quinta-feira, 17 de maio de 2012

A.vampiro - tocada pelas sombras (capitulo 20)


VINTE
“Vamos falar sobre a sua mãe.”
Eu encarei. “O que tem ela?”
Era meu primeiro dia na terapia, e até agora, eu não estava impressionada.Ter visto Mason
noite passada era provavelmente algo que eu deveria comentar imediatamente. Mas eu não
queria que os oficiais da escola tivessem ainda mais razões para pensar que eu estava
perdendo a cabeça – mesmo que eu estivesse.
E honestamente, eu não sabia se eu estava com certeza.A analise de Adrian da minha aura e a
história da Anna certamente me deram credito para estar na estrada da loucura. Ainda sim eu
não me sentia louca. Pessoas loucas não sabem se elas realmente são? Adrian disse que elas
não sabiam. Louco já é um termo estranho. Eu aprendi o suficiente sobre psicologia para saber
que era uma classificação muito ampla. A maior parte das doenças mentais eram na verdade
muito especificas e tinham sintomas selecionados – ansiedade, depressão, mudanças de
humor, etc. Eu não sabia se eu me encaixava nisso.
“Como você se sente sobre ela?” continuou a conselheira. “Sobre sua mãe?”
“Que ela é uma ótima guardiã e uma mãe mediana.”
A conselheira, cujo nome era Deirdre, escreveu algo em seu caderno. Ela era loira e uma Moroi
magra, que usava uma vestido de cashmere. Ela não parecia ser muito mais velha que eu, mas
os certificados na parede dela juravam que ela tinha todo tipo de graduação em psicoterapia.
O escritório dela era no prédio administrativo, o mesmo prédio que o da diretora, e onde todo
tipo de assunto da Academia era tratado. Eu meio que esperava que tivesse um sofá para
deitar, como sempre aparece na terapia da TV, mas o melhor que eu tinha era uma cadeira.
Era uma cadeira confortável, pelo menos. As paredes eram lotadas com fotos da natureza,
coisas como borboletas e narcisos.
“Você quer elaborar o “mediana’?” pergunto Deirdre.
“É uma melhora. Um mês atrás eu diria ‘horrível.’ O que isso tem a ver com Mason?”
“Você quer falar sobre Mason?”
Eu notei que ela tinha o habito de responder minha pergunta com outra pergunta.
“Eu não sei,” eu admiti. “Eu acho que é por isso que eu estou aqui.”
“Como você se sente sobre ele? Sobre a morte dele?”
“Triste. Como mais eu deveria me sentir?”
“Com raiva?”
Eu pensei sobre o Strigoi, sua atitude casual sobre matar.”É, um pouco.”
“Culpada?”
“Mas é claro.”
“Porque “é claro”?”
“Porque foi minha culpa ele estar lá. Eu o deixei chateado... e ele tinha que fazer isso para se
provar. Eu disse a ele onde os Strigoi estavam, e eu não podia ter feito isso. Se ele não
soubesse deles, ele não teria feito. Ele ainda estaria vivo.”
“Você não acha que ele era responsável por suas próprias ações? Que foi ele que escolheu
isso?”
“Bem... sim. Eu suponho que ele escolheu. Eu não o obriguei a fazer isso.”
“Alguma outra razão para se sentir culpada?”
Eu olhei para longe dela e me concentrei na foto de um inseto. “Ele gostava de mim – de um
jeito romântico. Nós meio que saímos, mas eu não consegui me envolver. Isso o magoou.”
“Porque você não conseguiu se envolver?”
“Eu não sei,” eu disse. A imagem do corpo dele, deitado chão, passou pela minha mente e eu a
empurrei para longe. De jeito nenhum eu ia chorar na frente de Deirdre. “Aí é que está. Eu
deveria. Ele era legal. Ele era divertido. Nós nos dávamos muito bem... mas não parecia ser
certo. Nem mesmo beijar ele nem nada disso... chegou um ponto que eu não conseguia mais
fazer isso.”
“Você sente que você tem um problema com contato intimo?”
“O que você-? Oh. Não! É claro que não.”
“Você já transou com alguém?”
“Não. Você está dizendo que eu deveria?”
“Você acha que você deveria?”
Merda. Eu pensei que tinha pegado ela. Eu jurava que ela não teria uma pergunta para essa.
“Mason não era a pessoa certa.”
“Tem outra pessoa? Alguém que você acha que seja a pessoa certa?”
Eu hesitei. Eu não sabia como isso estava relacionado a ver fantasmas. De acordo com uma
papelada que eu assinei, tudo que eu dizia aqui era confidencial. Ela não diria a ninguém a não
ser que eu fosse um perigo para mim mesma ou estivesse fazendo algo ilegal. Eu não tinha
certeza se se relacionar com um homem mais velho se aplicava.
“Sim... mas não posso te dizer quem é.”
“A quanto tempo você o conhece?”
“Quase seis meses.”
“Vocês são próximos?”
“Sim, claro. Mas não somos...” Como eu iria descrever isso? “Não estamos realmente
envolvidos. Ele meio que é ... indisponível.” Ela podia pensar no quisesse sobre isso, como
talvez eu estivesse interessada num cara que tinha namorada.
“Ele foi a razão para você não poder se aproximar de Mason?”
“Sim.”
“E é ele que te impede de sair com qualquer outro?”
“Bem... ele não está fazendo isso de propósito.”
“Mas desde que você se importe com ele, você não vai se interessar em mais ninguém?”
“Certo. Mas não importa. Eu provavelmente nem deveria sair com ninguém.”
“Porque não?”
“Porque não tem tempo. Estou treinando para ser uma guardiã. Eu tenho que ter toda a minha
atenção direcionada a Lissa.”
“E você não acha que pode fazer isso e ficar romanticamente envolvida com alguém?”
Eu neguei. “Não. Eu tenho que estar disposta a dar minha vida a ela. Eu não posso me distrair
com outra coisa. Temos esse “mantra” entre os guardiões: “Eles vem primeiro.” Vocês. Moroi.”
“Então você acha que tem sempre que por as necessidades de Lissa antes da suas?”
“É claro.” Eu franzi. “O que mais eu deveria fazer? Eu vou ser uma guardiã.”
“Como isso faz você se sentir? Desistir de tudo por ela?”
“Ela é minha melhor amiga. E a ultima de sua família.”
“Não foi isso que eu perguntei.”
“É, mas – “ eu parei. “Hey, você não fez uma pergunta.”
“Você acha que eu sempre faço perguntas?”
“Esquece.Olha, eu amo Lissa. Estou feliz por passar minha vida protegendo ela. Fim da história.
Além do mais, você é uma Moroi, está me dizendo, uma dhampir, que eu não deveria por a
vida de um Moroi acima da minha?Você sabe como funciona o sistema.”
“Eu sei,” ela disse. “Mas não estou aqui para analisar ele. Estou aqui para ajudar você a
melhorar.”
“Me parece que não podemos fazer um sem o outro.”
Os lábios de Deirdre se viraram num sorriso, e então os olhos dela olharam para o relogio.
“Estamos sem tempo hoje. Vamos ter que continuar a próxima vez.”
Eu cruzei meus braços sob meu peito. “Eu pensei que você fosse me dar algum tipo de
conselho ou me dizer o que fazer. Mas você só me mantêm falando.”
Ela riu suavemente. “Terapia não é sobre o que eu penso sobre você e sim sobre o que você
pensa.”
“Então porque fazer?”
“Porque nem sempre sabemos o que estamos pensando ou sentindo. Quando você tem um
guia, é mais fácil entender as coisas. Você normalmente descobre que você já sabe o que
fazer. Eu posso te ajudar a fazer perguntas e ir a lugares que você talvez não fosse se estivesse
sozinha.”
“Bem, você é boa na parte das perguntas,” eu acenei secamente.
“Embora não tenha nenhum “super conselho,” eu tenho algumas coisas que eu gostaria que
você pensasse antes de nós encontrarmos de novo.” Ela olhou para o seu caderno e o bateu
com seu lápis enquanto pensava. “Primeiro, eu quero que você pense de novo sobre o que eu
te perguntei sobre Lissa – sobre o que você realmente sente sobre dedicar sua vida para ela.”
“Eu já disse a você.”
“Eu sei. Só pense um pouco mais sobre isso. Se a sua resposta for a mesma, tudo bem. Então,
eu quero que você considere outra coisa. Eu quero que você pense sobre qual é a razão de
você se sentir atraída por esse cara indisponível, seja porque ele é indisponível.”
“Isso é loucura. Isso não faz sentido.”
“É? Você acabou de me dizer que não pode se envolver com ninguém. Você acha que é
possível que alguém que você não pode ter é um jeito do seu subconsciente de lidar com isso?
Se é impossível para você ter ele, então você nunca tem que encarar os sentimentos de
conflito que você tem em relação a Lissa. Você nunca terá uma escolha. “
“Isso é confuso,” eu murmurei.
“É pra ser. É por isso que estou aqui.”
“O que isso tem a ver com Mason?”
“Tem a ver com você, Rose. É por isso que é importante.”
Eu sai da terapia sentindo que meu cérebro ia derreter. Eu também sentia como se tivesse
estado num julgamento. Se Deirdre estivesse lá para fritar Victor, eles provavelmente teriam
terminado na metade do tempo.
Eu também achei que Deirdre estava indo na direção completamente errada. É claro que eu
não me ressentia de Lissa. E a idéia de que eu tinha me apaixonado por Dimitri porque eu não
podia ter ele era ridícula. Eu nunca pensei sobre o conflito em ser guardiã até que ela
mencionou. Eu me apaixonei por ele porque... bem, porque ele era Dimitri. Porque ele era
doce, forte, engraçado, corajoso e lindo. Porque ele me entendia.
E ainda sim, eu andei de volta para a sala, eu encontrei as perguntas dela girando na minha
cabeça. Eu posso não ter pensando sobre uma relação que nos distraísse do nosso trabalho
como guardiões, mas eu certamente sabia desde o inicio que a idade dele e trabalho eram
enormes distancias. Isso poderia ter tido algum efeito? Alguma parte de mim sabia que nunca
poderíamos ter nada – e que isso me permitia sempre me dedicar a Lissa?”
Não, eu decidi firmemente. Isso era ridículo. Deirdre podia ser boa em fazer perguntas, mas
ela claramente estava fazendo as perguntas erradas.
“Rose!” Eu olhei para direita e vi Adrian cortando caminho em minha direção, inconsciente do
efeito que isso teve no seu sapato de marca.
“Você acabou de me chamar de ‘Rose’?” Eu perguntei. “E não ‘pequena dhampir’?Eu nunca
achei que isso aconteceria.”
“Sempre acontece,” ele respondeu, me alcançando.
Entramos na sala comunitária. A aula tinha começado, então os corredores estavam vazios.
“Onde está sua outra metade?” ele perguntou.
“Christian?”
“Não, Lissa. Você sabe onde ela está, certo?”
“Sim, eu consigo saber porque é o ultimo período, e ela esta em aula como todo mundo. Você
fica esquecendo que para o resto de nós, isso é uma escola.”
Ele parecia desapontado. “Eu encontrei mais casos que eu queria discutir com ela. Mais super
compulsão.”
“Whoa, você esteve fazendo algo produtivo? Estou impressionada.”
“E você pode falar,” ele disse. “Especialmente considerando que toda a sua existência gira em
bater nas pessoas. Vocês dhampirs não são civilizados – mas também, é por isso que eu amo
você.”
“Na verdade” eu disse divertida, “não somos os únicos dando surras ultimamente.” Eu quase
esqueci sobre a club de luta da realeza. Tinha tantas coisas que me preocupavam
ultimamente. Era como tentar segurar água com as mãos. Era um tiro a distancia mas eu tinha
que perguntar a ele. “A palavra Mână significa algo pra você?”
Ele se inclinou contra a parede e pegou um cigarro. “Claro.”
“Você está dentro da escola,’ eu avisei.
“O que – oh, certo.” Com um suspiro ele os colocou de volta no casaco. “Metade de vocês não
estudam romeno aqui? Significa “mão.””
“Eu estudo inglês aqui.” Mão. Isso não faz sentido.
“Porque o interesse na tradução?”
“Eu não sei. Eu acho que entendi errado. Eu pensei que tinha alguma conexão com essa coisa
que está acontecendo com o pessoal da realeza.”
Reconhecimento passou pelos olhos dele. “Oh Deus. Não isso. Eles estão fazendo isso aqui
também?”
“Fazendo o que?”
“A Mână. A mão. É uma estúpida sociedade secreta que aparece nas escolas. Nós tivemos uma
dessas em Alder. É na maioria um bando da realeza se reunindo e tendo encontros secretos
para falar sobre o quão melhor eles são.”
“É isso então,” eu disse. Os pedaços se juntaram. “Esse é o grupinho de Jesse e Ralf – que eles
tentaram chamar Christian para se juntar. É isso que é a Mână.”
“Ele?” Adrian riu. “Eles deveriam estar desesperados – e eu não digo isso como um sinal
depreciativo a Christian. Ele só não é o tipo que se mete nessas coisas.”
“É, bem, ele os recusou com força. Qual é a razão dessa sociedade secreta?”
Ele deu nos ombros. “Mesmo que os outros. É um jeito para fazer as pessoas se sentirem
melhor sobre si mesmas. Todos gostam de se sentir especial. Ser parte de um grupo de elite é
um jeito para fazer isso.”
“Mas você não era parte disso?”
“Não tinha porque. Eu já sei que sou especial.”
“Jesse e Ralf fez parecer que a realeza tem que ficar junta por causa de toda a controvérsia
que está acontecendo – sobre lutar e os guardiões e tudo isso. Eles fizeram parecer que
podiam fazer algo sobre isso.”
“Não nessa idade,’ disse Adrian. “O que a maioria deles pode fazer é falar. Quando ficam mais
velhos, os membros da Mână as vezes fazem acordos uns pelos outros e ainda tem encontros
secretos.”
“Então é só isso? Eles só ficam juntos e conversam?”
Ele se tornou contemplativo. “Bem, sim, é claro que eles fazem muito isso. Mas eu quero dizer,
quando esses pequenos grupos se formam, tem normalmente algo especifico que eles querem
fazer em segredo. Cada grupo é meio diferente, então esse provavelmente tem um plano ou
um esquema ou algo assim.” Um plano ou um esquema. Eu não gostei do jeito disso.
Especialmente com Jesse e Ralf envolvidos.
“Você sabe bastante para alguém que não se envolveu.”
“Meu pai se envolveu. Ele nunca fala muito sobre isso – daí a parte do segredo – mas eu pego
certas coisas, e eu ouvi sobre isso quando estava na escola.”
Eu me inclinei contra a parede. O relógio do outro lado dizia que as aulas estavam quase no
fim. “Você ouviu algo sobre eles baterem nas pessoas? Tem pelo menos 4 Moroi que eu
conheço que foram atacados. E eles não falam sobre isso.”
“Quem? Plebeus?”
“Não. Outros da realeza.”
“Isso não faz sentido. Todo o sentido pra isso é para a elite da realeza se juntar pra se proteger
de mudanças. A não ser, talvez, que eles estejam indo atrás de quem se recusa ou que apóia
quem é plebeu.”
“Talvez. Mas um deles era o irmão de Jesse, e Jesse me parece ser um membro fundador.
Parece que ele teve que fazer um corte. E eles não fizeram nada quando Christian se recusou.”
Adrian jogou suas mãos no ar. “Até eu não sei tudo, e como eu disse, eles provavelmente tem
seus próprios planos que mantem escondidos.” Eu suspirei em frustração, e ele me deu um
olhar curioso.”Porque você se importa tanto?”
“Porque não é certo.As pessoas que eu vi estavam em um estado ruim. Se um grupo está
conspirando com as vitimas, eles precisam ser impedidos.”
Adrian riu e brincou com um tufo do meu cabelo “Você não pode salvar todos, embora Deus
saiba que você tenta.”
“Eu só quero fazer o que é certo.” Eu lembrei do comentário de Dimitri sobre o faroeste e não
consegui impedir um sorriso. “Eu preciso trazer a justiça pra onde ela se faz necessária.”
“A coisa louca, pequena dhampir, é que você fala sério. Eu posso ver pela sua aura.”
“O que, está dizendo que ela não está mais preta?”
“Não... ainda é negra, definitivamente. Mas tem um pouco de luz, fechos de dourado. Como
luz do sol.”
“Talvez sua teoria sobre eu pegar a escuridão de Lissa esteja errada então. “ Eu estive
tentando não pensar sobre a noite passada, quando soube sobre Anna. Mencionando isso eu
agora enfrentava todos aqueles medos de novo. Insanidade. Suicídio.
“Depende,” ele disse. “Quando foi a ultima vez que você a viu?”
Eu dei nele um pequeno soco. “Você realmente não faz idéia não é? Você fica improvisando.”
Ele pegou meu pulso e me puxou para mais perto. “Não é assim que normalmente
operamos?”
Eu ri irritada comigo mesma. A essa proximidade com ele eu podia apreciar o quão verde eram
seus olhos. Na verdade, apesar de gozar dele repetidamente, eu não podia negar que o resto
dele também era bonito. Os dedos dele eram quentes no meu pulso, e tinha algo meio sexy
sobre o jeito que ele o segurava. Pensando nas palavras de Deirdre, eu tentei avaliar como
tudo me fazia sentir. Deixando o aviso da rainha de lado, Adrian era um cara que estava
tecnicamente disponível. Eu estava atraída por ele?Eu me animava com isso?
A resposta: não. Não do mesmo jeito que eu sentia com Dimitri. Adrian era sexy a sua maneira,
mas ele não me deixava maluca do jeito que Dimitri deixava. Era porque Adrian estava
disponível? Deirdre estava certa sobre eu propositalmente querer relações que eram
impossíveis?
“Você sabe,” ele disse, interrompendo meus pensamentos, “sob qualquer outra circunstancia,
isso seria quente. Ao invés disso, você está olhando para mim como se eu fosse algum tipo de
experiência cientifica.”
Era exatamente assim que eu estava tratando isso. “Porque você nunca usou compulsão em
mim?” eu perguntei. “E eu não me refiro só a me impedir de começar brigas.”
“Porque metade da diversão com você é que você é dificil.”
Uma nova idéia me ocorreu. “Faça.”
“Fazer o que?”
“Use compulsão em mim.”
“O que?” era um deles momentos em que Adrian ficava chocado.
“Use compulsão para me fazer querer te beijar – mas você tem que prometer não me beijar.”
“Isso é estranho – e quando eu digo que algo é estranho, você sabe que eu estou falando
sério.”
“Por favor.”
Ele suspirou e então focou seus olhos em mim. Era como estar se afogando, se afogando no
mar dos olhos verdes dele. Não tinha nada no mundo a não ser aqueles olhos.
“Eu quero beijar você, Rose,” ele disse suavemente. “E eu quero que você me queira
também.”
Cada aspecto do corpo dele – seus lábios, suas mãos, seu cheiro – de repente se apoderaram
de mim. Eu sentia calor. Eu queria que ele me beijasse com todo o meu ser. Não tinha nada na
vida que eu queria mais que aquele beijo. Eu virei meu rosto em direção a ele, e ele se
inclinou. Eu podia praticamente sentir o gosto dos lábios dele.
“Você quer?” ele perguntou, voz ainda de veludo. “Você quer me beijar?”
Eu queria. Tudo ao meu redor era um borrão. Só os lábios dele estavam focados.
“Sim,” eu disse. O rosto dele se moveu para mais perto, a boca dele apenas um suspiro longe
de mim. Estávamos tão perto, tão perto, e então –
Ele parou. “Acabamos,” ele disse, se afastando.
Eu me libertei imediatamente. A sensação de sonho desapareceu, como o calor no meu corpo.
Mas eu percebi algo. Sob compulsão, eu definitivamente queria beijar ele. E sob compulsão,
não tinha sido aquele elétrico e apaixonado sentimento que eu tinha quando estava com
Dimitri, aquele sentimento de que éramos praticamente a mesma pessoa e éramos ligados por
forças maiores do que nós dois. Com Adrian, tinha sido simplesmente uma coisa mecânica.
Deirdre estava errada. Se minha atração por Dimitri fosse só uma reação do meu
subconsciente, então deveria ser tão superficial quando a atração forçada que eu tive por
Adrian. E ainda sim elas eram completamente diferentes. Com Dimitri, era amor – não apenas
um truque que a minha mente estava pregando.
“Hmm,” eu disse.
“Hmm,” perguntou Adrian, me olhando com divertimento.
“Hmm.”
O terceiro “Hmm” não tinha vindo de nenhum de nós. Eu olhei pelo corredor e vi Christian nós
olhando. Eu me afastei de Adrian, justamente quando o sino tocou. O som dos estudantes
saindo das salas de aula começou no corredor.
“Agora eu posso ver Lissa,” disse Adrian feliz.
“Rose, você vem comigo até os alimentadores?” perguntou Chrisitan. Ele falou em um tom
igual, e a expressão dele era ilegível.
“Eu não estou trabalhando hoje.”
“Sim, bem, eu estou sentindo falta da sua charmosa companhia.”
Eu dei tchau para Adrian e cortei caminho para a cafeteria com Christian. “O que foi?” eu
perguntei.
“Me diga você,” ele disse. “Era você que estava pronta para se agarrar com Adrian.”
“Foi um experimento,” eu disse. “É parte da terapia.”
“Que diabos de terapia você está indo?”
Nós chagamos na sala dos alimentadores. De algum jeito, apesar dele ter saído da aula cedo,
ainda tinham pessoas na fila.
“Porque você se importa?” eu perguntei a ele. “Você deveria estar feliz. Significa que ele não
está dando em cima de Lissa.”
“Ele poderia estar dando em cima das duas.”
“O que é você, meu irmão mais velho?”
“Irritado,” ele disse. “Isso é o que eu sou.”
Eu olhei para atrás dele e vi Jesse e Ralf entrarem. “Bem, mantenha isso para si, ou nossos
bons amigos vão ouvir.”
Jesse, no entanto, estava muito ocupado para ouvir, porque ele estava discutindo com a
coordenadora dos alimentadores. “Eu não tenho que esperar dessa vez,” ele disse a ela. “Eu
tenho que ir a um lugar.”
Ela apontou para nós e para os outros na fila. “Essas pessoas estão na sua frente.”
Jesse encontrou os olhos dela e sorriu. “Você pode fazer uma exceção para mim.”
“É, ele está com pressa, “ acrescentou Ralf em uma voz que eu nunca o vi usar antes. Era suave
e menos arranhada do que o usual. “Só escreva nossos nomes no topo da lista.”
A coordenadora parecia que ia dispensar eles, mas então um olhar engraçado e distraido
apareceu no rosto dela. Ela olhou para o quadro e escreveu algo. Alguns segundos depois ela
olhou para longe, a cabeça dela levantada de novo, seus olhos afiados de novo. Ela franziu.
“O que eu estava fazendo?”
“Você estava me escrevendo,” disse Jesse. Ele apontou para o quadro. “Vê?”
Ela olhou para baixo e encarou. “Porque o seu nome está em cima? Você não acabou de
chagar aqui?”
“Nós estivemos aqui mais cedo e nós inscrevemos. Você acabou de dizer que estava tudo
bem.”
“Ela olhou para baixo de novo, claramente confusa. Ela não lembrava deles terem vindo mais
cedo – porque eles não vieram – mas ela aparentemente não conseguia descobrir porque o
nome de Jesse estava no topo da lista. Um momento depois, ela deu nos ombros e deve ter
decidido que não valia a pena repensar. “Fique com os outros, e vou chamar você em
seguida.”
Assim que Jesse e Ralf vieram para perto de nós, eu me virei para eles. “Você acabou de usar
compulsão nela,” eu disse.
Jesse parecia em pânico por uma fração de segundo; então o seu eu normal tomou conta.
“Tanto faz. Eu só convencia ela, só isso. O que, você vai tentar me dedurar ou algo assim?”
“Nada para contar,” se meteu Christian. “Essa foi a pior compulsão que eu já vi.”
“Como se você já tivesse visto compulsão,” disse Ralf.
“Bastante,” disse Christian. “De pessoas mais bonitas que você. É claro, talvez esse seja parte
do motivo de você não ser tão bom.”
Ralf parecia ofendido em não ser considerado bonito, mas Jesse apenas o empurrou e
começou a se virar. “Esqueça ele. Ele teve sua chance.”
“A chance dele em –“ Eu lembrei de como Brandon tinha tentado usar uma fraca compulsão
para me convencer que ele não estava machucado. Jill tinha dito que Brett Ozera na verdade
tinha convencido um professor que os dele não eram nada. O professor tinha deixado de lado
o assunto, para a surpresa de Jill. Brett deve ter usado compulsão. Lâmpadas acenderam no
meu cérebro. As conexões estavam todas ao meu redor. O problema era, eu não conseguia
ligar os fios juntos. “É sobre isso não é? Seu estúpido Mână e sua necessidade de bater nas
pessoas. Tem a algo a ver com compulsão...”
Eu não entendia como tudo se encaixava, mas a surpresa no rosto de Jesse me disse que eu
estava perto, em pensar que ele disse, “Você não sabe do que está falando.”
Eu insisti, esperando que alguma provocação o deixasse irritado e o fizesse me dizer algo que
ele não deveria. “Qual é o ponto? Dá a vocês algum tipo de poder sobre aqueles menos
habilidosos? Isso é tudo que eles são, você sabe. Você seriamente não sabe nada sobre
compulsão. Eu já vi compulsão que faria você se jogar pela janela.”
“Estamos aprendendo mais do que você imagina,” disse Jesse. “E quando eu descobrir quem
contou –“
Ele não teve a chance de terminar sua ameaça porque ele foi chamado na sala dos
alimentadores. Ele e Ralf se afastara, e Christian imediatamente virou para mim.
“O que está acontecendo? O que é Mână?"
Eu dei a ele uma breve explicação do que Adrian tinha dito. “É nisso que eles queriam que você
se juntasse. Eles devem estar praticando compulsão em segredo. Adrian disse que esses grupo
sempre são da realeza e tem planos de mudar e controlar as coisas em épocas perigosas. Eles
devem achar que compulsão é a resposta – foi o que eles quiseram dizer quando contaram a
você que tinham jeitos de te ajudar a conseguir o que você quer. Se eles soubessem o quão
ruim é a sua compulsão, eles provavelmente não teriam te convidado.”
Ele ficou com a cara feia, não gostando deu lembrar a ele a única tentativa que ele tinha dado
– e falhado – para compelir alguém no hotel de esqui. “E onde a parte de bater nas pessoas se
encaixa?”
“Esse é o mistério,” eu disse. Christian foi chamado para se alimentar logo depois, e eu pus
minhas teorias de lado até que eu conseguisse mais informações. Eu notei a que alimentador
ele estava sendo levado. “Alice de novo?Como você sempre pega ela? Você pede por ela?”
“Não, mas eu acho que algumas pessoas especificamente não a querem.”
Alicie estava feliz em nos ver, como sempre. “Rose. Você ainda esta nos mantendo seguros?”
“Eu irei se eles me deixarem,” eu disse a ela.
“Não seja tão dura,” ela avisou. “Guarde suas forças. Se você ficar muito ansiosa para lutar
contra os mortos vivos, você pode se encontrar se juntando a eles. E então nunca te veremos
de novo, e vai ser muito triste.”
“Sim,” disse Christian. “Vou chorar no meu travesseiro toda noite.”
Eu resisti a vontade de chutar ele. “Bem, eu não poderia visitar se eu fosse uma Strigoi, é, mas
com sorte só vou ter uma morte normal. Então eu poderia vir ver você como um fantasma.”
Que triste, eu pensei, que agora eu estava fazendo piadas sobre a coisa que estava me
assustando ultimamente. Alice não achou engraçado. Ela balançou a cabeça.
“Não, você não viria. As wards manteriam você fora.”
“As wards só mantém os Strigoi fora,” eu a lembrei gentilmente.
Um olhar desafiante substituiu o olhar assustado. “As wards qualquer coisa que não está viva
fora. Morto ou morto vivo.”
“Agora você conseguiu,” disse Christian.
“As wards não mantem os fantasmas fora,” eu disse. “Eu os vejo.”
Considerando a instabilidade de Alice, eu não me importava de discutir sobre minha mente
com ela. Na verdade, era meio revigorante falar sobre isso com alguém que não me julgaria.
Na verdade, ela tratava isso como uma conversa perfeitamente normal. “Se você viu
fantasmas, então não estamos mais a salvo.”
“Eu te disse da ultima vez, a segurança é muito bom.”
“Talvez alguém fez algo errado,” ela discutiu, soando incrivelmente coerente. “Talvez alguém
esteja perdendo algo. Wards são feitas com mágica. Magica está viva. Fantasmas não podem
cruzar elas pelas mesmas razões que os Strigoi. Eles não estão vivos. Se você viu um
fantasmas, as wards estão falhando.” Ela fez uma pausa. “Ou você é louca.”
Christian riu alto. “Ai está, Rose. Direto da fonte.” Eu o encarei. Ele sorriu para Alice. “Na
defesa de Rose, eu acho que ela está certa sobre as wards. A escola as verifica todo o tempo. O
único lugar guardado melhor que aqui é a Corte Real, e os dois lugares estão lotados de
guardiões. Deixe de ser paranóica.” Ele se alimentou, e eu olhei para o outro lado. Eu deveria
saber mais do que ouvir Alice. Ela mal era uma fonte de informação, mesmo que ela estivesse
por aqui a algum tempo. E ainda sim...a lógica estranha dela fazia sentido. Se as wards
mantinham fora os Strigoi, porque não fantasmas? Verdade, Strigoi eram os mortos que
tinham voltado para andar na terra, mas o ponto dela estava feito: todos eles estão mortos.
Mas Christian e eu também estávamos certos: as wards ao redor da escola eram solidas. Era
necessário muito poder para fazer as wards. Nem todos os Moroi podiam ter elas, mas lugares
como escolas e a Corte Real tinham várias. A Corte Real...
Eu não tive encontros fantasmagolicos enquanto estava lá, embora tivesse sido incrivelmente
estressante. Se minhas visões fossem induzidas por estresse, a Corte e o encontro com Victor e
a rainha não seriam grandes oportunidades para eles ocorrerem? O fato de que eu não os
tinha visto parecia negar a teoria da desordem induzida por estresse. Eu não tinha visto
fantasmas até pousarmos no aeroporto de Martinsville.
Que não tinha wards.
Eu quase me engasguei. A Corte tinha fortes wards. Eu não vi fantasmas. O aeroporto, que era
parte do mundo humano, não tinha wards. E eu fui bombardeada por fantasmas ali. Eu
também tinha visto flashes no avião – que começaram quando estávamos no ar.
Eu olhei para Alice e Christian. Eles já estavam terminando. Ela poderia estar certa? As wards
mantinham os fantasmas fora? E se fosse assim, o que estava acontecendo na escola? Se as
wards estavam intactas, eu não deveria ver nada – como na Corte. Se as wards estavam
quebradas, eu deveria estar vendo todos eles – como eu vi no aeroporto. Ao invés disso, a
Academia estava em algum lugar no meio. Eu via eles apenas ocasionalmente. Não fazia
sentido.
A única coisa que eu sabia com certeza era que se algo estava errado com as wards da escola,
então eu não era a única em perigo.

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