sábado, 17 de março de 2012

house of night - traida (capitulo 16)

DEZESSEIS
Eu estava carregando Nala para fora do media Center – a gata estava tão adormecida que nem
se incomodou de reclamar para mim quando eu a peguei. Eu olhei o relógio e sai da aposento,
e não conseguia acreditar que várias horas tinham passado. Não era de se admirar que minha
traseira e meu pescoço estivessem tão duros. Mas ficar temporariamente desconfortável não
importava porque eu descobri o que fazer no Ritual da Lua Cheia. Foi um enorme peso tirado
das minhas costas. Eu ainda estava nervosa, e não passei muito tempo considerando o fato
que quando eu fizesse o ritual eu o faria na frente de vários adolescentes, cuja maioria
provavelmente não estava muito feliz por mim ter tomado a liderança de Afrodite. Eu só
precisava me manter focada no ritual, e lembrar os incríveis sentimentos que me preenchiam
quando eu invocava os 5 elementos. Com sorte.
Eu abri a pesada porta da escola e entrei num outro mundo. Estava nevando bastante, e deve
ter nevado o tempo todo que estive no media Center. O terreno da escola estava
complemente coberto por um confortável branco. O vento estava chicoteando e a visibilidade
era terrível. As luzes que marcavam o obscuro caminho não eram muito mais que pontos
brilhantes de luz amarela contra a branca escuridão. Eu provavelmente deveria ter voltado
para o prédio e feito meu caminho até o hall da escola e da lá para o dormitório, ficando do
lado de dentro o máximo que pudesse, e então dar uma rápida corridinha até o dormitório das
meninas, mas eu não queria. Eu pensei sobre como Stevie Rae tinha estado. A neve era
realmente mágica. Mudava o mundo, o fazia mais silencioso, suave, mais misterioso. Como
uma caloura, eu já tinha adquiro um pouco da proteção dos vampiros contra o frio, o que
costumava a me assustar. Quero dizer, me fazia pensar de frias criaturas mortas, que existiam
bebendo sangue dos vivos – totalmente nojento, mesmo que eu ficasse bizarramente atraída
pela idéia. Agora eu sabia mais sobre o que eu estava me tornando, então eu entendia que
minha proteção contra o frio era mais um metabolismo alto que ser uma morta viva. Vampiros
não estão mortos. Eles só Mudam. Eram os humanos que gostavam de provocar os mitos
apavorantes sobre os mortos vivos, o que eu estava começando a achar mais do que um pouco
irritante. De qualquer forma, eu realmente gostei de ser capaz de andar da nevasca sem sentir
que ia congelar. Nala se apertou contra mim, ronronando alto quando enrolei meus braços
contra ela de forma protetora. A neve abafou meus passos e pareceu por um momento que eu
estava sozinha em um mundo onde preto e branco existiam juntos para formar uma cor única
apenas para mim.
Eu só dei alguns passos quando eu suspirei e teria me batido na testa se meus braços já não
estivessem ocupados com minha gata. Eu precisava ir para o deposito de feitiços e rituais da
escola e pegar um pouco de eucalipto. Pelo que eu li no velho livro de rituais, eucalipto é
associado a cura, proteção, e purificação – três coisas que eu achei importante evocar durante
meu primeiro ritual como líder das Filhas Negras. Eu suponho que pudesse pegar eucalipto
amanha, mas eu iria precisar dele amarrado como uma corpo como parte do feitiço que eu
estava planejando lançar, e... bem... era provavelmente inteligente praticar para não derrubar
nada durante o ritual ou,pior, de repente descobrir que o eucalipto não era tão flexível quanto
eu esperava e quebrar em pedaços quando eu tentasse fazer um nó e então eu ficaria
vermelha e iria querer me arrastar para fora da sala de recreação e me amontoar numa
posição fetal e chorar...
Eu tirei aquela linda imagem da cabeça, virei, e comecei a fazer o caminho para voltar ao
prédio principal. Foi quando eu vi uma forma.Chamou minha atenção porque não pertencia ali
– e não só porque era incomum outro calouro ser bobo o bastante para ser pego andando no
meio de uma tempestade. O que me pareceu mais estranho era que aquela pessoa, porque
definitivamente não era um gato ou um arbusto, não estava andando na calçada. Ele estava
andando para a sala de recreação, mas estava cortando caminho pelo gramado. Eu parei e me
apertei contra a neve que caia. A pessoa estava usando uma longa capa escura com um capuz
puxado para cima como um chapéu.
Uma vontade de seguir ele me atingiu com tal força que eu perdi o ar. Era quase como se eu
não tivesse vontade própria, e eu sai da calçada e corria atrás da pessoa misteriosa, que tinha
alcançado a ponta da linha de arvores que cresciam junto ao muro.
Meus olhos se alargaram. No instante que a figura entrou nas sombras, quem quer que fosse,
ele ou ela, começou a se mover com uma velocidade nada humana, a capa caindo atrás
selvagemente por causa do vento fazendo ela parecer asas. Vermelho? Eu vi flashes escarlate
contra partes de pele branca? Neve atingiu meu olho e minha visão focou borrada, mas eu
segurei Nala com mais força e comecei a correr rápido, embora eu soubesse que estava sendo
levada para uma área ao lado leste do muro que tinha a porta escondida. O mesmo lugar que
eu vi os dois fantasmas ou espectros ou o que seja. O lugar que eu disse a mim mesma que eu
não queria ir de novo, muito menos sozinha.
Sim, eu deveria dar meia volta e marchar diretamente para o dormitório. Naturalmente, eu
não fui.
Meu coração estava batendo feito louco e Nala estava resmungando no meu ouvido quando
eu entrei na linha das três arvores e continuei a correr junto ao muro, o tempo todo pensando
o quão absolutamente insano era eu estar aqui fora seguindo o que era provavelmente algum
garoto que estava tentando sair da escola de fininho, e na pior nas hipóteses um fantasma
seriamente assustador.
Eu perdi a pessoa de vista, mas eu sabia que estava me aproximando da porta escondida,
então diminui a velocidade, automaticamente ficando nas sombras mais profundas e me
movendo de arvore em arvore. Estava nevando ainda mais agora, e Nala e eu estávamos
cobertas de branco e eu estava começando a sentir o frio. O que eu estou fazendo aqui? Não
importava o que minha intuição estava me dizendo, minha mente estava dizendo que eu
estava agindo feito louca e que eu precisava me levar (e minha tremula gata) de volta para o
dormitório. Isso não era da minha conta. Talvez um dos professores estivesse checando... eu
não sei... o territorio para se certificar que algum calouro maluco (como eu) não estivesse
andando pela tempestade.
Ou talvez alguém tivesse se enfiado na escola depois de matar brutalmente Chris Ford e
seqüestrar Brad Higeons, e agora estava fugindo de fininho de novo, e se eu o/a confrontasse
eu seria morta também.
Yeah, certo. Em falar de uma super imaginação.
E então ouvi as vozes.
Eu diminui a velocidade, praticamente andando com a ponta dos pés até que finalmente os vi.
Haviam duas figuras paradas perto da porta escondida que estava aberta. Eu pisquei com
força, tentando ver mais claramente através da cortina branca. A pessoa mais perto da porta
era a que eu estava seguindo, e agora ele não estava correndo (com uma ridícula velocidade) e
eu pude ver que ele estava parado firmemente, meio abaixado com uma postura meio
curvada. Eu troquei minha atenção para a outra figura, e eu senti o calafrio que estava
acariciando minha pele com a neve afundando em minha alma. Era Neferet.
Ela parecia misteriosa, e poderosa com seu cabelo voando ao redor dela e a neve cobrindo seu
longo vestido preto. Ela estava virada para mim, então pude ver que a expressão dela era
firme, quase irritada, e ela estava falando seriamente com a pessoa de capa, usando suas mãos
expressivamente. Silenciosamente, eu me movi para mais perto, felizes por estar usando uma
roupa preta para me misturar bem com as sombras perto da parede. Dessa nova posição eu
ouvi pedaços do que Neferet estava dizendo.
“... tenha mais cuidado com o que você faz! Eu não vou...” eu ouvi parada, tentando ouvir
através do vento, e percebi que a brisa estava me trazendo mais do que apenas as palavras de
Neferet. Eu podia sentir o cheiro mesmo por cima do cheiro da neve que caia. Era seco, um
cheiro de mofo, estranhamente deslocado nessa noite fria e molhada. “... muito perigoso,”
Neferet estava dizendo. “Obedeça ou...” Eu perdi o resto da frase, e ela parou. A figura de capa
respondeu com um estranho gruindo, que era mais animal do que humano.
Nala, que estava empoleirada de baixo do meu queixo e parecia ter adormecido, de novo, de
repente mexeu a cabeça com rapidez. Eu me abaixei ainda mais atrás das arvores em cujas
sombras eu estava me escondendo enquanto Nala começou a rosnar.
“Shhh,” eu sussurrei para ela e tentei a acariciar para que se acalmasse. Ela se aquietou, mas
pude sentir que o pelo nas costas dela tinham levantado e seus olhos se estreitaram em
bolinhas raivosas enquanto ela encarava a pessoa de capa.
“Você prometeu!”
O som gutural da voz do homem misterioso fez minha pele se arrepiar. Eu espiei atrás da
arvore em tempo de ver Neferet levantar a sua mão como se fosse bater nele. Ele foi se
encostar contra o muro, fazendo o capuz cair do seu rosto, e meu estomago se apertou com
tanta força que eu pensei que fosse vomitar.
Era Elliott. O garoto morto cujo “fantasma” tinha atacado Nala e eu mês passado.
Neferet não bateu nele. Ao invés disso ela gesticulou violentamente em direção a porta
escondida. Ela levantou a voz, então tudo o que ela disse foi carregado pelo vento.
“Você não pode mais ter! Dessa vez não está certo. Você não entende tais coisas, e você não
pode me questionar. Agora saia daqui. Se você me desobedecer de novo você irá sentir minha
ira, e a ira de uma deusa é terrível de se contemplar.”
Elliott se afastou de Neferet. “Sim, deusa,” ele sussurrou.
Era ele; eu sabia que era. Embora sua voz fosse rouca eu reconheci. De alguma forma Elliott
não tinha morrido, e ele não tinha Mudando para um vampiro adulto. Ele era outra coisa. Algo
terrível.
Embora ele fosse nojento, a expressão de Neferet se suavizou. “Eu não desejo ficar enraivecida
com meu filho. Você sabe que é minha grande alegria.”
Revoltada, eu observei quando Neferet se inclinou para frente e acariciou o rosto de Elliott. Os
olhos dele começaram a brilhar com aquele cor de sangue antigo, e mesmo a distancia eu
pude ver que o corpo inteiro dele tremia. Elliott era baixo, gordinho, nada atraente cuja pele
muito branca e cabelo ruivo eram estranhos. Ele ainda era essas coisas, mas agora as pálidas
bochechas dele eram magras e seu corpo era arqueado, como se tivesse se curvado para
dentro. Então Neferet teve que se abaixar para beijar os lábios dele. Totalmente enojada, eu
ouvi Elliott gemer de prazer. Ela se ergueu e riu. Era um som escuro e sedutor.
“Por favor, deusa!” Elliott lastimou.
“Você sabe que não merece.”
“Por favor, deusa!” ele repetiu. O corpo dele estava tremendo violentamente.
“Muito bem, mas lembre-se. O que uma deusa dá, ela também pode tirar.”
Incapaz de parar de ver, eu vi Neferet levantar seu braço e dobrar sua manga. Então ela passou
a unha no ante braço, deixando uma linha escarlate que imediatamente começou a pingar
sangue. Eu senti a sedução do sangue dela. Quando ela segurou seu braço, o oferecendo a
Elliott, eu me pressionei contra o tronco da arvore, me forçando a ficar parada e escondida
enquanto ele caia de joelhos diante dela, fazendo sons selvagens e gemidos, e começava a
sugar o sangue de Neferet. Eu tirei meus olhos dele para olhar para Neferet. Ela jogou sua
cabeça para trás e seus lábios estavam abertos como se ter o grotesco Elliott sugando seu
sangue fosse uma experiência sensual.
Dentro de mim eu sentia um desejo. Eu queria abrir a pele de alguém e ...
Não! Eu me abaixei completamente atrás da arvore. Eu não me tornaria um monstro. Eu não
seria uma aberração. Eu não podia deixar essa coisa me controlar. Devagar
e silenciosamente
eu comecei a voltar, me recusando a olhar para os dois de novo.

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