sexta-feira, 2 de março de 2012

house of night - marcada (capitulo 26)


VINTE E SEIS
Se o assovio e ronronar de Skylar não tivesse chamado minha atenção, eu nunca
teria visto Afrodite caida no pequeno canto do corredor da sala de Neferet.
“O que é Skylar?” Eu ergui as mãos cuidadosamente lembrando o que Neferet disse
sobre seu gato ser um mordedor conhecido. Eu também estava sinceramente feliz por
Nala não estar comigo como sempre – Skylar provavelmente comeria minha pobre gata no
almoço. “Gatinho-gatinho,” o enorme e laranja Tom me deu um olhar considerado
(provavelmente considerando se iria ou não morder minha mão). Então ele tomou sua
decisão, e se mexeu até a minha direção. Ele se esfregou nas minhas pernas, então ele ao
contra um ótimo assovio antes de desaparecer pelo corredor na direção da sala de
Neferet.
“Qual diabos é o problema dele?” Eu olhei hesitante para o canto, me perguntando o
que faria um gato com Skylar baforar e assoviar, e então senti uma onda de choque. Ela
estava sentada no chão, difícil de ver na sombra embaixo da beirada da estatua de Nyx. A
mão dela estava virada para trás, e os olhos dela estavam virados então só a parte branca
estava aparecendo. Ela quase me matou de susto. Eu me senti congelar, esperando a
qualquer segundo ver o sangue derramando pelo rosto dela. Então ela gemeu e
murmurou algo que eu não consegui entender enquanto os globos oculares dela viravam
pelos olhos vejados dela como se ela estivesse vendo algo. Eu percebi o que deveria estar
acontecendo. Afrodite estava tendo uma visão. Ela provavelmente a sentiu vindo e se
encondeu no conta para que ninguém a visse e pudesse manter a informação sobre morte
e destruição que ela podia impedir, para ela mesma. Vaca. Bruxa.
Bem, eu não iria mais deixar ela escapar com essa merda. Eu me abaixei e agarrei
pelo braço, a levantando. (Deixe-me te dizer, ela é muito mais pesada do que parece.)
“Anda,” eu rugi, meio que carregando ela enquanto ela ela se lançava cegamente
para frente comigo. “Vamos dar uma volta pelo corredor e ver que tipo de tragédia você
não queria comentar.”
Graças a Deus, o quarto de Neferet não era muito longe. Nós entramos e Neferet
pulou de trás da sua mesa e se apressou em nossa direção.
“Zoey! Afrodite! O que?” Mas assim que ela olhou para Afrodite, o alarme dela
mudou para um calmo entendimento. “Me ajude a colocar ela aqui na minha cadeira. Ela
ficará mais confortável lá.”
Levamos Afrodite para enorme cadeira de couro de Neferet, e a deixamos se afundar
nela. Então Neferet se abaixou para o lado dela e pegou a mão dela.
“Afrodite, com a voz da deusa eu te suplico que conte a Sacerdotisa dela o que você
vê.” A voz de Neferet era suave, mas que compelida, e eu podia sentir o poder no
comando dela.
As pálpebras de Afrodite imediatamente começaram a se abrir, e ela deu um
profundo suspiro. Então ela as abriu de repente. Os olhos dela pareciam enormes e
vidrados.
“Tanto sangue! Tinha tanto sangue saindo do corpo dele!”
“Quem, Afrodite? Se concentre. Se foque e limpe a visão,” Neferet ordenou.
Afrodite deu outro profundo suspiro. “Eles estão mortos! Não. Não. Isso não pode
ser! Não está certo. Não. Não é natural! Eu não entendo... eu não...” Ela piscou os olhos
de novo, e o deslumbre dela pareceu clarear. Ela olhou pela sala, como se não
reconhecesse nada. Os olhos dela tocaram os meus. “Você...” ela disse fracamente. “Você
sabe.”
“Sim” eu disse, pensando que eu sabia que ela estava tentado esconder sua visão,
mas tudo que eu disse foi, “eu te encontrei no corredor e -” Neferet ergueu a mão para
me parar.
“Não, ela não terminou. Ela não deveria estar voltando a si tão cedo. A visão ainda é
muito abstrata,” Neferet me disse rapidamente, e então abaixou a voz de novo e assumiu
o tom de comando compeledor. “Afrodite, volte. Veja o que é que você testemunhou, e o
que você deve mudar.”
Há! Te peguei agora. Eu não pude me impedir de ficar um pouco presunçosa. Afinal
de contas, ela tinha tentado arrancar meu olho ontem.
“O morto...” Ficando cada vez mais difícil de entender, Afrodite murmurou algo que
soava como “Túneis... eles... mataram... alguém... lá... eu... não... eu... não posso...” Ela
estava frenética, e eu quase senti pena dela. Claramente, o que quer que fosse que ela
estivesse vendo estava assustando ela também. Então os olhos dela encontraram Neferet,
e eu vi reconhecimento passar por eles e comecei a relaxar. Ela estava voltando e toda
essa coisa estranha seria esclarecida. E quando pensei nisso, os olhos de Afrodite, que
pareciam estar trancados no de Neferet, se alargaram sem acreditar. Um olhar de terror
passou pelo rosto dela e ela gritou.
Neferet bateu as mãos nos ombros trêmulos de Afrodite. “Acorde!” Ela mal olhou
pelos ombros para me dizer, “Vá agora, Zoey. A visão dela é confusa. A morte de Elliott a
chateou. Eu preciso ter certeza que ela voltou a si novamente.”
Eu não precisava ser mandada duas vezes. Com a obsessão de Heath esquecida, eu
sai correndo de lá e fui para a aula de espanhol.
Eu não conseguia me concentrar na aula. Eu continuava repassando a estranha cena
com Neferet e Afrodite de novo e de novo. Ela obviamente estava tendo uma visão sobre
pessoas morrendo, mas pela reação de Neferet não tinha sido uma visão normal (se existe
tal coisa). Stevie Rae tinha dito que as visões de Afrodite eram tão claras que ela pode
direcionar as pessoas para o aeroporto certo e especificar até o avião que iria cair. Ainda
sim hoje, de repente, nada estava claro. Bem, nada a não ser me vendo e dizer aquelas
coisas estranhas, e gritando pra caramba com Neferet. Não fazia sentido. Eu estava quase
ansiosa para ver como ela iria agir essa noite. Quase.
Eu guardei a escova de Persephone e peguei Nala, que estava empoleirada no topo
do cocho do cavalo observando e fazendo seus estranhos me-eeh-uf-ows para mim, e
comecei a devagar voltar para o dormitório. Dessa vez Afrodite não brigou comigo, mas
quando passei pelo canto do carvalho Stevie Rae, Damien, e as Gêmeas estavam
empoleirados juntos conversando muito – que de repente parou quando eu apareci. Todos
eles olharam de forma culpada para mim. Era bem fácil adivinhar sobre o que eles
estavam falando.
“O que?” eu perguntei.
“Estávamos esperando por você,” Stevie Rae disse. A felicidade usual dela está
desaparecida.
“Qual o problema com você?” eu perguntei.
“Ela está preocupada com você,” Shaunee disse.
“Nós estamos preocupados com você,” Erin disse.
“O que está acontecendo com seu ex?” Damien perguntou.
“Ele está incomodando, só isso. Se ele não incomodasse, não seria meu ex.” Eu
tentei falar indiferente, sem olhar para nenhum dos olhos dele por muito tempo. (Embora
nunca tenho sido uma boa mentirosa.)
“Achamos que eu deveria ir com você hoje a noite,” Stevie Rae disse.
“Na verdade, achamos que nós deveríamos ir com você hoje a noite,” Damien
corrigiu.
Eu franzi a testa para eles. De jeito nenhum eu iria querer que todos eles me vissem
beber o sangue do perdedor que eles conseguissem arranjar misturado com o vinho hoje
a noite.
“Não.”
“Zoey, foi um péssimo dia. Todos estão estressados. Além do mais, Afrodite está
querendo te pegar. Faz sentido que fiquemos juntos hoje a noite,” Damien disse
logicamente.
Sim, era lógico, mas eles não sabiam a história toda. Eu não queria que eles
soubessem a história toda. Ainda. A verdade era, que eu me importava demais com eles.
Eles me fizeram sentir aceita e segura – eles me fizeram sentir como se eu encaixasse
aqui. Eu não podia arriscar perder isso agora, não quando tudo isso ainda era tão novo e
assustador. Então eu fiz o que aprendi a fazer bem demais em casa quando estava
assustada e chateada e não queria que ninguém soubesse – eu fiquei fula e na defensiva.
“Vocês dizem que eu tenho poderes que algum dia vão fazer de mim Alta
Sacerdotisa?” Todos acenaram com vontade e sorriram para mim, o que fez meu coração
se apertar. Eu cerrei os dentes e fiz minha voz soar realmente fria. “Então vocês precisam
ouvir quando eu digo não. Eu não quero vocês lá hoje a noite. Isso é algo que eu tenho
que lidar. Sozinha. E não quero falar mais sobre isso.”
E então me afastei deles.
Naturalmente, dentro de meia hora eu me senti culpada por ter sido tão má. Eu
andei de um lado para o outro de baixo do grande carvalho que de alguma forma tinha
virado meu santuário, irritando Nala e desejando que Stevie Rae aparecesse para que eu
pudesse me desculpar. Meus amigos não sabiam por que eu não os queria lá. Eles só
estavam cuidando de mim. Talvez... talvez eles entendessem o negocio do sangue. Erik
pareceu entender. Ok, claro, ele era um quintanista, mas ainda sim. Todos deveríamos
passar por isso. Todos deveríamos desejar sangue – ou morremos. Eu me alegrei um
pouco e acariciei a cabeça de Nala.
“Quando a alternativa é a morte, beber sangue não parece tão ruim. Certo?”
Ela ronronou, então eu aceitei isso como um sim. Eu olhei a hora no relógio. Merda.
Eu tinha que voltar para o dormitório, mudar de roupa, e ir me encontrar com as Filhas
Negras. Com indiferença eu comecei a seguir o muro para trás. Era uma noite com nuvens
de novo, mas não me importei com a escuridão. Na verdade, eu estava começando a
gostar da noite. Eu deveria. Seria meu elemento por um longo tempo. Se eu vivesse.
Como se pudesse ler meu pensamento mórbido, Nala "me-eeh-uf-owed" emburrada para
mim enquanto ela andava ao meu lado.
“Sim, eu sei. Eu não deveria ser tão negativa. Eu vou trabalhar nisso logo depois que
eu –“
O baixo rosno de Nala me surpreendeu. Ela parou. As costas dela estavam arqueadas
e o pelo dela estava erguido, fazendo ela parecer uma gorda bola de pelos, mas os olhos
afiados dela não eram brincadeira, e nem a feroz assovio que saiu da boca dela. “Nala, o
que...”
Um terrível calafrio passou pela minha espinha mesmo antes deu virar para olhar na
direção que minha gata estava encarando. Mais tarde, eu não pude descobrir porque eu
não gritei. Eu lembro da minha boca abrir para buscar ar, mas eu estava absolutamente
silenciosa. Eu parecia estar entorpecida, mas isso era impossível. Se eu estivesse
entorpecida não tem como eu ter ficado tão perfeitamente petrificada.
Elliott estava parado a menos de um metro de distancia de mim na escuridão que
engolia o espaço próximo ao muro. Ele deveria estar indo na mesma direção que Nala e
eu estávamos andando. Então ele ouviu Nala, e meio que se virou na nossa direção. Ela
assoviou de novo para ele e, com um rápido movimento assustado ele se virou para nos
olhar diretamente.
Eu juro que eu não conseguia respirar. Ele era um fantasma – ele tinha que ser, mas
ele parecia solido, tão real. Se eu não tivesse visto o corpo dele rejeitar a Mudança, eu
teria pensando que ele só estava muito pálido e... e... estranho. Ele estava anormalmente
branco, mas tinha mais coisas erradas com ele do que isso. Os olhos dele tinham mudado.
Eles refletiam a pouca luz que tinha e brilhavam em um terrível vermelho rústico, como
sangue seco.
Exatamente do jeito que os olhos do fantasma de Elizabeth brilhavam.
Tinha mais alguma coisa diferente nele também.
O corpo dele parecia estranho – mais magro. Como isso era possível? O cheiro veio
até mim. Velho e seco e deslocado, como um armário que não era aberto a muitos anos
ou um porão assustador. Era o mesmo cheiro que eu notei logo antes de ver Elizabeth.
Nala rugiu e Elliott jogado de um jeito estranho e meio corcunda assoviou de volta
para ela. Então ele juntou os dentes e eu pude ver que ele tinha presas! Ele deu um passo
em direção a Nala como se ele fosse atacar ela. Eu não pensei, eu só reagi.
“Deixe ela em paz e sai daqui!” Me surpreendi como eu soei como se eu não
estivesse fazendo nada mais excitante do que gritar com um cachorro mau, porque eu
totalmente estava apavorada.
A cabeça dele virou na minha direção e o brilho nos olhos dele tocaram os meus pela
primeira vez. Errado! A voz intuitiva dentro de mim que tinha se tornado familiar estava
gritando. Isso é uma abominação!
“Você...” A voz dele era horrível. Era áspera e grossa, como se algo tivesse
machucado a garganta dele. “Eu vou ter você!” E ele começou a vir na minha direção.
O medo me engolfou como um vento amargo.
A batalha de rugidos de Nala rasgou a noite quando ela se jogou contra o fantasma
de Elliott. Em completo choque eu assisti, esperando que a gata atravessasse o ar vazio.
Ao invés disso ela pousou na cocha dele, as garras estendidas, arranhado e ganindo como
um animal 3 vezes do tamanho dela. Ele gritou, agarrou ela pela nuca, e a jogou para
longe. Então, com uma velocidade impossível e força ele literalmente pulou para o topo do
muro, e desapareceu na noite que cercava a escola.
Eu estava tremendo tanto que eu tropecei. “Nala!” Eu chorei. “Onde você está,
garotinha?”
Bufando e rosnando, ela se aproximou de mim, mas os olhos cortantes dela ainda
estavam focados no muro. Eu me arrastei para o lado dela, e com as mãos tremendo a
chequei para me certificar que ela estava inteira. Ela parecia não ter quebrado nada,
então eu a coloquei para cima e comecei a me afastar do muro o mais rápido que eu
pude.
“Está tudo bem. Estamos bem. Ele foi embora. Que garota corajosa você é.” Eu
fiquei falando para ela. Ela se empoleirou no meu ombro para poder ver atrás de nós, e
continuou a rosnar.
Quando eu vi a primeira luz, não muito longe da sala de recreação, eu parei e mudei
a posição de Nala para olhar mais perto se ela estava bem. O que eu encontrei fez meu
estomago se apertar com tanta força que eu pensei que fosse vomitar. Nas patas dela
havia sangue. Mas não eram de Nala. E não tinha um cheiro delicioso como outros
sangues que eu tinha cheirado. Ao invés disso carregava o cheiro de um mofado e seco,
velho porão. Eu me forcei a não tentar vomitar enquanto limpava as patas dela na grama.
Então eu a ergui de novo e me apressei pela calçada que levava para o dormitório. Nala
nunca parou de olhar para trás de nós e rosnar.
Stevie Rae, as Gêmeas, e Damien estavam suspeitosamente ausentes do dormitório.
Eles não estavam assistindo TV – não estavam na sala do computador ou na biblioteca, e
também não estavam na cozinha. Eu subi rapidamente pelas escadas, esperando
desesperadamente que pelo menos Stevie Rae estivesse no quarto. Não tive sorte.
Eu sentei na cama, acariciando a ainda distraída Nala. Eu deveria tentar encontrar
meus amigos? Ou deveria apenas ficar aqui?
Stevie Rae iria eventualmente voltar para o quarto. Eu olhei para o relógio do Elvis
dela. Eu tinha cerca de 10 minutos para me trocar e ir para a sala de recreação. Mas como
eu podia seguir com o ritual depois do que tinha acontecido?
O que tinha acontecido?
Um fantasma tentou me atacar. Não. Não estava certo. Como poderia haver um
fantasma que sangra? Mas tinha sido sangue? Não cheirava a sangue. Eu não fazia idéia
do que estava acontecendo.
Eu deveria ir diretamente até Neferet e dizer a ela o que tinha acontecido. Eu deveria
levantar agora e me levar e minha gata surtada para Neferet e contar a ela sobre
Elizabeth na noite passada e agora Elliott hoje a noite. Eu deveria... eu deveria...
Não. Dessa vez não foi um grito dentro de mim. Foi uma certeza. Eu não podia
contar a Neferet, pelo menos não agora.
“Eu tenho que ir para o ritual.” Eu disse em voz alta as palavras que estavam
ecoando na minha mente. “Eu tenho que estar nesse ritual.”
Enquanto eu colocava o vestido preto e procurava no armário pelo minha rasteirinha
eu me senti ficando muito calma. As coisas aqui não jogavam as mesmas regras do meu
antigo mundo – na minha vida antiga – e era hora deu aceitar isso e começar a me
acostumar.
Eu tinha uma afinidade com os 5 elementos, o que significava que eu tinha sido
presenteada com incríveis poderes por uma antiga deusa. Como vovó me lembrou, grande
poder trás grande responsabilidade. Talvez eu estivesse sendo permitida de ver essas
coisas – por uma razão. Eu não sabia o que isso significa ainda. Na verdade, eu não sabia
muito a não ser os dois pensamentos que estavam clareando na minha mente: eu não
podia contar a Neferet, e eu tinha que ir para o ritual.
Me apressando para a sala de recreação, eu tentei pelo menos pensar positivamente.
Talvez Afrodite não aparecesse hoje a noite, ou estivesse lá, mas esquecesse de me
perseguir.
Acabou, como mandava minha sorte, não ser nenhum dos casos.

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