala, pelo que eu fiquei agradecida. Eu tinha certeza que não iria
suportar dizer o que eu precisava com um garotinho – um que parecia com Dimitri,
aparentemente – me observando.
“Rose, qual o problema?” perguntou Olena. Ela parecia tão doce e, bem... como
uma mãe, e eu quase chorei. Sempre que eu fiquei brava com minha própria mãe por
não ficar por perto e fazer um bom trabalho, eu sempre comparava ela com a imagem
de uma mãe – uma mãe que parecia muito como a de Dimitri, eu percebi. As irmãs de
Dimitri pareciam igualmente preocupadas, como se eu fosse alguém que elas
conheciam a uma eternidade. Essa aceitação e preocupação fez meus olhos
queimarem ainda mais, já que elas me conheceram apenas essa manhã. Yeva tinha
uma expressão estranha, no entanto – quase como se ela tivesse esperado algo assim
o tempo todo.
“Bem... o negócio é que, a razão de eu ter vindo aqui, para Baia, foi para encontrar
vocês.”
Isso não era inteiramente verdade. Eu vim procurar por Dimitri. Nunca pensei
muito sobre ver a família dele, mas agora, eu percebi que isso era uma boa coisa.
“Você vê, Viktoria estava falando de Dimitri mais cedo.” O rosto de Olena se
iluminou quando ela ouviu o nome de seu filho. “E... eu conheci – er, conheço ele. Ele
costumava ser um guardião na minha escola. Meu professor, na verdade.”
Karolina e Viktoria se iluminaram também. “Como ele está?” perguntou Karolina.
“Faz séculos desde que vimos ele. Você sabe quando ele vem visitar?”
Eu não conseguia nem pensar sobre responder a pergunta dela, então eu
continuei minha história antes de perder minha coragem na frente daqueles rostos
amorosos. Enquanto as palavras saiam da minha boca, era quase como se outra
pessoa as estivesse dizendo e eu estivesse simplesmente observando a distância. “Um
mês atrás... nossa escola foi atacada por Strigoi. Um ataque muito ruim... um grupo
grande de Strigoi. Perdemos várias pessoas – Moroi e dhampirs.”
Olena exclamou em russo. Viktoria se inclinou em minha direção. “St. Vladimir?”
Eu segurei minha história, surpresa. “Você ouviu falar?”
“Todo mundo ouviu,” disse Karolina. “Todos sabemos o que aconteceu. Aquela era
sua escola? Você estava lá aquela noite?”
Eu concordei.
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
“Não é de se admirar que você tenha tantas marcas molnija,” falou Viktoria em
admiração.
“E é lá que Dimitri está agora?” perguntou Olena. “Perdemos noção de onde ele
está desde sua última missão.”
“Um, yeah...” Minha língua parecia presa na minha garganta. Eu não conseguia
respirar. “Eu estava na escola na noite do ataque,” eu reafirmei. “E Dimitri também.
Ele era um dos lideres de batalha... e do jeito que ele lutou... ele foi... ele foi muito
corajoso... e...”
Minhas palavras estavam se quebrando, mas nesse ponto, os outros estavam
entendendo. Olena ofegou e de novo murmurou algo em russo. Eu entendi a palavra
para “Deus”. Karolina permaneceu congelada, mas Viktoria se inclinou em minha
direção. Aqueles olhos que eram tão parecidos com o de seu irmão me olharam com
intensidade, tão intensamente quanto os dele quando ele insistia que eu contasse a
verdade, não importava o quão horrível fosse.
“O que aconteceu?” ela exigiu. “O que aconteceu com Dimitri?”
Eu desviei o olhar de seus rostos, meus olhos passando pela sala. Na parede
distante, eu vi uma estante de livros com livros antigos de capa de couro. Elas tinham
letras douradas bordadas neles. Era totalmente aleatório, mas eu de repente me
lembrei da menção que Dimitri fez a eles. Eles eram antigos livros de aventura que
minha mãe coleciona, ele me disse uma vez. As capas eram lindas, e eu os amava. Se
eu tomasse cuidado, ela me deixava ler as vezes. Os pensamentos de um jovem Dimitri
sentado na frente da estante, cuidadosamente virando as páginas – e oh, ele tomaria
cuidado – quase me fez perder o controle. Foi aqui que ele desenvolveu seu amor por
histórias do faroeste?
Eu estava perdendo o controle. Eu estava me distraindo. Eu não iria ser capaz de
dizer a eles a verdade. Minhas emoções estavam ficando muito poderosas, minhas
memórias flutuando por mim enquanto lutava para pensar em algo – qualquer coisa –
que não envolvesse uma horrível batalha.
Então olhei para Yeva de novo, e algo sobre a estranha e sábia expressão dela
inexplicavelmente me estimulou. Eu tinha que fazer isso. Eu virei de volta para os
outros. “Ele lutou com muita bravura na batalha, e depois, ele liderou uma missão de
resgate para salvar algumas pessoas que os Strigoi capturaram. Ele foi realmente
incrível lá também, só que... ele...”
Eu parei de novo percebendo que lágrimas estavam rolando pelo meu rosto. Em
minha mente, eu estava repassando aquela horrível cena na caverna, com Dimitri tão
perto da liberdade e então derrubado por um Strigoi no último minuto. Mandando o
pensamento para longe, eu respirei profundamente. Eu tinha que terminar isso. Eu
devia a família dele.
Não havia um jeito gentil de dizer isso. “Um dos Strigoi lá... bem, ele dominou
Dimitri.”
Vampire Academy – Blood Promise
Comunidade Traduções de Livros
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=25399156
Karolina enterrou seu rosto no ombro da mãe, e Olena se esforçou para esconder
suas próprias lágrimas. Viktoria não estava chorando, mas o rosto dela ficou
perfeitamente parado. Ela estava trabalhando duro para manter suas emoções
controladas, como Dimitri teria feito. Ela buscou meu rosto, precisando saber com
certeza.
“Dimitri está morto,” ela disse.
Era uma afirmação, não uma pergunta, mas ela estava procurando por
confirmação. Eu me perguntei se eu tinha deixado algo escapar, uma dica de que havia
ainda mais na história. Ou talvez ela simplesmente precisasse ter certeza daquelas
palavras. E por um momento, eu considerei dizer a eles que Dimitri estava morto.
Era o que a Academia diria a eles, o que os guardiões diriam a eles. Seria mais
fácil... mas de alguma forma, eu não suportava mentir para eles – mesmo que fosse
uma mentira para confortar. Dimitri iria querer toda a verdade, e sua família também.
“Não,” eu disse, e por um segundo, esperança se espalhou no rosto de todos –
pelo menos até eu falar de novo. “Dimitri é um Strigoi.”

Nenhum comentário: