sábado, 17 de março de 2012

A.Vampiro - tocada pelas sombras (capitulo 11)

ONZE
Nos saimos do aviao e fomos atingidos imediatamente por um tempo estrondoso. Granizo caia
em nos, de forma muito pior que a coisa branca em Montana. Estavamos na costa Oeste
agora, ou bem, perto disso. A corte da rainha era em Pennsylvania, perto das Montanhas
Pocono, em um alcance que eu so tinha ideia. Eu sabia que nao era perto de nenhuma cidade
grande, como Philadelphia ou Pittsburgh, que eram as unicas que eu conhecia no estado.
A pista onde pousamos era parte da propriedade da Corte, entao ja estavamos protegidos
pelas wards. Era como a pequena pista de pouso da Academia. Na verdade, de muitos jeitos, a
Corte Real foi feita exatamente como a escola. Era o que eles diziam aos humanos que era, na
verdade. A Corte era uma colecao de predios, lindos e ornamentados, que se espalhavam por
lindas terras adornadas com arvores e flores. Pelo menos, a terra seria adornada com elas
quando a primavera vinha. Assim como em Montana, a vegetacao era deserta e sem folhas.
Nos fomos recebidos por um grupo de 5 guardioes, todos bem vestidos com calcas pretas e
casacos combinando, com camisetas brancas por baixo. Nao eram uniformes exatamente, mas
o costume normalmente diz que para ocasioes formais, guardioes usem algum tipo de
conjunto. Comparando, nossas jeans e camisetas, nosso grupo parecia pobre. Mas ainda sim
nao podia deixar de pensar que estavamos estariamos muito mais confortaveis se houvesse
uma luta com Strigoi.
Os guardioes conheciam Alberta e Dimitri – honestamente, aqueles dois conheciam todo
mundo – e depois de algumas formalidades, todos relaxaram e ficaram amigaveis. Estavamos
todos ansiosos para sair do frio, e nossa escolta nos levou ate os predios. Eu sabia o suficiente
sobre a Corte que os maiores e mais elaborados predios eram onde todos os negocios Moroi
oficial aconteciam. Lembrava um tipo de palacio gotico por fora, mas por dentro, eu
suspeitava que provavelmente parecia algum tipo de instalacao do governo.
Nao fomos levados la, no entanto. Nos fomos levados para outro predio adjacente, tao lindo
por fora quanto os outros, mas da metade do tamanho. Um dos guardioes explicou que ali era
onde todos os convidados e dignitarios que estavam viajando para dentro e fora da Corte
ficavam. Para a minha surpresa, cada um fomos para um quarto.
Eddie comecou a protestar, dizendo que precisava ficar com Lissa. Dimitri sorriu e disse a ele
que nao era necessario. Num lugar como esse, guardioes nao precisavam ficar perto de seus
Moroi. Na verdade, muitas vezes eles se separavam e iam fazer suas proprias coisas. A Corte
era mais segura que a Academia. E na verdade, os visitantes Moroi na Academia tambem
raramente eram seguidos por seus guardioes. Era so pela nossa experiencia de campo que isso
estava sendo feito conosco. Eddie concordou com alguma relutancia,e de novo, eu estava
espantada com dedicacao dele.
Alberta falou brevemente e entao retornou para o resto de nos. “Va descansar um pouco e se
apronte para o jantar em algumas horas. Lissa, a rainha quer falar com voce em uma hora.”
Um pulso de surpresa passou por Lissa, e ela e eu trocamos olhares admirados. A ultima vez
que Lissa tinha visto a rainha, Tatiana tinha esnobado e embaracado ela na frente da escola
por ter fugido comigo. Nos duas nos perguntamos porque ela queria ver Lissa agora.
“Claro,” disse Lissa. “Rose e eu estaremos prontas.”
Alberta balancou a cabeca. “Rose nao vai. A rainha pediu especificamente para falar com voce
sozinha.”
E claro que ela tinha. Que interessa a rainha teria na sombra de Vasilisa Dragomir? Uma voz
suja falou em minha cabeca, descartavel, descartavel...
O sentimento negro cresceu em mim, e eu o coloquei de lado. Eu fui para meu quarto, aliviada
por ver que tinha uma TV. A ideia de vegetar pelas proximas horas soava fantastica. O resto do
quarto era bem chique, estilo muito moderno, com mesas prestas e moveis brancos. Eu estava
meio com medo de sentar neles. Ironicamente, apesar do quao bonito era, o lugar como o
hotel de esqui que tinhamos ficado nas ferias. Eu suponho que quando se trata da Corte Real,
voce veio a negocios, nao em ferias.
Eu tinha acabado de me espalhar no sofa de couro e ligado a TV quando senti Lissa na minha
mente. Venha conversar, ela disse. Eu levantei, surpresa com a mensagem e seu conteudo.
Normalmente nossa ligacao era toda sobre sentimentos e impressoes. Pedidos especificos
como esse eram raros.
Eu levantei e sai do meu quarto, indo para a porta ao lado. Lissa abriu.
“O que, voce nao podia ir falar comigo?” eu perguntei.
“Desculpe,” ela disse, parecendo como se falasse a verdade. Era dificil ser mau humorada com
alguem tao bom. “Eu so nao tinha tempo. Estou tentando decidir o que usar.”
A mala dela ja estava aberta na cama, com coisa penduradas no armario. Diferente de mim,
ela veio preparada para cada ocasiao, formal e casual. Eu sentei no sofa. O dela era de veludo,
nao couro.
“Use a blusa estampada com a calca preta,” eu disse a ela. “Nao um vestido.”
“Porque nao um vestido?”
“Porque voce nao quer parecer que esta rastejando nos pes dela.”
“Essa e a rainha, Rose. Se arrumar mostra respeito, nao puxacao de saco.”
“Se voce diz.”
Mas Lissa usou a roupa que eu sugeri. Ela conversou comigo enquanto terminava de se
arrumar, e eu observei com inveja enquanto ela aplicava a maquiagem. Eu nao percebi o
quanto eu sentia falta de cosmeticos. Quando ela e eu vivemos com humanos, eu fui muito
severa em me arrumar todo dia. Agora, nunca parecia ter tempo o suficiente –ou nenhuma
razao. Eu estava sempre em algum tipo de situacao que fazia da maquiagem uma inutilidade e
a estragava de qualquer forma. O maximo que eu podia fazer era passar no meu rosto um
creme hidratante. Parecia excessivo de manha –como se eu estivesse colocando uma mascara
–mas ainda sim na hora que eu encarava a agua fria e outras condicoes duras, estava sempre
surpresa por ver minha pele sugar todo o creme.
Um pouco de arrependimento se apoderou de mim por eu ter poucas oportunidades de fazer
isso o resto da minha vida. Lissa iria passar a maior parte da sua vida se arrumando, com
funcoes da realeza. Ninguem ira me notar. E estranho, considerando que ate o ano passado,
eu fui sempre aquela a ser notada.
“Porque voce acha que ela quer me ver?” Lissa perguntou.
“Talvez para explicar porque estamos aqui.”
“Talvez.”
Agitacao encheu Lissa, apesar da calma exterior. Ela ainda nao tinha se recuperado
inteiramente da humilhacao que a rainha a tinha feito passar no outono. Minha propria inveja
patetica e mau humor de repente pareciam idiotas comparados com o que ela tinha que
passar. Eu mentalmente me bati, me lembrando que eu nao era so sua guardia invisivel. Eu
tambem era sua melhor amiga, e nos nao conversamos muito ultimamente.
“Voce nao tem nada para temer, Lissa. Voce nao fez nada errado. E na verdade, voce tem feito
tudo certo. Suas notas sao perfeitas. Seu comportamento e perfeito. Lembra de todas aquelas
pessoas que voce impressionou na viagem de esqui? Aquela vaca nao tem nada para reclamar
de voce.”
“Voce nao deveria dizer isso,” disse Lissa automaticamente. Ela colocou mais rimel nos cilios,
os observou, e entao adicionou outra camada.
“So chamo ela como a vejo. Se ela te der alguma repreensao vai ser porque ela tem medo de
voce.”
Lissa riu. “Porque ela deveria ter medo de mim?”
“Porque as pessoas sao atraidas por voce, e pessoas como ela nao gostam quando outros
chamam atencao.” Eu estava um pouco surpresa por quao sabia eu soava. “Alem do mais, voce
e a ultima Dragomir. Voce sempre esta na frente dos holofotes. Quem e ela? So outra
Ivashkov. Tem varios deles. Provavelmente porque todos os caras sao como Adrian e tem todo
tipo de filhos ilegitimos.”
“Adrian nao tem filhos.”
“Que a gente saiba,” eu disse misteriosamente.
Ela riu e se afastou do espelho, satisfeita com sua aparencia. “Porque voce e sempre tao ma
com o Adrian?”
Eu dei a ela um olhar de surpresa zombada. “Voce esta defendendo Adrian agora? O que
aconteceu com o aviso para ficar longe dele? Voce praticamente arrancou minha cabeca da
primeira vez que eu encontrei com ele –e nao foi nem por escolha minha.”
Ela tirou um lenco dourado de sua mala e tentou colocar ele ao redor do pescoco. “Bem, e...
eu nao o conhecia. Ele nao e tao ruim. E e verdade, ele nao e um grande modelo, mas eu
tambem acho que aquelas historias sobre ele e as outras garotas sao exageradas.”
“Eu nao acho,” eu disse, pulando. Ela ainda nao tinha conseguido arrumar o lenco, entao eu p
peguei e arrumei para ela.
“Obrigado,” ela disse, passando suas maos pelo laco no pescoco. “Eu acho que Adrian
realmente gosta de voce. Tipo, do jeito eu-quero-ficar-serio.”
Eu balancei a cabeca e dei um passo para tras.”Nao. Ele gosta de mim no jeito eu-quero-tiraras-
roupas-da-fofa-dhampir.”
“Eu nao acredito nisso.”
“Isso porque voce acredita no melhor lado de todos.”
Ela parecia cetica quando comecou a escovar seu cabelo suave por cima de seus ombros. “Eu
tambem nao sei sobre isso. Mas eu acho que ele nao e uma ma pessoa. Eu sei que nao faz
tanto tempo desde o Mason, mas voce deveria pensar em sair com outra pessoa...”
“Use seu cabelo preso.” Eu entreguei uma tiara que estava na sua mala. “Mason e eu nao
estavamos realmente saindo.Voce sabe disso.”
“Sim. Bem, acho que essa e mais uma razao para comecar a sair de novo. Colegial nao acabou
ainda. Voce deveria estar fazendo algo divertido.”
Divertido. Que ironico. Meses atras, eu discuti com Dimitri sobre nao ser justo que,como uma
guardia em treinamento, eu tinha que cuidar da minha reputacao e nao fazer coisas loucas. Ele
concordou que nao era justo eu nao poder fazer as mesmas coisas que as garotas da minha
idade, mas esse era o preco a pagar pelo meu futuro. Eu fiquei chateada, mas depois do
encontro com Victor, eu comecei a ver que Dimitri tinha razao –a tal extensao que ele avisou
que eu nao deveria me limitar tanto assim. Agora, depois de Spokane, eu me sentia como uma
garota completamente diferente daquela que falou com Dimitri no outono sobre se divertir. So
falta alguns meses pra formatura. Coisas do ensino medio... dancas... namorados... o que elas
importam no grande cenario das coisas? Tudo na Academia parece trivial –a nao ser o que me
faz ser uma guardia melhor.
“Eu nao acho que eu preciso de um namorado para completar minha experiencia escolar,” eu
disse a ela.
“Eu tambem nao acho que voce precisa,” ela concordou, arrumando seu rabo de cavalo. “Mas
voce costumava flertar e sair as vezes. Eu acho que vai ser bom pra voce fazer um pouco disse.
Nao e como se voce tivesse que ter algo serio com o Adrian.”
“Bem, eu nao vou ter nenhuma discussao com ele sobre isso. Acho que a ultima coisa que ele
quer e algo serio, esse e o problema.”
“Bom, de acordo com algumas historias, ele esta bem serio. Eu ouvi o outro dia que voces
estavam noivos. Alguem disse que ele foi deserdado porque ele disse ao pai que nunca amaria
mais ninguem.”
“Ahhhh.” Nao havia uma resposta adequada para esse tipo idiota de rumor. “A coisa bizarra e
que as mesmas historias estao no campos do ensino fundamental tambem.” Eu encarei o teto.
“Porque essas coisas ficam acontecendo comigo?”
Ela andou ate o sofa e olhou para mim, “Porque voce e incrivel, e todo mundo ama voce.”
“Bem, entao, nos somos as duas incriveis e amadas. E um desses dias” –uma faisca enganosa
dancou nos olhos dela –“vamos encontrar um cara que voce tambem ame.”
“Nao espere de pe. Nada disso importa. Nao agora. Voce e a unica com quem eu tenho que me
preocupar. Nos vamos nos formar, e voce vai pra faculdade, e vai ser otimo. Nada mais de
regras, so nos por nossa conta.”
“E um pouco assustador,” ela disse. “Pensar em estar por minha conta. Mas voce vai estar
comigo. E Dimitri tambem.” Ela encarou. “Nao consigo imaginar nao ter voce por perto. Eu
nem consigo lembrar quando voce nao estava.”
Eu sentei e dei um leve soco no braco dela. “Hey, cuidado. Voce vai deixar Christian com
ciumes. Oh merda. Eu suponho que ele vai estar por perto, huh? Nao importa onde voce acabe
indo?”
“Provavelmente. Voce, eu, ele, Dimitri, e qualquer guardiao que estiver com Christian. Uma
grande familia feliz.”
Eu ridicularizei, mas por dentro, tinha um sentimento quente e confuso se formando. As coisas
estao loucas no nosso mundo agora, mas eu tenho todas essas grandes pessoas na minha vida.
Desde que fiquemos juntos, tudo vai ficar bem.
Ela olhou para o relogio, e seu medo retornou. “Eu tenho que ir. Voce vai... voce vai comigo?”
“Voce sabe que nao posso.”
“Eu sei... nao fisicamente... mas tipo, voce vai fazer aquilo?Quando voce assiste pela minha
cabeca? Vai me fazer sentir que nao estou sozinha.”
Era a primeira vez que Lissa me pediu para propositalmente fazer isso. Normalmente, ela
odiava pensar que eu estava vendo tudo pelos olhos dela. Era um sinal do quao nervosa ela
estava.
“Claro,” eu disse.”E provavelmente melhor do que qualquer outra coisa na TV de qualquer
forma.“
Eu voltei para meu quarto, tomando uma posicao identica a que eu estava antes no sofa.
Limpando meus pensamentos, eu me abri para mente de Lissa, indo alem de simplesmente
saber seus sentimentos. Era algo que a ligacao de uma shadow-kissed me permitia fazer e era
a parte mais intensa da nossa conexao. Nao era so sentir os pensamentos dela –era estar
dentro dela, olhando atraves dos olhos dela e dividindo as mesmas experiencias. Eu aprendi a
controlar recentemente. Eu costumava fazer isso sem querer, por mais que as vezes eu
mantivesse os sentimentos dela fora de mim. Eu podia controlar minhas experiencias “fora do
carpo” agora e ate resolver quando usa-las –assim como eu estava prestes a fazer.
Lissa tinha acabado de chegar na sala em que a rainha estava esperando. Moroi podem usar
termos como “majestade” e ate se ajoelhar as vezes, mas nao tinha um trono ou algo assim
aqui. Tatiana estava sentada numa cadeira comum, vestida com uma saia azul marinho e um
blazer, parecendo mais uma mulher de negocios que algum tipo de monarca. Ela tambem nao
estava sozinha. Uma Moroi alto cujo cabelo loiro tinha mexas pratas, estava sentado perto
dela. Eu reconheci ela: Priscilla Voda, a amiga e conselheira da rainha. Nos a conhecemos na
viagem de esqui, e ela se impressionou com Lissa. Eu tomei a presenca dela como um bom
sinal. Guardioes silenciosos, vestidos em preto e branco, estavam perto da parede. Para minha
surpresa, Adrian tambem estava ali. Ele estava sentado em um pequena cadeira
completamente inconsciente ao fato de estar com o lider maximo dos Moroi. O guardiao com
Lissa a anunciou.
“Princesa Vasilisa Dragomir.”
Tatiana acenou em reconhecimento. “Bem Vinda, Vasilisa. Por favor sente-se.”
Lissa sentou perto de Adrian, sua apreensao crescendo. Um servo Moroi veio para oferecer
cha ou cafe, mas Lissa nao aceitou. Enquanto isso Tatiana pegou sua xicara de cha e avaliou
Lissa da cabeca as pes. Priscilla Voda quebrou o estranho silencio.
“Lembra o que eu disse sobre ela??” Priscilla perguntou alegremente. “Ela foi muito
impressionante no jantar em Idaho. Encontrou uma solucao para a discussao sobre os Moroi
lutarem com os guardioes. Ela ate conseguiu acalmar o pai de Adrian.”
Um sorriso gelado apareceu nas feicoes frias de Tatiana. “Isso e impressionante. Na metade do
tempo, eu ainda acho que Nathan tem 12 anos.”
“Eu tambem,’ disse Adrian, bebendo uma taca de vinho.
Tatiana o ignorou e de novo se focou em Lissa. “Todos parecem impressionados com voce, na
verdade. Eu nao ouvi nada a nao ser coisas boas sobre voce, apesar das transgressoes
passadas... que pelo que eu entendi nao foram inteiramente sem razao.” O jeito surpreso de
Lissa fez a rainha rir. Nao havia muito calor ou humor na risada, no entanto. “Sim, sim... eu sei
sobre seus poderes, e e claro eu sei o que aconteceu com Victor. Adrian me contou sobre o
Espirito tambem. E tao estranho. Me diga...voce pode...” Ela olhou para uma mesa ali perto. Ali
tinha um vaso de flor, as flores pretas. Era um tipo de planta que alguem estava cultivando no
lado de fora. Como seus companheiros de rua, ela estava esperando a primavera chegar.
Lissa hesitou. Usar seus poderes na frente de outros era uma coisa estranha para ela. Mas,
Tatiana estava observando com expectativa. Depois de alguns momentos, Lissa se inclinou
sobre a planta e a tocou. As raizes levantaram da terra, ficando mais fortes –quase 30
centimetros. Grandes flores se formaram dos lados enquanto a planta crescia, se abrindo e
revelando a fragrancia de uma flor branca. Lilas do Leste. Lissa retirou sua mao.
Fascinacao apareceu no rosto de Tatiana, enquanto ela murmurava numa lingua que eu nao
entendi. Ela nao tinha nascido nos Estados Unidos mas havia escolhido colocar sua Corte aqui.
Ela falava com nenhum sotaque, mas, como com Dimitri, momentos de surpresa
aparentemente a faziam falar em sua lingua nativa. Em segundos, ela se recompos.
“Hmm. Interessante,’ ela disse. Em falar em discurso.
“Poderia ser muito util,” disse Priscilla. “Vasilisa e Adrian podem ser os unicos com isso. Se
pudessemos encontrar outros, tanto poderia ser aprendido. O poder de cura ja e um dom, sem
contar tudo mais que eles podem conjurar. So pense no que podemos fazer com isso.”
Lissa ficou otimista. Ha um tempo, ela tem procurado sozinha por outros como ela. Adrian foi
o unico que ela descobriu, e isso por pura sorte. Se a rainha e o conselho dos Moroi
colocassem seus recursos nisso, nao havia como dizer o que eles poderiam encontrar. Mas
ainda sim, algo sobre as palavras de Priscilla incomodaram Lissa.
“Me desculpe, Princessa Voda... nao tenho certeza se deviamos estar tao ansioso em usar o
meu –ou de outros –poderes de cura por mais que voce queira.”
“Porque nao?” perguntou Tatiana. “Pelo que eu entendi, voce pode curar praticamente tudo.”
“Eu posso...” disse Lissa devagar. “E eu quero. Eu queria poder ajudar a todos, mas nao posso.
Eu quero dizer, nao me entenda mal, eu definitivamente vou ajudar algumas pessoas. Mas sei
que vamos encontrar outras pessoas como Victor, que querem abusar. E depois de um
tempo... eu quero dizer, como escolher? Quem vive? Parte da vida e... bem, algumas pessoas
tem que morrer. Meus poderes nao sao uma prescricao que voce pode pedir mais sempre que
precisar, e honestamente, eu temo que so seria usado para, uh, certos tipos de pessoa. Assim
como os guardioes sao.”
Uma leve tensao se criou na sala. O que Lissa insinuou era raramente mencionado em publico.
“O que voce esta falando?” perguntou Tatiana com olhos estreitos. Eu pude notar que ela ja
sabia.
Lissa estava com medo de dizer suas proximas palavras, mas ela disse mesmo assim. “Todos
sabem que tem um certo, um, metodo de como os guardioes sao distribuidos. Apenas a elite
os tem. A realeza. Pessoas ricas. Pessoas no poder.”
Um calafrio atingiu a sala. A boca de Tatiana permaneceu em uma linha. Ela nao falou por
varios segundos, e eu tive o pressentimento que todos estavam segurando sua respiracao. Eu
certamente estava. “Voce nao acha que a realeza merece protecao especial?” ela perguntou
finalmente. “Voce nao acha que voce merece –a ultima dos Dragomirs?”
“Eu acho que manter nossos lideres a salvo e importante, sim. Mas eu tambem acho que
precisamos parar as vezes e ver o que estamos fazendo. Pode ser hora de reconsiderar o jeito
que fazemos as coisas.”
Lissa soava tao sabia e segura. Eu estava orgulhosa dela. Prestando atencao em Priscilla Voda,
eu podia ver que ela tambem estava orgulhosa. Ela sempre gostou de Lissa. Mas eu tambem
podia perceber que Priscilla estava nervosa. Ela respondia a rainha e sabia que Lissa estava
nadando em aguas perigosas.
Tatiana bebeu seu cha. Eu acho que foi uma desculpa para organizar seus pensamentos. “Eu
entendo,” ela disse, “que voce tambem e a favor dos Moroi lutarem com os guardioes e atacar
os Strigoi?”
Outro topico perigoso, um que Lissa insistiu. “Eu acho que tem Moroi que se desejam, nao
devem ter a oportunidade negada.”Jill de repente apareceu na mente dela.
“A vida dos Moroi sao preciosas,” disse a rainha. “Elas nao devem ser arriscadas.”
“A vida dos dhampir tambem sao preciosas,” Lissa respondeu. “Se eles lutarem com os Moroi,
poderia salvar todos. E de novo, se os Moroi quiserem, porque negar a elas? Eles merecem
saber como se defender. E pessoas como Tasha Ozera desenvolveram jeitos de lutar usando
magia.”
A mencao a tia de Christian trouxe uma expressao carrancuda ao rosto da rainha. Tasha tinha
sido atacada por Strigoi quando era mais nova e passado o resto de sua vida aprendendo a se
defender. “Tasha Ozera... ela e uma problematica. Ela esta comecando a reunir muitos outros
problematicos.”
“Ela esta tentando introduzir novas ideias.” Eu notei que Lissa nao estava mais com medo. Ela
estava confiante em suas crencas e queria expressar elas. “Atraves da historia, pessoas com
novas ideias –que pensam de forma diferente e tentam mudar as coisas –sempre foram
chamadas de problematicas. Mas serio? Voce quer a verdade?”
Uma expressao divertida apareceu no rosto de Tatiana, quase um sorriso. “Sempre.”
“Nos precisamos mudar. Eu quero dizer, nossas tradicoes sao importantes. Nao devemos
desistir delas. Mas as vezes, eu acho que a gente se engana.”
“Se engana?”
“Enquanto o tempo passa, nos mudamos. Nos evoluimos. Computadores. Eletricidade.
Tecnologia em geral. Todos concordamos que eles nos fazem viver melhor. Porque nao pode
ser do mesmo jeito em como agimos? Porque ainda estamos apegados ao passado quando
tem jeitos melhores de fazer as coisas?”
Lissa estava sem ar, excitada e inquieta. Suas bochechas estavam quentes, seu coracao batia
rapidamente. Todos nos estavamos observando Tatiana, procurando qualquer pista em seu
rosto de marmore.
“Voce e muito interessante para conversar,” ela finalmente disse. Ela fez ‘interessante’ parecer
uma palavra suja. “Mas eu tenho coisas a fazer agora.” Ela levantou, e todos se apressaram
para seguir seu passo, ate Adrian. “Eu nao vou me juntar a voce para jantar, mas voce e seus
companheiros vao ter tudo que precisam. Eu vejo voce amanha no julgamento. Nao importa o
quao radicais e ingenuas sejam suas ideias, estou feliz por voce estar la para completar a
sentenca dele. Sua prisao, pelo menos, e algo que todos podemos concordar.”
Tatiana saiu, dois guardioes imediatamente a seguiram. Priscilla tambem a seguiu, deixando
Lissa e Adrian sozinhos.
“Muito bem, prima. Nao tem muitas pessoas que deixam a rainha despreparada daquele
jeito.”
“Ela nao parecia despreparada.”
“Oh, ela estava. Acredite em mim. A maioria das pessoas com quem ela lida todo dia nao fala
com ela desse jeito, muito menos pessoas da sua idade.” Ele levantou e estendeu uma mao
para Lissa. “Anda. Eu vou mostrar o lugar para voce. Para distrair um pouco.”
“Eu ja estive aqui antes,” ela disse. “Quando era mais nova.”
“E, bem, as coisas que voce viu quando era jovem sao diferentes das coisas que voce vai ver
agora que e mais velha. Voce sabia que tem um bar 24 horas aqui? Vamos te pegar um drink.”
“Eu nao quero um drink.”
“Voce vai querer antes dessa viagem terminar.”
Eu deixei a cabeca de Lissa e voltei ao meu quarto. O encontro com a rainha estava acabado, e
Lissa nao precisava do meu invisivel suporte. Alem do mais, eu nao queria ver Adrian agora.
Me sentando, eu descobri que estava surpreendentemente alerta. Estar na cabeca dela foi
meio como tirar um cochilo.
Eu decidi fazer uma exploracao sozinha. Eu nunca estive na Corte real. Deveria ser como uma
pequena cidade, e eu me perguntava o que mais tinha para ver, fora o bar que Adrian
provavelmente vivia visitando.
Eu me dirigi para o andar de baixo, imaginando que eu tinha que sair. Ate onde eu sabia, esse
predio era apenas para convidados. Era como um palacio hotel. Quando eu cheguei na
entrada, no entanto, eu vi Christian e Eddie parados e falando com alguem que eu nao
conseguia ver. Eddie, sempre vigilante, me viu rapidamente.
“Hey, Rose. Veja quem eu achei.”
Eu me aproximei, Christian deu um passo para o lado, revelando a pessoa misteriosa. Eu levei
um susto, e ela riu para mim.
”Ola, Rose.”
Um momento mais tarde, eu senti um sorriso vagarosamente aparecer no meu rosto. “Ola,
Mia.

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